ALIEN 2 (1980)
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ALIEN 2 (1980)



Você já viu a continuação do clássico "Alien, O Oitavo Passageiro"? Então certamente lembra da cena da menina na praia, chorando, com o rosto arrebentado. Ou daquela em que o verme alienígena sai pelo olho da garota dentro da caverna. E como esquecer da cena do alpinista pendurado de ponta-cabeça, se debatendo enquanto um verme devora seu pescoço, até a cabeça soltar-se e cair?

A estas alturas, muitos leitores devem estar pensando que eu tomei chá de cogumelo. Afinal, não existe nenhuma cena parecida com estas na continuação de "Alien", aquela dirigida por James Cameron em 1986. Ora, mas é claro que eu não estou falando de "Aliens, O Resgate"! Estas cenas todas que citei estão na sequência “não-oficial” (pra não dizer pirata, ou picareta, ou sem-vergonha), realizada seis anos antes, em 1980, por produtores italianos, e com um título pra lá de falso: ALIEN 2 - SULLA TERRA, ou simplesmente ALIEN 2 nos cinemas brasileiros.


Mas é claro que, apesar do nome digno de processo judicial, o filme italiano não tem absolutamente nada em comum com o "Alien" de Ridley Scott, além, é claro, da presença de alienígenas. Como o subtítulo já anuncia ("Sulla Terra" = Na Terra), a trama nem mesmo acontece no espaço, já que a produção obviamente não tinha dinheiro para pagar efeitos especiais à altura daqueles do filme de Scott. A solução foi jogar os personagens nas profundezas de uma gigantesca caverna - pois ali, como no espaço, é escuro, isolado e silencioso, pelo menos na cabeça-de-bagre dos produtores!

Os italianos nem ao menos tentaram copiar os elementos que deram certo em "Alien", como os ovos extraterrestres (que seriam melhor aproveitadas em outra imitação macarrônica do filme de Scott, o "Alien Contamination" de Luigi Cozzi) ou os monstros que saem pelo estômago das vítimas. Assim, nesta suposta "sequência", o monstro alienígena não tem uma forma definida e passa o tempo inteiro no escuro, os ovos de alien são pedras vindas do espaço sideral, e, se não há explosão estomacal, pelo menos temos a rápida cena de um alien saindo do ROSTO (isso mesmo) de uma vítima!


O responsável por este atentado ao bom gosto é um italiano chamado Ciro Ippolito, que escreveu, produziu e dirigiu a bagaça usando o pseudônimo americanizado "Sam Cromwell". Você provavelmente nunca ouviu falar dele, e nem deveria: o cara ficou famoso mundialmente por ter dirigido ALIEN 2, e quase ninguém viu ALIEN 2.

Antes, ele tinha trabalhado como ator e também foi produtor de uma série de policiais baratos sobre a Camorra, a Máfia napolitana, dirigidos por Alfonso Brescia, um dos muitos candidatos a "Ed Wood italiano". Talvez Ippolito tenha "aprendido" a dirigir com Brescia, o que explica muita coisa (não por acaso, o diretor de fotografia de ALIEN 2 é Silvio Fraschetti, colaborador habitual do velho Brescia).


Originalmente, Ciro iria apenas escrever e produzir o filme, que seria dirigido por Biagio Proietti (que roteirizou "The Black Cat" para Lucio Fulci). Num daqueles mistérios do mundo da sétima arte, Proietti demitiu-se ou foi demitido após algumas diárias (seu nome ainda é citado como diretor não-creditado no IMDB), e o então ainda produtor Ippolito convidou ninguém menos que Mario Bava (!!!) para assumir a cadeira de diretor. O veterano recusou polidamente o que poderia ser o último filme da sua carreira (ele morreu alguns meses depois), e sugeriu que o próprio Ciro dirigisse.

Foi o que aconteceu. E, como era comum na época, Ippolito conseguiu um acordo de distribuição de ALIEN 2 no mercado estrangeiro antes mesmo que qualquer cena fosse filmada, somente pelo título e pelo pôster, faturando uma bela fortuna. Mas ao invés de investir esse dinheiro no filme (daria cerca de 200 mil euros, em valores atuais), Ciro preferiu torrá-lo comprando um Jaguar para ele e uma Mercedes para o distribuidor! O cara-de-pau contou o episódio em uma entrevista recente.


Logo, sem dinheiro, sem talento e sem condições técnicas, mas na obrigação de entregar uma cópia vagabunda de "Alien" cujos direitos de exibição já estavam vendidos para diversos países, Ippolito resolveu fazer o filme da forma mais barata possível. Entre as táticas para economizar, ele aproveitou muitas cenas de arquivo (mostrando operações espaciais verdadeiras da Nasa), todas desbotadas, granuladas e por isso facilmente identificáveis, como você pode ver nas imagens acima.

