A MALDIÇÃO DA VAMPIRA (1973)
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A MALDIÇÃO DA VAMPIRA (1973)



A morte da atriz espanhola Soledad Miranda aos 27 anos de idade, num acidente de carro em 18 de agosto de 1970, foi um duro golpe no diretor Jess Franco, que perdeu sua grande musa de maneira repentina. Para tentar esquecer a tragédia, ele atirou-se num ritmo insano de trabalho.

Foi quando um colaborador habitual, o ator e fotógrafo Raymond Hardy (nome de batismo: Ramón Ardid), apresentou-lhe sua esposa, uma jovem atriz de teatro de Barcelona chamada Rosa María Almirall Martínez. Franco bateu o olho na moça e viu nela a beleza e a espontaneidade da finada Soledad. Nascia uma nova musa: Lina Romay, que logo também se tornaria companheira de Franco pelos próximos 40 anos (o pseudônimo foi inspirado na nova-iorquina Lina Romay, que era a principal voz feminina da banda do "Rei do Mambo" Xavier Cugat nos anos 1940, e também apareceu em alguns filmes).


A Lina Romay espanhola não apenas era bonita e espontânea, mas também uma exibicionista confessa, que, ao contrário de Soledad, não tinha problemas em aparecer nua o filme inteiro, ou mesmo filmar cenas de sexo explícito. Seu primeiro trabalho com Franco foi uma pequena participação em "La Maldición de Frankenstein" (1972), mas suas cenas aparecem apenas na edição espanhola do longa.

Após mais alguns pequenos papéis em outros filmes, Jess resolveu assumir a moça como "reencarnação de Soledad Miranda" e apresentá-la ao mundo como protagonista de "La Comtesse Noire", obra lançada em DVD no resto do mundo como "Female Vampire" e no Brasil como A MALDIÇÃO DA VAMPIRA.


Rosa Maria/Lina Romay tinha 18 para 19 anos ao encarar o papel principal da Condessa Irina von Karlstein, uma vampira com séculos de existência que não se alimenta de sangue, como os vampiros tradicionais, mas da "energia vital" dos seres humanos - sugada não a partir do pescoço das vítimas, mas a partir de... seus genitais?

Tirando esse "pequeno detalhe", A MALDIÇÃO DA VAMPIRA é uma verdadeira coleção de elementos já vistos em outros filmes de Jess, pegando emprestadas muitas ideias de "Vampyros Lesbos" - tipo a vampira safadinha sem caninos pontiagudos, que tem reflexo no espelho e não é afetada pela luz solar, e portanto pode até tomar banho de sol à beira da piscina -, mas também de "Necronomicon" (a representação de práticas sadomasoquistas) e de "O Terrível Dr. Orloff" (há um personagem batizado com o sobrenome do famoso personagem, e ele ironicamente é cego, assim como Morpho, o criado do Dr. Orloff no filme de 1961!).


Em A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, a silenciosa Condessa Irina (ela é muda) retorna à terra-natal dos seus antepassados - a Ilha de Madeira, em Portugal -, acompanhada de um igualmente silencioso criado que obedece cegamente às suas ordens (Luis Barboo). A vampira mantém sua juventude eterna sugando a energia vital de homens e mulheres, e a polícia fica sem pistas quando os cadáveres "drenados" começam a se multiplicar na região.

O médico-legista Dr. Roberts (interpretado pelo próprio Jess Franco!) desconfia que há um vampiro à solta, mas é óbvio que os investigadores não acreditam na sua "teoria". Assim, ele consulta um colega cego e especialista em parapsicologia, o Dr. Orloff (Jean-Pierre Bouyxou), que confirma a hipótese, e os dois homens juntam forças para tentar deter a ameaça.

Ao mesmo tempo, o poeta bon-vivant Barão Von Rathony (Jack Taylor, de "Necronomicon") se apaixona por Irina, e vice-versa. Poderá este amor vencer a maldição da eternidade da vampira, ou o pobre escritor está destinado a ser sua próxima vítima?


Descrevendo assim, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA parece até contar uma história linear e redondinha; mas acredite, foi muito difícil escrever esses três parágrafos sobre o filme, já que basicamente NADA acontece ao longo dos 101 minutos de projeção além de Lina Romay em atividade sexual, sozinha ou acompanhada, E NUA DURANTE 99% DO TEMPO!!!

Longe de mim querer reclamar da quantidade de mulher pelada em um filme, mas Franco exagerou na dose aqui: quando não aparece transando com algum homem ou mulher, Lina é mostrada completamente nua na cama, se masturbando, rolando de um lado para o outro como quem está no cio, ou chupando o dedo lascivamente. Não demora para a nudez da atriz ficar repetitiva, bem como os seus inúmeros encontros sexuais, e então a "história" trava.


