Filmes Legais
Ainda mais críticas rápidas para pessoas nervosas
THE LAST HOUSE ON THE LEFT (idem, 2009, EUA. Dir: Dennis Iliadis)Até que ficou melhor do que eu imaginava essa modernização do já clássico primeiro filme de Wes Craven - a famosa história de assassinato e vingança sobre sádicos bandidos que acabam ironicamente se hospedando na casa dos pais da garota que acabaram de matar. Entretanto, continuo achando que não havia porque refilmar
"Aniversário Macabro" nos dias de hoje, sendo uma história tão "anos 70" para a atualidade, e principalmente considerando que o cinema de horror contemporâneo já mostra crimes e assassinatos bem piores (vide as séries "Hostel" e "Jogos Mortais"). O mais interessante dessa nova versão é que há um diretor de verdade no comando da coisa, e não um "Marcus Nispel" qualquer (Nispel, para mim, virou sinônimo de "videoclipeiro incompetente"). Assim, o novo
"Last House..." melhora muitas coisas do original de Craven, que já não era nenhuma Brastemp. Um dos acertos do remake foi ter limado a participação cômica de uma dupla de policiais patetas. Por outro lado, há mudanças desnecessárias que apenas minimizam o choque e o impacto da obra dos anos 70, como o fato de
(SPOILERS) a filha da família vingativa agora sobreviver, e o filho do bandidão Krug se arrepender e ajudar os pais a dar o troco.
(FIM DOS SPOILERS) Também se perdeu aquele clima rústico, amadorístico e sujo do filme de Craven: tudo é limpinho, os atores são lindos, as garotas ajeitadinhas, e a impressão às vezes é de estar vendo um comercial de margarina. Garret Dillahunt como Krug, por exemplo, está mais para "Malhação" do que para
"Last House...", perdendo feio para o David Hess do original. Mas justiça seja feita: se os realizadores parecem ter se segurado na violência contra as duas garotas indefesas (que no filme de Craven sofrem muito mais), felizmente tiveram coragem de manter boa parte da brutalidade do original na hora da vingança, com direito a cenas bastante explícitas. Por isso, e pela convincente participação de Tony Goldwin como pai vingativo, o remake até fica bem acima da média, embora a ausência da cena da castração com os dentes, ou pelo menos coisa parecida, seja imperdoável! Mas dá uma banho em bobagens recentes, tipo o novo "Halloween".
OFFSPRING (idem, 2009, EUA. Dir: Andrew Van Den Houten)É uma bela surpresa esse obscuro horror classe B, que podia ser um filmaço com um diretor decente no comando, mas, do jeito que está, não passa da diversão de rotina - e com muitos defeitos que devem ser relevados. Baseado num livro de Jack Ketchum, que é um dos novos ídolos da literatura de horror e também assina o roteiro,
"Offspring" é a história de uma pequena cidade litorânea atacada por uma horda de crianças e adolescentes canibais, numa curiosa e bizarra mistura de "A Colheita Maldita" com "Quadrilha de Sádicos". A garotada vive no esquema Idade da Pedra (com peles e trapos), numa escura caverna à beira-mar, de onde os infantes saem à noite para atacar famílias, matar e devorar os adultos e roubar crianças e bebês, dando seqüência à linhagem bizarra que já ataca naquela região há décadas. Um envelhecido Art Hindle aparece como único ator conhecido, interpretando um xerife veterano e alcoólatra que enfrenta a ameaça. Há violência a rodo (até pedaços de vagina arrancados a dentadas!!!) e todo tipo de efeito gore e escatológico, além, é claro, da coragem de realmente mostrar crianças assassinas matando e morrendo (algo que o próprio "A Colheita Maldita" não fez, por exemplo). Outra surpresa é que o roteiro dá uma guinada logo no começo, matando de cara o personagem que até então parecia ser o protagonista. Mas, no geral, não há nada de novo, e o filme mais parece uma colcha-de-retalhos de tudo que já foi feito antes e melhor. Poderia até ser lançado como
"Hills Have Eyes 3" sem qualquer prejuízo. Visto no Fantaspoa com o título
"A Descendência".