ALIEN 2 inclusive começa com uma sequência destas cenas, que Ippolito deve ter tirado de algum noticiário sobre alguma missão espacial. As imagens mostram técnicos olhando para terminais de computador, um astronauta flutuando dentro de uma cápsula espacial, tomadas feitas do espaço e takes de navios e helicópteros militares fazendo o resgate de uma nave. Depois, à la Ed Wood, bastou costurar estas imagens reais com uma narração em off para criar a "trama": ao que parece, uma nave espacial norte-americana acabou de retornar de uma missão espacial, mas os astronautas que deveriam estar no seu interior simplesmente desapareceram!


No que terminam as imagens de arquivo, finalmente nosso amigo Ciro mostra a que veio. Primeiro, ele nos brinda com uma longa cena em que a heroína Thelma (a americana Belinda Mayne, filha do ator Ferdy Mayne) e seu namorado Roy (Mark Bodin) dirigem até o estúdio de uma emissora de TV, onde Thelma, uma famosa exploradora de cavernas, vai participar de uma entrevista ao vivo.

Enquanto fala ao repórter sobre sua interessantíssima vida de exploradora de cavernas, Thelma tem uma premonição de que algo horrível está para acontecer, justamente no momento em que o pessoal da Nasa está resgatando a cápsula que acabou de retornar da tal missão espacial. Detalhe: o diretor do programa de TV é o próprio Ciro Ippolito, em "participação especial"!

Acontece que a moça tem poderes telepáticos, conforme demonstrará várias outras vezes ao longo do filme (menos quando eles são REALMENTE necessários), e que variam desde um "sexto sentido" diante do perigo iminente - mais ou menos como o “Sentido de Aranha” do Homem-Aranha - até o poder de explodir cabeças à la "Scanners"! Sabe como é, poderes mentais estavam na moda graças a "Carrie" e "A Fúria", e Ippolito tentou faturar em cima do interesse nisso também...


Com sua entrevista encerrada, Thelma e Roy vão até um boliche encontrar seus amigos Burt (um tal de "Mychael Shaw", que na verdade é o futuro cineasta Michele Soavi!), Jill (Judy Perrin) e alguns outros cujo nome não interessa porque são apenas carne de abate. No total, e isso é o que interessa no final das contas, são oito pessoas, e todos fazem parte da mesma equipe de exploradores de cavernas.

A turma gasta mais um tempo precioso papeando, jogando boliche, etc etc, antes de partir para o que realmente interessa: no dia seguinte, o grupo sai para explorar uma gigantesca caverna, e é só aí que o filme “começa a começar” (embora Ciro já tenha queimado uns 25 minutos em inutilidades até então!).


Na última parada antes da expedição caverna adentro, em um armazém onde compram mantimentos, Burt vai tirar a água do joelho e encontra uma pedra brilhante do lado de fora da loja. Curioso, ele a recolhe e mostra aos amigos, que também ficam inexplicavelmente fascinados por uma rocha bem comum até. E Thelma, sabe-se lá porque, resolve colocar a tal pedra em sua mochila e levá-la junto na expedição.

Aí você pode até pensar: "Mas o que essa mané vai fazer com uma pedra no interior de uma caverna? O peso não vai atrapalhar?”. Bem, caro leitor, acredite se quiser, mas a pedra na mochila é o menos ridículo, considerando que o personagem de Soavi leva uma pesada MÁQUINA DE DATILOGRAFIA dentro da sua mochila até as profundezas da caverna, somente para poder escrever suas memórias à luz de velas! Não sei porque, mas neste momento lembrei daquelas cenas de filmes sobre expedições em que o guia sempre diz: "Levem apenas o que for estritamente necessário!".


Depois que o grupo entra na tal caverna, são mais uns 15 minutos de enrolação, um
caminha pra lá, caminha pra cá, escala ali, desce com corda aqui, tudo na maior escuridão. No auge da pouca-vergonha, doido para matar mais tempo de projeção, Ciro filma, um por um, os oito exploradores descendo um paredão com cordas, do começo até o fim do percurso!

Mas, justiça seja feita, o diretor consegue uma cena bonita quando o grupo liga as luzes dos capacetes na escuridão da caverna - essas luzes parecem estrelas no Cosmos, e isso ironicamente é o mais perto que o filme consegue chegar do espaço...


Após mais um monte de escalada e conversa fiada, e de uma rápida cena de topless de nossa heroína, a coisa finalmente começa a ficar interessante - e já passaram 35 minutos de filme! Durante uma das intermináveis caminhadas pelos escuros corredores, Jill percebe que a tal pedra misteriosa, que Thelma ainda leva na sua mochila, está pulsando e brilhando. Ela põe a fuça bem pertinho para investigar e uma coisa salta de dentro da pedra em sua direção.

