ROBOJOX - OS GLADIADORES DO FUTURO (1990)
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ROBOJOX - OS GLADIADORES DO FUTURO (1990)



Há algum tempo, quando escrevi sobre o trashaço "A Batalha Final", de David A. Prior, aqui no FILMES PARA DOIDOS, ironizei a estupídez de um roteiro em que o destino da humanidade era decidido através do simples duelo corpo a corpo entre dois homens que representavam "o melhor" de duas superpotências, nesse caso Estados Unidos e a extinta União Soviética.

Então, por esses dias, revi a ficção científica ROBOJOX - OS GLADIADORES DO FUTURO, uma daquelas produções classe C da produtora Empire que quase ninguém lembra que existe, e muito menos que foi dirigida por Stuart Gordon (é capaz de o próprio Gordon ter esquecido que fez esse filme).


Eu mesmo tinha algumas memórias bem esparsas sobre o filme, e me surpreendi ao constatar que ele tem uma história tão tosca quanto a de "A Batalha Final" - embora, nesse caso aqui do filme do Gordon, levada bem menos a sério.

A trama se passa 15 anos após uma guerra atômica, e as duas superpotências (EUA e União Soviética, como sempre) decidiram que iriam resolver suas diferenças não mais com bombas nucleares, mas sim com o duelo corpo a corpo entre seus "campeões" (chamados Robojox), estilo "A Batalha Final".

A diferença é que os campeões de cada superpotência não lutam pessoalmente, mas sim "pilotando" enormes robôs gigantes!!!


Você não leu errado, e é claro que quando você passa dos 13 anos de idade toda a proposta do filme se demonstra uma idiotice desde o começo. Afinal, se as superpotências do futuro têm recursos e tecnologia para construírem robôs gigantes avançadíssimos e cheios de armas e equipamentos, por que diabos precisam colocar SERES HUMANOS dentro deles ao invés de programar os robôs para lutarem sozinhos - eliminando, assim, a possibilidade de "falha humana"?

Seja como for, e fechando um olho para a estupidez do conceito, ROBOJOX revela-se um filme razoavelmente divertido, que lembra até, com certo saudosismo, aqueles velhos seriados japoneses com robôs gigantes feitos de plástico, como "Jaspion" e "Changeman".


A trama começa com o Western Market (novo nome dos Estados Unidos) perdendo um de seus principais competidores, que é esmagado pelo robô gigante do grande campeão da Confederação Russa - um psicopata chamado Alexander (interpretado pelo eterno vilão Paul Koslo, de "Projeto Mortal" e "Mr. Majestyk").

Com isso, sobra para o maior campeão do mundo ocidental, Achilles (Gary Graham), a missão de derrotar Alexander e conquistar novos territórios para os EUA. Acontece que, como num gigantesco jogo de War, as lutas entre os robôs determinam a posse dos territórios do mundo para a nação vencedora do confronto robótico (!!!).


Só que a batalha entre os dois arquiinimigos acaba mal: o robô de Alexander dispara um míssil contra as arquibancadas que ficam ao redor do campo de batalha, repletas de inocentes espectadores. Achilles tenta usar seu próprio robô para abafar o impacto da explosão, mas mesmo assim tomba sobre uma das arquibancadas, matando 300 pessoas no desastre!!!

Traumatizado com o incidente, o campeão norte-americano decide parar de lutar. No seu lugar, o Western Market coloca Athena (Anne-Marie Johnson), uma garota que faz parte de um time de jovens manipulados geneticamente para serem guerreiros infalíveis (!!!).

Sabendo que ela não tem nenhuma chance contra o psicótico Alexander, e apaixonado pela moça, Achilles resolve sair da aposentadoria para uma batalha final de robôs gigantes.


Como eu sempre escrevo em relação à maioria dos filmes analisados aqui no FILMES PARA DOIDOS, é preciso fechar um olho (às vezes até os dois) para curtir ROBOJOX.

Na verdade, o filme é bem pior do que eu me lembrava nas minhas memórias de infância, mesmo que tenha algumas coisas muito legais e seja razoavelmente curto, terminando antes de começar a realmente incomodar - embora a conclusão seja abrupta e sem maiores explicações sobre o destino dos personagens e dos conflitos, como se o dinheiro tivesse acabado de repente, ou talvez as ideias...


Stuart Gordon é mais lembrado pelos seus terrores escatológicos inspirados em H.P. Lovecraft, como "Reanimator" e "Do Além", do que pelos filmes de ação/ficção científica que fez nos anos 90. Este foi o primeiro deles, e depois viriam ainda "A Fortaleza" (1992) e "Space Truckers - Piratas do Espaço" (1995), sendo que, na minha humilde opinião, apenas o filme com o Christopher Lambert presta.

Fugindo do estilo que caracteriza a maior parte da sua filmografia, Gordon não abusa da violência e nem do humor negro em ROBOJOX: o filme não passa de uma aventura quase inofensiva voltada ao público infanto-juvenil, e se digo "quase inofensiva" é por causa de uma breve cena de nudez (uma bundinha que aparece bem rápido) e de algum sanguinho aqui e ali.

