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Assessor parlamentar treta em prostíbulo e depois xinga a polícia
Muitos leitores de Mondo Cane reclamam da falta de matérias policiais pitorescas. A seguir, uma reportagem extensa, com detalhes que não saiu em nenhum outro lugar, sobre um assessor especial parlamentar que arranjou uma confusão num prostíbulo na semana passada e acabou preso por xingar policiais. O figura se identificou como secretário parlamentar do gabinete da liderança do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo. A foto ao lado foi feita pelo colaborador Magrão.
O assessor especial parlamentar Valmir Moyses, de 48 anos, foi preso na madrugada do último dia 16 após desacatar policiais militares na região de Sapopemba, Zona Leste da capital paulista. Antes, ele tinha se envolvido numa briga dentro de uma casa de prostituição. Depois de se recusar a ser medicado num hospital, Moyses foi levado para o 70º DP (Sapopemba), onde passou a chamar os policiais de "ladrões de caixas eletrônicos" e "corruptos", entre outras ofensas. Nesse momento, ele recebeu voz de prisão por desacato.
Moyses passou o começo da madrugada na boate Carícias, na Avenida Sapopemba, bebendo na companhia do metalúrgico José Paulo Ferreira, de 30 anos. "A gente se conhecia há três meses. Fomos apresentados por um amigo comum", disse Ferreira. A confusão entre os dois começou na hora de pagar a conta. "Pedi para ele pagar a minha conta e disse que eu pagaria depois para ele. Ele começou a gritar comigo e bateu no meu peito", contou o metalúrgico. Ferreira, que pratica vale-tudo, pediu para o assessor parlamentar não encostar mais nele, mas não foi obedecido.
"Ele bateu no meu peito de novo e achou o que ele queria", afirmou Ferreira para justificar o soco que desferiu contra o nariz de Moyses. Os dois começaram a brigar e foram expulsos da boate por um segurança. A Polícia Militar foi acionada para conter os brigões, que continuavam discutindo do lado de fora. "Minha equipe chegou no local e explicou que os dois deveriam ir para o pronto-socorro do Jardim Iva e depois para a delegacia, caso algum deles tivesse interesse em prestar queixa", relatou o sargento Roberto Lima Fernandes, da 3ª Companhia do 19º Batalhão da PM.
Ao chegar no hospital, Moyses não quis receber atendimento médico, ao contrário do metalúrgico. "Ele se negou a ser socorrido, alegando que os PMs queriam torturá-lo dentro do PS", contou o sargento. Foi quando, segundo os policiais, o assessor começou a fazer um escândalo, dizendo que pagava os salários dos PMs. Moyses também resolveu dar uma carteirada, mostrando um documento de assessor especial parlamentar. "Ele chegou a dizer que era assessor do José Dirceu", relatou o sargento. Depois que o metalúrgico foi medicado, a PM levou os brigões até a delegacia.
Ao entrar no DP, Moyses deu dois tapas no rosto e um chute nos testículos do metalúrgico. Os policiais seguraram Ferreira para ele não revidar a agressão. Em seguida, o assessor passou a ligar para amigos. Pelo celular, Moyses começou a questionar a conduta dos policiais, dizendo que eles eram violentos, corruptos e ladrões de caixas eletrônicos, entre outros adjetivos. O sargento Lima pediu que o assessor desligasse o telefone e depois o informou que ele estava preso por desacato. Eram 3h20 de ontem, quase uma hora e meia depois da confusão ocorrida no prostíbulo.
O sargento afirmou que Moyses não foi mal-tratado pelos policiais em nenhum momento. "Ele se identificou como assessor parlamentar, dizia que pagava nossos salários e menosprezava os policiais. Mesmo assim o tratamos com cordialidade, pois ele estava embriagado", afirmou Lima. Na delegacia, a polícia descobriu que Moyses já tinha sido preso antes por homicídio. A Polícia Civil não revelou detalhes do antecedente criminal do assessor.
"Todo mundo tem direito a um relaxamento"Mesmo após receber voz de prisão por desacato, o assessor especial parlamentar Valmir Moyses continuou a dizer barbaridades na presença dos policiais. Enquanto era entrevistado por vários jornalistas, Moyses acusou a PM de ser envolvida com jogo do bicho, narcotráfico, roubo de caixas eletrônicos e sedução de menores. "A polícia é despreparada. O índice de PM que atira no próprio pé é altíssimo", disse Moyses, que também desprezou os policiais da Zona Leste. "Se (aqui) fosse Moema, eles seriam policiais melhores", disse, referindo-se a um bairro da Zona Sul.
O assessor admitiu que teve uma divergência com o amigo na hora de pagar a conta porque "bebeu um pouco a mais". Moyses disse que foi ele quem teria ligado para a PM. "O PM falou que ia me levar para o distrito, mas me levou para o hospital. Achei estranho", contou o assessor, sem dar maiores explicações. Ele afirmou que a polícia o teria levado à força para o pronto-socorro do Jardim Iva. "Se você não quer ir por bem, então vai por mal", teria dito um dos policiais, de acordo com Moyses, que afirmou fazer parte de uma comissão da Assembléia Legislativa que luta pelo aumento salarial de PMs.
Moyses reconheceu que estava se divertindo em um prostíbulo, mas fez ressalvas. "Eu não tive relação sexual com ninguém. Só tomei duas doses de uísque. Todo mundo tem direito a um relaxamento. Vai dizer que a PM também não relaxa?", questionou o assessor. "Se eu estivesse na igreja, a PM não estaria lá. Provavelmente, estaria para extorquir", voltou a atacar Moyses, que a cada minuto soltava uma frase contra a polícia. "A PM é mais bandida que os bandidos", acusou. Ele não poupou também o sargento que o prendeu. "Quem é esse PM para me dar voz de prisão?", perguntou Moyses, para em seguida chamar o sargento de burro e imbecil.
Questionado se seu comportamento não poderia prejudicá-lo no trabalho na Assembléia Legislativa, Moysés se comparou ao governador José Roberto Arruda, acusado de coordenar um esquema de corrupção em Brasília. "Eu não acho que a minha conduta é pior do que a do Arruda em Brasília", falou Moysés.
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