BUDAPESTE (idem, 2009, Brasil/Portugal/Hungria. Dir: Walter Carvalho)Você percebe que o cinema nacional tem salvação quando para cada "Se Eu Fosse Você" ou "Jean Charles" sai um filmaço tipo esse
"Budapeste". Baseado num livro de Chico Buarque (que eu não li, mas já comprei para ver se me elucida algumas dúvidas em relação à trama do filme),
"Budapeste" conta a inspiradíssima história de José Costa (Leonardo Medeiros, ótimo), um "ghost-writer" brasileiro - escritor que vive no anonimato, escrevendo livros para outras pessoas assinarem. Costa vive um casamento em crise com Giovanna Antonelli e parece fascinado por Budapeste, que conhece de passagem graças a uma conexão aérea. Quando assina um livro como "ghost-writer" que acaba se tornando best-seller, o autor resolve largar tudo e ir a Budapeste, onde vive um romance com uma garota local (Gabriella Hamori). Com imagens belíssimas (o diretor Walter Carvalho é diretor de fotografia), e a inspirada interpretação de Medeiros, o filme seduz e surpreende o espectador, incluindo uma generosa quantidade de mulher pelada (coisa que eu infelizmente julgava extinta no "moderno" cinema brasileiro) e uma série de reviravoltas que levam a um final inesperado. É o tipo de filme que é melhor ver sabendo o mínimo possível sobre a história. Destaque para alguns ótimos momentos, como o poeta que escreve as frases do seu livro nos corpos de mulheres nuas, ou a cena em que Costa transa com a esposa e "assiste" a relação de fora do seu corpo, comprovando como está com o pensamento longe dali. Para a lista dos melhores do ano.
REBOBINE POR FAVOR (Be Kind Rewind, 2008, EUA/Inglaterra. Dir: Michel Gondry)Fizeram tanto barulho sobre esse novo filme do festejado (e "puxa-sacado") diretor francês Michel Gondry que acabei me surpreendendo ao ver apenas uma comédia boba e beeeem sem graça. A proposta é interessante: depois que as fitas de uma pequena videolocadora são acidentalmente apagadas pelo amigo "magnetizado" do funcionário, os dois resolvem filmar suas próprias versões de blockbusters norte-americanos, como "Os Caça-Fantasmas", "Robocop" e "O Senhor dos Anéis". Logo, as versões amadoras feitas pelos amigos e sua trupe (chamadas de "versões suecadas") acabam se tornando mais populares no bairro e na cidade do que os próprios filmes em que se inspiram, numa brilhante ironia que remete à paixão pelo cinema "local". Infelizmente, Gondry não se decide entre fazer comédia debilóide (representada por Jack Black, que está muito, mas muito sem graça) ou homenagem apaixonada ao cinema (através dos filmes "suecados" e principalmente do processo improvisado de filmagem deles, além do final emocionante que envolve a exibição da primeira produção "original" do grupo). As cenas da comédia debilóide são muito estúpidas (tipo o "xixi magnético" de Jack Black), e o filme ficaria bem melhor sem elas. Além disso, algumas "versões suecadas" só funcionam caso o espectador lembre muito bem do filme original (caso da brincadeira com "A Hora do Rush 2"). No geral, achei uma boa idéia desperdiçada, e continuo sem entender o bafafá gerado pelo filme, que não passa de uma comédia fraquinha, raramente engraçada e nada memorável. Mais um caso clássico de conceito melhor que o resultado final, e também de "muito barulho por nada".