Alguns fãs e pesquisadores da obra de Jess consideram este um dos seus títulos fundamentais, mas eu confesso que não achei grande coisa. Do jeito que está, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA é menos um filme e mais um veículo para o exibicionismo da nova musa do diretor, que, com a câmera, percorre cada palmo do belo corpo da moça (com direito a inúmeros super-zooms da sua vagina!).

A primeira cena do filme já dá o tom do que se verá em seguida: uma Lina Romay completamente pelada (veste apenas capa preta, cinto de couro e botas de cano longo) "sai" da neblina e caminha lentamente em direção da câmera, enquanto o diretor dá zooms no seu rosto, peitos e pêlos púbicos. Ela continua caminhando até literalmente bater com o rosto na lente da câmera, e Franco devia estar tão fascinado com a beleza de Lina que nem se preocupou em cortar isso!


O restante de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA não passa muito de a-) Lina pelada (a não ser pela capa, cinto e botas) atacando suas vítimas e "sugando-as" pela genitália, b-) diversas cenas de sexo softcore no limite do pornográfico, e com bastante insinuação de sexo oral, ou c-) Lina rolando pelada em sua cama e sensualizando para a câmera do diretor.

Para piorar, o fato de a Condessa Irina ser muda limita bastante a quantidade de diálogos entre os personagens. Chega a ser cômica a cena em que uma jornalista, Ana (a esquisita Anna Watican), tenta "entrevistar" a vampira (exato: Jess Franco filmando "Entrevista com um Vampiro" 20 anos antes do filme, e curiosamente o livro de Anne Rice foi publicado no mesmo ano de 1973!). Irina responde as perguntas apenas fazendo "sim" ou "não" com a cabeça, e eu fico imaginando como é que a jornalista iria publicar esta "entrevista"...


É curioso perceber como Jess mais uma vez mostra-se à frente do seu tempo, antecipando personagens e situações que veríamos bem depois. A Condessa Irina lembra tanto a vampira muda e peladona interpretada por Mathilda May em "Força Sinistra" (1985), de Tobe Hooper, que também suga a força vital de suas vítimas (mas através de efeitos especiais, e não de sexo oral), quanto Mara Tara, a personagem criada por Angeli para sua saudosa revista Chiclete com Banana, que também mata suas vítimas através de boquetes mortíferos!


Infelizmente, esta ideia interessante do roteiro (o "roubo" da energia vital durante o sexo) é mostrada em excesso até tornar-se repetitiva, enquanto um conflito que poderia ser bem melhor aprofundado (a paixão da vampira pelo poeta "mortal") é sub-aproveitado, e isso numa época em que os "vampiros apaixonadinhos" ainda não estavam na moda. Os caçadores de vampiros interpretados por Franco e Jean-Pierre Bouyxoy também acabam sendo desperdiçados.

Isso porque a narrativa lembra muito a de um filme pornô, apenas pulando de uma (longa e demorada) cena de foda para outra, e comprometendo as ideias mais originais do roteiro. Personagens entram em cena, transam com a vampira, morrem e saem de cena, sem nenhuma contribuição para a trama. Lá pelas tantas, por exemplo, a condessa vampira acaba na mansão da "Princesa de Rochefort" (Monica Swinn), que é adepta do sadomasoquismo, e apenas a desculpa que Jess precisava para uma loooooonga sequência envolvendo submissão, sadismo, sexo e morte, que trava completamente o filme.


Embora eu não morra de amores por A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, é impressionante como Franco consegue colocar algumas imagens fascinantes mesmo num trabalho mais fraco, como este. A cena inicial da vampira peladona caminhando numa floresta tomada pela neblina é muito bonita, assim como o literal "banho de sangue" da condessa, numa banheira repleta do líquido vermelho-escuro - ao som de uma trilha melancólica, e muito bonita, composta pelo francês Daniel J. White (depois reutilizada no péssimo "Zombie Lake", de Jean Rollin).

Porém, na maior parte do tempo, o que se percebe é certo desleixo do diretor, com um excesso do uso de zoom (para baratear custos de produção e acelerar o ritmo das filmagens) e de cenas fora de foco.


Isso é compreensível pelo fato de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA ser um daqueles projetos personalíssimos em que o espanhol hiperativo fez praticamente tudo: não apenas dirigiu e escreveu o roteiro (com o pseudônimo "J.P. Johnson", em homenagem ao famoso pianista de jazz James P. Johnson), mas também filmou, quase sempre com a câmera no ombro (usando outro pseudônimo, "Joan Vincent"), e editou, assumindo um terceiro nome falso ("P. Querut") para a equipe técnica parecer maior do que realmente era!