Jill cai dura e fica inconsciente. E enquanto seus amigos fazem de tudo para medicá-la, aquele monstro que antes estava dentro da pedra sai da cabeça da garota pela órbita de um dos seus olhos, rasgando o rosto da vítima sem dó nem piedade, num efeito tosco, mas repelente. Com essa cópia fajuta da chocante morte de John Hurt em "Alien, O Oitavo Passageiro", as coisas finalmente começam a engrenar em ALIEN 2.


Outras mortes terríveis se sucedem - como a do sujeito pendurado de ponta-cabeça enquanto o verme alienígena devora sua garganta, fazendo com que, lentamente, a cabeça do cara se solte e caia -, até que os sobreviventes resolvem se separar para procurar a saída da caverna.

Só que aí o alien já cresceu até ficar do tamanho de um gigantesco monstrengo devorador de pessoas (nunca mostrado em cena, por incrível que pareça), e que vai devorando todo mundo até restar apenas - oh, que surpresa! - o casal Thelma e Roy. Eles até conseguem sair da caverna e voltar à civilização, mas digamos que o mundo não é mais o mesmo desde que eles partiram para o subterrâneo horas antes...


Numa época em que não existia internet e as informações sobre cinema não se espalhavam com a rapidez de hoje, o ALIEN 2 carcamano enganou muita gente ao se passar como continuação verdadeira do filme de Ridley Scott (lançado no ano anterior, 1979). Tanto que quando a pirataria italiana chegou aos cinemas brasileiros, em 15 de junho de 1981, o repórter da Folha de São Paulo comprou gato por lebre e a divulgou como "sequência oficial".

Menos mal que a equipe da Folha foi ver o filme e, já na edição do dia seguinte (16/06/1981), corrigiu a própria "barriga": "Não se engane, não é a continuação de 'Alien', da Fox, exibido aqui no ano passado, mas apenas uma apropriação, provavelmente indébita, do monstro americano". Dois dias depois, o jornal publicou crítica assinada por Luciano Ramos esculhambando o filme (veja reprodução deste material abaixo; clique nas imagens para ampliar).

Folha caiu na 'Pegadinha do Mallandro' em 15/06/1981...

...e depois detonou o filme em 18/06/1981

Enfim, o ALIEN 2 genérico conseguiu fazer uma carreira tão popular pelos cinemas do mundo afora que, diz a lenda, a continuação oficial, aquela dirigida por James Cameron em 1986, só se chama "Aliens" porque seus produtores não queriam que um novo ALIEN 2 rivalizasse as atenções com a cópia pirata italiana nas prateleiras das locadoras!

Segundo o IMDB, a 20th Century Fox (que detinha os direitos do filme de Ridley Scott) até tentou processar Ciro Ippolito em 10 milhões de dólares pelo uso picareta do título do filme "Alien", mas um advogado espertinho livrou a cara do realizador italiano dizendo que ele teria se baseado em um livro de 1930 que também se chamava "Alien"! Pode?

Curiosamente, a base do filme inteiro, mais do que o próprio "Alien", parece ter sido a série inglesa "Quatermass". A ideia da sonda espacial que volta à Terra sem seus ocupantes, por exemplo, foi "emprestada" de "Terror que Mata" ("The Quatermass Experiment", 1955), enquanto os aliens escondidos em rochas vêm diretamente de "Quatermass 2" (1957), em que meteoritos traziam extraterrestres em forma gasosa no seu interior.


Fato é que, até pouco tempo atrás, essa trasheira era bem difícil de achar - aquele típico filme que todo mundo sabe que existe, mas ninguém realmente assistiu, como o "Star Wars Turco". Lembro que a primeira cópia que encontrei para assistir, cerca de 10 anos atrás, era gravada da TV italiana, e a imagem estava péssima - praticamente não se enxergava nada durante as cenas no interior da caverna escura.

Assim, foi um verdadeiro milagre quando uma distribuidora norte-americana lançou ALIEN 2 em BLU-RAY (!!!) há alguns anos, e fez um trabalho incrível na recuperação do filme, agora disponível pela primeira vez com imagem cristalina e remasterizada (menos aquelas cenas de arquivo no início, essas continuam ruins e granuladas). Só conferindo esse relançamento em blu-ray para perceber como a fotografia é linda, mesmo num troço barato e mal-feito como esse.


Por sinal, a locação é uma atração à parte: a caverna onde a história se passa é a Grotte di Castellana, que fica na província de Bari, em Puglia, Itália (saiba mais acessando o site oficial). O lugar é belíssimo e ficou muito bem representado no filme, dando aquele ar de claustrofobia buscado pelos realizadores que não tinham grana suficiente para simular uma nave ou o espaço, como Ridley Scott.