YESTERDAY (idem, 2009, Canadá. Dir: Rob Grant)Mais um filme independente de zumbis, feito com pouco orçamento e muita boa vontade. E se, como eu, você também pensa que sobraram poucas boas histórias de mortos-vivos para contar, aqui está mais uma prova disso: praticamente só se repete tudo o que já foi visto inúmeras vezes antes. Tanto que o primeiro ato, que mostra o "contágio" se espalhando e os primeiros zumbis atacando, é péssimo, além de muito mal-realizado. O diferencial dessa produção escrita e dirigida por Rob Grant é não se levar tão a sério a partir da metade, preferindo enfocar a tentativa de sobrevivência de um grupo de desconhecidos por um ângulo de humor negro. Há vários bons momentos, como a dupla de irmãos criminosos que passa o filme inteiro atirando na cabeça de quem quer que cruze seu caminho, seja zumbi ou não (o que invariavelmente rende a morte de alguns protagonistas); ou o personagem que é campeão de tiro ao alvo e se veste como cowboy. Porém, de modo geral, fica aquela sensação de comida requentada ou piada contada pela quinta vez, e é óbvio que tudo evolui para uma conclusão em que os sobreviventes preferem lutar entre si ao invés de enfrentar os zumbis. Por sinal, a cena final é ótima e bastante irônica. Acaba sendo um bom passatempo para os menos exigentes, ou para os fãs ferrenhos de filmes de zumbis, mas perde feio para produções independentes nacionais, como "Mangue Negro" e "A Capital dos Mortos". Visto no SP Terror.
CRANK 2 - HIGH VOLTAGE (idem, 2009, EUA. Dir: Mark Neveldine e Brian Taylor)Nesses tempos de politicamente correto e censura, em que parece que ninguém quer ofender ninguém, é uma coisa linda ver um filme débil mental, grosseirão, corajoso, apelativo e absurdo tipo essa continuação do divertidíssimo
"Adrenalina", de 2006. O primeiro já era um primor: o casca-grossa Jason Statham interpretava Chev Chelios, um assassino profissional que, envenenado pelos rivais, precisava encontrar formas de manter seu nível de adrenalina alto para o coração não parar. A continuação começa com o corpo de Chelios sendo recolhido após cair do helicóptero no final do original; seu coração é retirado, transplantado para um centenário chefão da máfia chinesa (David Carradine!!!), e o "herói" ganha um coração artificial elétrico, com tempo limitado de funcionamento. Assim, ele passará o resto do filme "carregando a bateria" (sempre das formas mais absurdas e exageradas) e caçando o próprio coração. Se o primeiro já era cheio de cenas abusadas, esse é grosseirão até a medula: mulheres são simples objetos sexuais e aparecem ou peladas, ou com closes generosos de seus bundões; Chelios mais uma vez transa em público com a namorada (a gostosa Amy Smart), já que
"atrito provoca eletricidade estática"; e há todo tipo de cena de violência/sangue, de cotovelo decepado (isso pra mim é novidade!) até mamilos arrancados com faca. A edição é doidona como o filme, rápida, "elétrica", deixando o espectador tão ligadão quanto o protagonista. E quase todos os personagens do original voltam, inclusive alguns que morreram, com uma telinha tipo hiperlynk mostrando o que eles faziam no primeiro filme. Resumindo: imperdível, e um filme para quem não tem vergonha de assumir que gosta de apelação, com participação especial dos astros pornôs Jenna Haze, Peter North e Ron Jeremy!
LAID TO REST (idem, 2009, EUA. Dir: Robert Hall)Sabe quando você vê um slasher moderno, tipo o novo "Sexta-feira 13", e se pega reclamando que falta gore e violência? Pois
"Laid to Rest" não sofre desse problema. Na verdade, o filme tem todos os problemas possíveis e imagináveis, mas falta de sangue não é um deles - até porque a produção foi escrita e dirigida por Robert Hall, um especialista em maquiagem e efeitos especiais, e ele não deixou de representar bem o seu ofício na tela. Basicamente, é a história de uma garota sem nome (Bobbi Sue Luther) que acorda dentro de um caixão numa funerária, e descobre estar com dois problemas: amnésia e um psicopata mascarado na sua cola. O tal assassino, chamado "Chrome Skull" por causa da máscara de caveira que cobre seu rosto, não mete medo nem na vovó, mas ataca com uma fúria surpreendente que rende os momentos gore do filme. O melhor deles é aquele em que o assassino arranca o rosto de um infeliz a facadas, tudo mostrado on-screen!