(E com certeza as crianças veem coisas bem piores no YouTube hoje em dia...)


A indefinição do público-alvo do filme parece ser um dos seus principais problemas. Às vezes ele tenta ser adulto e sarcástico (os guerreiros geneticamente manipulados, por exemplo, foram apelidados de "tubbies" pelos humanos "normais", e quase todos os personagens têm nomes de mitos greco-romanos, como Aquiles, Atenas, Alexandre, Ajax e Hércules). Mas, na maior parte do tempo, o negócio todo é apenas infantil, quase inocente.

Essa indefinição chegou a motivar brigas entre o diretor Gordon e o roteirista do filme, o autor de livros de ficção científica Joe Haldeman, aqui em seu primeiro e único trabalho para o cinema.


Acontece que Gordon queria, abertamente, fazer um filme para crianças, enquanto Haldeman escreveu um roteiro adulto sobre soldados durões que enfrentavam-se até a morte nos duelos com robôs gigantes. Furioso com o resultado do projeto, o autor chegou a declarar que ROBOJOX era como um filho que nasceu saudável e de repente teve morte cerebral!!!

Uma das principais críticas de Haldeman foi em relação aos personagens do filme, que teriam sido transformados em estereótipos pelo diretor. Realmente, além do campeão (ianque) de bom coração e do seu rival (comunista) psicopata, temos um treinador texano que se chama Tex (!!!), que anda sempre com chapéu de caubói, e um cientista chamado Matsumoto - japonês, é claro.


Para piorar o negócio, o herói sem sal interpretado por Gary Graham compromete qualquer identificação do espectador com o que está acontecendo.

O elenco secundário traz alguns colaboradores habituais de Gordon, como Robert Sampson (o reitor de "Reanimator") e Jeffrey Combs (numa participação rapidíssima); o próprio diretor aparece em ponta como o barman do que parece ser o único bar do mundo pós-apocalíptico, já que TODOS os personagens, heróis e vilões, sempre se encontram ali na mesma hora!

Destaque também para uma pequena participação de Hilary Mason, a assustadora médium cega de "Inverno de Sangue em Veneza", aqui interpretando uma cientista sem maior destaque.


Agora, a principal qualidade de ROBOJOX são, claro, as lutas com robôs gigantes. Produzidas através de miniaturas e de efeitos em stop-motion, elas recuperam aquele clima ingênuo de Sessão da Tarde, num trabalho eficiente do saudoso Dave Allen (um dos grandes magos dos efeitos especiais do cinema B da época, falecido em 1999).

Ao ver aqueles robôs lutando em stop-motion, e os criativos truques utilizados pelos realizadores para que o espectador realmente acredite que aquelas miniaturas são robôs GIGANTES (entre eles, o bom e barato chroma-key), eu não pude deixar de pensar em como filmes tipo "Transformers" seriam muito mais charmosos e divertidos com esse tipo de efeito simples e barato, e não com computação gráfica de videogame. (Você pode conferir uma das lutas entre robôs no vídeo abaixo)

Transformers produzido por Charles Band



É uma pena, portanto, que ROBOJOX não funcione do jeito que deveria. Não se sabe quem é o verdadeiro culpado pelo que se vê na tela (o roteirista ou o diretor), mas é duro de engolir que o destino de países esteja nas mãos de dois guerreiros lutando a bordo de robôs - até porque os caras parecem não fazer praticamente nada antes de receber as ordens de seu treinador e equipe via rádio, embora sejam, em teoria, os grandes campeões de cada superpotência!!!

A conclusão moralista para a luta mortal entre Achilles e Alexander (bem parecida com o desfecho de "A Batalha Final") também não ajuda.

E mesmo que a pobreza de ROBOJOX esteja estampada em cada cena da película, esta foi a produção mais cara da Empire Pictures, a produtora de Charles Band, tendo custado cerca de 10 milhões de dólares (uma mixaria perto de um "Transformers", por exemplo).


O filme inclusive teria sido responsável pela falência da Empire: rodado em 1988, ficou na geladeira por dois anos até que o material foi adquirido por outra produtora (Epic Productions) e finalmente finalizado.

Enquanto isso, Band fundou outra empresa (a Full Moon) e dedicou-se a tentar recuperar o prejuízo obtido com ROBOJOX, reutilizando as mesmas miniaturas em outros dois filmes (!!!) sobre robôs gigantes, os divertidos "Rebelião no Século 21" (1990, dirigido pelo próprio Charles) e "Robot Wars" (1993, dirigido pelo seu pai Albert Band).

Ambos foram vendidos como sequências de ROBOJOX em algumas partes do mundo, e, dos três, "Rebelião no Século 21" é o melhor e mais divertido.

Trailer de ROBOJOX - OS GLADIADORES DO FUTURO



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Robojox - Os Gladiadores do Futuro
(Robot Jox, 1990, EUA)

Direção: Stuart Gordon
Elenco: Gary Graham, Anne-Marie Johnson, Paul
Koslo, Robert Sampson, Danny Kamekona, Hilary
Mason, Michael Alldredge e Jeffrey Combs.



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