Segundo a atriz Monica Swinn, aqui em seu primeiro trabalho com Jess (ela era namorada do ator e crítico Bouyxou à época, e foi convidada para aparecer como a princesa adepta de S&M), a equipe de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA era praticamente inexistente: "Não havia 'equipe', era apenas Jess, Ramón, o ex-marido de Lina, que era uma espécie de faz-tudo, e [o assistente de direção] Rick de Connick".


Tem até uma lenda, espalhada por Lina Romay, de que Jess teria feito o filme com dinheiro do próprio bolso, depois que ganhou um prêmio considerável na loteria (!!!). Mais tarde, ele vendeu os direitos de distribuição para o parceiro de longa data Marius Lesoeur, da Eurociné, para conseguir bancar a pós-produção.

Não satisfeito em fazer praticamente tudo, Franco ainda rodou nada menos de TRÊS VERSÕES de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, tornando-o um daqueles autênticos pesadelos para pesquisadores da obra do diretor! No passado, ele até já havia feito algumas cenas diferentes (com roupa e sem roupa) para produções tipo "O Terrível Dr. Orloff"; mas esta é a primeira vez que Jess rodou versões diferentes de um mesmo filme (algo que se tornaria comum a partir daqui).


A versão mais conhecida (e também a que foi lançada em DVD no Brasil, e avaliada para esta resenha) é a "montagem softcore" da história, em que vemos Lina Romay sempre pelada e sugando a energia vital de suas vítimas por via genital. Esta versão tem cerca de 1h40min.

Mas também existe uma versão pornográfica chamada "Les Aveleuses" ("Aquelas que Engolem", em tradução literal), em que a própria Lina aparece "com a boca na butija", fazendo cenas de sexo oral explícitas para complementar aquelas que eram apenas insinuadas na outra montagem. Esta edição tem quase 8 minutos a mais, e traz dublês de pinto para atores como Jack Taylor, que não participaram das cenas de sexo explícito.

Por fim, a terceira e mais interessante versão chama-se "Erotikill" (capinha ao lado), ou "The Bare-Breasted Countess", dependendo da parte do mundo em que foi lançada. Este corte tem quase meia hora A MENOS e dâ ênfase no horror, usando takes alternativos em que a vampira aparece quase sempre vestida e atacando suas vítimas da forma "tradicional" - ou seja, mordendo o pescoço. Toda a ideia da força vital sendo sugada pelos órgãos sexuais foi excluída, e a quantidade de sexo e mulher pelada é mantida no mínimo necessário.


Se já parece complicado descrever as três versões de um mesmo fime, imagine o maluco do Jess Franco FILMANDO isso tudo ao mesmo tempo! Afinal, praticamente sem dinheiro e com uma equipe técnica reduzida, ele tinha que rodar três versões de uma mesma cena (veja alguns exemplos nas imagens abaixo).

Tomemos como exemplo o primeiro ataque da Condessa Irina, que é a um granjeiro da região. Franco filmou uma versão desta cena com Lina Romay "vestida" (a capa preta cobre sua nudez) seduzindo o rapaz e então mordendo seu pescoço, como um vampiro tradicional. Depois, o diretor repetiu o take com Lina pelada (fora, capa!) seduzindo o rapaz e praticando sexo oral apenas sugerido, por onde rouba sua "energia vital". Finalmente, Franco rodou alguns takes a mais com closes da atriz realmente chupando um pinto (que pode ser do ator ou de um dublê para as cenas explícitas), para a versão pornográfica. Ou seja: no tempo que um diretor "normal" provavelmente filmaria três takes da mesma cena, para ter opções de material para editar depois, Franco filmou três versões DIFERENTES da mesma cena para três cortes DIFERENTES do mesmo filme! Gênio ou louco?

Peitos cobertos e mordida no pescoço nos takes para "Erotikill"...

...e peitos de fora + sexo oral na versão "A Maldição da Vampira"


Vampira chupa o sangue da jornalista em cena de "Erotikill"...

...e chupa outra coisa na cena de "A Maldição da Vampira"!


Em "Erotikill", o ataque é no pescoço da Princesa de Rochefort...

...mas em "A Maldição da Vampira" é em outro lugar!


O Dr. Orloff examina marcas no pescoço em "Erotikill"...

...e uma área mais embaixo em "A Maldição da Vampira".


E quando eu digo que essa tática é um pesadelo para pesquisadores da obra do diretor, é porque cada uma das três versões diferentes de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA tem cenas que as outras não têm - e depois as três ainda ganhariam "sub-versões" feitas para determinados mercados, dependendo da censura de cada país!