"Laid to Rest" é o tipo de slasher que diverte apenas pelos assassinatos exagerados, já que o roteiro é de uma imbecilidade tremenda, e tem alguns dos personagens mais burros que o cinema já mostrou - tipo o rapaz que fica apontando uma arma carregada para o assassino mas não tenta atirar até que ele esteja perto o suficiente para matá-lo, ou os protagonistas que toda hora saem do local seguro onde estão para fazer coisas idiotas. No fim, o resultado é tão besta que até diverte. Para públicos beeeeem específicos (quem costuma se enfurecer com a atitude dos personagens em filmes de horror vai querer chutar a TV). Mas, novamente, vale, e muito, pelas cenas de gore, que são bem feitas e exageradas. Participação decorativa de Richard Lynch.
O FIM DA PICADA (idem, 2009, Brasil. Dir: Christian Saghaard)Não me convenceu esse novo filme de terror nacional, que é fortemente inspirado pelo Cinema Marginal dos anos 60-70 e pretende explorar lendas tupiniquins, como o Saci Pererê e o conto "Macário", de Álvares de Azevedo, além de elementos do sincretismo religioso. O filme até começa muito bem, no Brasil do século 19, quando Macário participa de um ritual satânico à beira da praia. Depois, ele faz um pacto com o diabo para conhecer São Paulo (apresentada através de fotos históricas da época), mas o cramulhão (representado como uma negra gorda e seminua, o Exú-Lebara) passa a perna no sujeito e o transporta para a São Paulo do século 21. É aí que o filme degringola: o diretor Saghaard prefere apelar para cenas desconexas e diálogos redundantes ao invés de contar uma história, e não foge dos lugares-comuns, como a miséria e a violência urbana, e o fato de Macário acabar vivendo entre os "excluídos". Há algumas cenas inspiradas, como a dondoca que tem a cabeça decepada num acidente de automóvel, mas simplesmente levanta, põe a cabeça no lugar e vai malhar na academia. Mas outra alegorias não funcionam (tipo o bandeirante atirando no garoto de rua, que depois vira Saci), e, no geral, o filme é arrastado e "viajão" demais, com uma proposta que não se sustenta. Quando finalmente aparece o final, é praticamente um alívio para quem, como eu, não conseguiu mergulhar na proposta da coisa. Continuo sonhando com um filme de horror menos desconexo envolvendo elementos do folclore brasileiro. Há participações (sem grande destaque) de gente "cult" como José Mojica Marins, Ivan Cardoso e Carlos Reichenbach. Visto no SP Terror.
PROGRAMA ANIMAL (Strange Wilderness, 2008, EUA. Dir: Fred Wolf)Tem coisa pior do que comédia que se acha engraçadíssima quando na verdade não tem a menor graça? Bem-vindo a
"Programa Animal", uma das coisas mais infames da "comédia" moderna, capaz de perder no nível de graça para os programas "Zorra Total" e "A Praça é Nossa" (o que já dá uma boa idéia do que esperar). Steve Zahn, que ironicamente um dia já foi engraçado, interpreta Peter, filho de um veterano apresentador de programas sobre a vida animal, que tenta seguir os passos do pai. Só que ele é um incompetente que não entende nada sobre animais, cercado de uma equipe ainda pior. Quando a produção do programa ameaça tirá-lo do ar, Peter e sua turma resolvem sair em busca do lendário Pé Grande para fazer um programa histórico e continuar na emissora. Se parece que não tem graça só pelo resumo, é porque não tem mesmo. Ironicamente, o filme desperdiça diversas caras conhecidas das comédias recentes, como Zahn, Justin Long, Jonah Hill, Allen Covert e Kevin Heffernan (do grupo Broken Lizard), sem dar a essa turma nenhuma piada inspirada. Para dar uma idéia do "nível" da coisa, os momentos supostamente engraçados da película envolvem um peru abocanhando o pinto de Steve Zahn (com direito a radiografia do pênis enfiado dentro do crânio da ave) e pessoas vomitando dentro da boca de um tubarão para vingar o ataque a um amigo delas. Ah, o diretor também acha o máximo mostrar os personagens fumando maconha ou levando golpes nas partes baixas, como se isso fosse engraçadísimo. Agora imagine o restante das "piadas". É até constrangedor ver um veterano como Ernest Borgnine pagando mico numa bomba como essa. Ai, que saudade das comédias bestas dos anos 80...
ZIBAHKHANA - ESTRADA PARA O INFERNO (Zibahkhana/Hell's Ground, 2007, Paquistão/Inglaterra. Dir: Omar Khan)Curto e grosso: é a versão paquistanesa de "O Massacre da Serra Elétrica". Isso mesmo,
PAQUISTANESA! Só por isso, já vale a pena ver essa pérola: os rostos, o idioma, os figurinos e os elementos culturais são muito diferentes do que estamos acostumados a ver no cinema de horror, e só o fato de o assassino vestir uma burka (aquele traje que cobre as mulheres islâmicas dos pés à cabeça) já dá uma idéia do choque cultural. O roteiro segue à risca o filme de Tobe Hooper: cinco jovens paquistaneses mentem para suas famílias dizendo que vão passar a noite estudando, mas caem na estrada numa van para ir a um show de rock numa cidade vizinha. No caminho, encontram um caroneiro mal-intencionado (hmmm, isso me lembra alguma coisa...), e acabam num velho casarão onde o assassino da burka mata e esquarteja visitantes, usando, entre outras ferramentas, uma bizarra arma semelhante a uma bolhadeira, mas com lâminas (vai ver não existe motosserra naquela região!). O bizarro é que essa trama já clichê acaba se misturando com outra sobre a contaminação das fontes de água das redondezas, e o líquido contaminado transforma as pessoas em zumbis!!! Isso mesmo, é um assassino serial e zumbis
NO MESMO FILME! O resultado é no mínimo divertido, além, é claro, de muito estranho. Vale a pena conhecer, nem que seja para ver pela primeira vez um filme de horror paquistanês - cujo roteiro teve uma mãozinha de um "ocidental", o pesquisador Pete Tombs, dono da empresa Mondo Macabro, especializada em DVDs de filmes obscuros. Visto no Fantaspoa.
OS DESCENDENTES (Solos/Descendents, 2008, Chile. Dir: Jorge Olguín)Simplesmente um dos piores filmes que já vi na vida - e considerando a quantidade de porcaria que assisto, isso não quer dizer pouca coisa. O chileno Jorge Olguín, que já havia dirigido o péssimo "Sangue Eterno" (sobre mimados vampiros góticos), consegue se superar nessa mistura de "Filhos da Esperança" com "Extermínio" (copiando inclusive fotografia e câmera desses filmes), com alguns toques de "O Labirinto do Fauno". A idéia originalmente é boa: num futuro não-determinado, uma praga transformou os seres humanos em zumbis raivosos estilo "Extermínio". A história é narrada do ponto de vista de uma criança que é imune à doença, e passa o tempo inteiro perambulando pelo mundo devastado, encontrando outros sobreviventes, enfrentando soldados e zumbis. Uma história de zumbis pelos olhos de uma criança? Uau, isso nem o George Romero fez ainda! Pena que Olguín entregue um filme burocrático e muito chato, onde parece ter filmado apenas 30 minutos de cenas, tanto que as repete o tempo inteiro para fechar o tempo (interminável) de 74 minutos - um flashback da mãe dando orientações à filha, antes de ela fugir do laboratório em que esteve presa, é repetido no mínimo quatro vezes! Olguín também parece não ter qualquer noção de ritmo e edição, espichando cenas até o limite do tolerável, filmando coisas desnecessárias tipo cinco crianças bebendo água (sim, ele filma
CADA UMA DELAS pegando a garrafa de água e bebendo). E ainda sai com um dos finais mais inesperados e idiotas da história, com direito a polvo gigante (juro!) e "revelação-surpresa". Enfim, uma daquelas perdas de tempo que nos dão a certeza de que há coisa beeeeem pior - e mais pretensiosa - que Ed Wood e Uwe Boll por aí. Visto no SP Terror.