Por exemplo: enquanto na versão "terror" chamada "Erotikill" vemos a Condessa Irina mordendo o pescoço das vítimas (com direito a várias imagens da vampira com a boca ensanguentada que não estão nas outras duas versões), aquela longa cena envolvendo a prática de sadomasoquismo, com as atrizes Monica Swinn, Alice Arno ("La Comtesse Perverse") e Gilda Arancio, NÃO aparece em "Erotikill" - mas é mostrada, com mais ou menos sacanagem, nas montagens softcore e hardcore! Logo, para ver TUDO que Franco rodou para este filme, só mesmo catando as três versões! (Em futuras edições da MARATONA JESS FRANCO, prometo fazer uma resenha apenas de "Erotikill", que acaba sendo um filme completamente diferente de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA.)


O grande problema é que o sem-noção do Jess Franco fez essa lambança toda sem avisar a maioria dos atores! Uma das primeiras a perceber que havia algo de muito estranho na maneira de ele filmar "takes alternativos" das cenas foi Monica Swinn.

"Eu costumava olhar para ele [Franco] e pensar: 'Mas quantos filmes eu estou fazendo afinal?'. Começava a lembrar das cenas que gravamos antes e pensava comigo mesmo: 'Não pode ser a mesma personagem!'. E era muito difícil saber o que estava acontecendo, mas às vezes ele ficava tão satisfeito com o que estava fazendo que confessava: 'Adivinhe? Estamos gravando três fimes ao mesmo tempo!'", lembrou Monica, numa entrevista ao livro "Obsession: The Films of Jess Franco".


Outros não ficaram tão animados ao saber que estavam fazendo três filmes diferentes pelo preço de um, ou por preço nenhum, como aconteceu com o pobre Jack Taylor: o ator norte-americano ficou furioso ao saber que existia uma versão X-Rated do filme ("Les Aveleuses"), em que a montagem insinuava que ele protagonizava uma cena de sexo explícito, graças à inserção do tradicional "dublê de pinto" nos takes filmados em close.

"Eu fiz esse filme na Ilha de Madeira, que nunca terminamos de filmar e nunca me pagaram um centavo. Alguns anos depois, um amigo me disse: 'Não sabia que você fazia pornô', e eu também não sabia! Foi então que eu descobri que Jess transformou o filme num pornô, que eu nunca fiz e pelo qual nunca fui pago. Trabalhar com Jess era divertido, mas também podia ser terrivelmente frustrante às vezes", observou Taylor, também em entrevista ao livro "Obsession".


De qualquer jeito, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA marcou o início de uma relação não apenas profissional entre Franco e Lina - cuja paixão fica mais que evidente pela maneira como a câmera do diretor "namora" o corpo da atriz ao longo do filme.

A união de cineasta e musa acabou com o casamento de ambos: Jess estava casado com a francesa Nicole Guettard, com quem tinha uma filha, e o marido de Lina, Raymond/Ramón, até aparece no filme como um massagista bonitão que acaba se tornando vítima da vampira. Menos mal que marido e esposa abandonados levaram a "troca" na esportiva e continuaram trabalhando com Jess e Lina até os anos 1990. Os dois pombinhos ficaram juntos até o final: Lina morreu em 2012, Jess em 2013.


Mesmo que seja considerada uma obra superior do diretor por muitos dos seus fãs, eu já acho que A MALDIÇÃO DA VAMPIRA passa longe da sofisticação e daquele erotismo mais refinado de "Vampyros Lesbos", que foi realizado apenas três anos antes. Aqui, Jess abandona qualquer sutileza e escancara tudo (literalmente, no caso da montagem X-Rated), mas a quantidade gigantesca de sexo e nudez logo se torna redundante e enfadonha.

Inclusive o espectador pode avançar a maior parte do filme sem pena com o Fast Foward, pois há pouquíssimos diálogos, e quase nada se perde depois da primeira ou da segunda looooooonga cena de vampirismo sexual.

Isso aproxima A MALDIÇÃO DA VAMPIRA de um filme pornô (mesmo que você esteja vendo a versão softcore), daqueles que, por causa de duas ou três cenas legais, te obrigam a ver o negócio inteiro no FF até chegar nas partes boas.

Mas certamente será um deleite para os fãs de Lina Romay.


Trailer de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA



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La Comtesse Noire / Female Vampire
(1973, França / Bélgica)

Direção: Jess Franco (aka J.P. Johnson)
Elenco: Lina Romay, Jack Taylor, Monica Swinn,
Alice Arno, Jess Franco, Luis Barboo, Gilda Arancio,
Jean-Pierre Bouyxou e Raymond Hardy.



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