FANBOYS (idem, 2008, EUA. Dir: Kyle Newman)Ótima e divertidíssima comédia sobre o universo de "Star Wars", engraçada tanto para quem ama quanto para quem odeia a série criada por George Lucas. Na verdade, é inexplicável que esse filme ainda não tenha chegado aos cinemas (a novela envolve a tradicional influência nefasta do produtor recalcado Harvey Weinstein, que queria fazer várias mudanças na edição). Na trama, que se passa em 1999, quatro nerds viciados em "Star Wars" esperam ansiosamente pelo lançamento oficial de "Star Wars Episódio 1 - A Ameaça Fantasma". Quando descobrem que um deles está com câncer terminal, e provavelmente vai morrer antes da estréia, resolvem cruzar o país até o Rancho Skywalker, a base de operações de George Lucas, para roubar uma cópia do filme e ver antes da tragédia. A viagem envolve todo tipo de confusão, de confrontos com os
"trekkies" (fanáticos por outra série espacial, "Star Trek") ao encontro com personagens bizarros, interpretados por Danny Trejo, Seth Rogen, Kevin Smith, William Shatner e, claro, as figurinhas carimbadas da série "Star Wars" (Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Ray Park...). Embora o início dê a entender que será um filme de e para nerds, o filme logo dá uma virada sensacional, com piadas inspiradíssimas sobre cinema e cultura pop, e principalmente brincando com a ruindade do "Episódio 1" (o personagem de Rogen fez uma enorme tatuagem de Jar Jar Binks nas costas, alegando que o personagem
"provavelmente será o máximo"). Outros momentos de rolar de rir envolvem a figura de um juiz chamado Reinhold (sim,
"Judge Reinhold", nome de um ator popular dos anos 80) e a discussão sobre Harrison Ford ser o melhor ator de todos os tempos, já que foi Han Solo, Indiana Jones e Deckard, o "Caçador de Andróides" (a conversa acontece diante de um cartaz do péssimo "Seis Dias, Sete Noites", estrelado por... Harrison Ford!). Faltou apenas uma participação do próprio George Lucas para a coisa ficar ainda mais divertida, mas, do jeito que está,
"Fanboys" é uma das maiores surpresas que tive esse ano em matéria de comédias. Não deixe de ver!
ISCA PERIGOSA (Gator Bait, 1974, EUA. Dir: Ferd e Beverly Sebastian)Um daqueles péssimos "sexploitation" dos anos 70 que hoje só são lembrados pelo nome, pela fama e pelo pôster legal. A grande atração é a bela Claudia Jennings, que foi coelhinha da Playboy, musa de filmes de quinta categoria como esse e
"Deathsport", e morreu prematuramente num acidente de automóvel em 1979. Ela "interpreta" Desiree Thibodeau, uma "rude" caçadora de crocodilos que vive isolada num casebre nos pântanos da Louisiana, onde cuida dos irmãos mais novos. Interessante é que a "rude" caçadora que vive no pântano está sempre maquiada e penteada, e veste trajes como um minúsculo shortinho jeans, mas tudo bem. A moça enlouquece os rapazes da região, inclusive o filho do xerife, que tenta agarrá-la à força. Mas a tentativa mal-sucedida acaba com a morte de outro rapaz, filho de um poderoso fazendeiro das redondezas. Desiree é considerada culpada pelo assassinato, e começa uma caçada à moça pelos pântanos. Só que os perseguidores exageram, e acabam estuprando e matando a irmã dela (com um tiro de espingarda na vagina!). Lá vem vingança: Desiree passa o resto do filme perseguindo e matando os homens, em cenas nada inspiradas e pouco violentas. O grande problema do filme, além do fato de ele ser arrastado, é que depois surgiu coisa bem melhor na mesma linha, como "A Vingança de Jennifer". Por isso, parece que falta nudez e violência aqui - a própria Claudia quase não tira a roupa. Sobram, entretanto, cenas xaropes, incluindo um momento
"Luke, I'm your father". Surpreendentemente, essa coisa teve uma seqüência tardia, dos mesmos diretores-roteiristas, 14 anos depois: "Isca Perigosa 2 - A Justiça de Cajun", de 1988!
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