A surpresa vem quando você descobre que boa parte dos sinistros corredores e paredões de pedra do interior da caverna foram recriados em estúdio pelos designers Angelo Mattei e Mario Molli. Pois assistindo o filme você não diz que a coisa é de mentirinha, o que não deixa de ser um ponto positivo da produção (ou seja, nem sempre a falta de dinheiro significa desleixo).


Pena que, como já escrevi, Ciro Ippolito é um grande relaxado e preguiçoso, que provavelmente sabia que o título enganoso por si só já atrairia o público aos cinemas, e portanto não precisava caprichar no filme. Existem inúmeros tempos-mortos em ALIEN 2 que são um teste à paciência de qualquer espectador.

Sabe nos filmes do Godard ou do Tarkovsky, quando tem uma cena de cinco minutos só com o personagem acordando e levantando da cama? Os críticos chamam isso de "introspecção", "reflexão" e outros termos bonitos, mas para mim é só encheção de linguiça mesmo. De qualquer forma, Ippolito entrega incontáveis momentos arrastados de "introspecção", daqueles que nos fazem acender uma vela para o inventor da tecla Fast Foward.


Digamos apenas que ALIEN 2 não tem nenhuma pressa para contar sua historieta. O filme tem 92 minutos, mas os primeiros 40 são completamente dispensáveis, loooooooongos takes em que parece que Ciro esqueceu a câmera ligada acidentalmente e o editor mandou ver assim mesmo. Quando Thelma e Roy saem de casa para a entrevista da garota na TV, a câmera acompanha todo o trajeto do carro saindo da garagem e manobrando para entrar na rua, depois continua acompanhando a porta da garagem até fechar; como se já não fosse suficiente, ainda vemos todo o trajeto da casa deles até a emissora.

Mais tarde ainda, quando Thelma vai procurar seu psiquiatra, Peter (Donald Hodson), para falar sobre suas visões, é óbvio que seria muito fácil cortar diretamente para a moça deitada no divã do doutor. Ciro, por outro lado, prefere a "introspecção": ele mostra Thelma dirigindo até a praia, saindo do carro, caminhando até a beira do mar, observando um barco no horizonte, de onde desce o tal psiquiatra num bote, rema até a praia (durante longos minutos, já que precisamos ver todo o trajeto do bote até a margem), sai do bote e enfim começa a conversar com sua paciente. Um dia descobriremos que Ciro Ippolito era um gênio incompreendido e ele queria apenas representar "a forma como as pessoas nadam contra as ondas para resolver os problemas do próximo", ou algo do gênero. Seja como for, o tal psiquiatra passa cinco minutos remando até sua paciente e 30 segundos conversando com ela. Bela ajuda!


E quando os personagens entram na caverna, as coisas não melhoram muito. Pelo contrário: se você não for um fã confesso de maravilhas da natureza e/ou entusiasta da exploração de cavernas, provavelmente pegará no sono em alguma das incontáveis cenas dos jovens zanzando para lá e para cá entre túneis e estalagmites.

Sério, Ciro é tão ruim e sem-noção como diretor, e seu editor (Carlo Broglio) tão incompetente, que até a grande cena do filme - o alienígena saindo pela primeira vez de uma vítima - acaba se tornando demorada e intragável: a câmera se desloca, lentamente, dos pés de um dos rapazes pelo chão, percorrendo o corpo deitado da vítima da ponta dos pés até a cabeça, num take interminável e sem cortes! Bendito seja o Fast Foward! (Para masoquistas, existe uma versão ainda mais longa dessa cena como extra no blu-ray gringo!)


Menos mal que os ataques do monstro e cenas sangrentas (que representam, no máximo, uns 15 minutos do longa!) funcionam razoavelmente bem. Eu gosto bastante de uma cena envolvendo uma menininha na praia, que se aproxima de uma das pedras alienígenas enquanto ela está pulsando. Momentos depois, quando sua irmã (ou babá, ou mãe) vai procurá-la, encontra a pobre criança ajoelhada na areia e chorando, de costas. Quando a menina finalmente se vira, descobrimos que está com o rosto todo arrebentado! Brrrrr...

Outra cena bem legal, mas esta pelo fator trash, acontece no fim, quando Thelma e Roy voltam para a cidade e, ao invés de correrem direto para a delegacia, hospital ou quartel mais próximo, acabam seguindo direto para... aquele boliche onde eles estavam com os amigos no começo do filme! Ali, Thelma é perseguida pelo agora gigantesco monstro alienígena. E como Ciro não tinha dinheiro para construir um monstrão, filmou a cena do "ponto de vista do monstro", simplesmente colando pedaços de carne na lente da câmera (abaixo)! É impossível não rolar de rir.


E embora eu seja o primeiro a assumir que ALIEN 2 é ruim de lascar, confesso que tenho um carinho especial pelo filme porque ele já traz ideias e situações que veríamos em produções posteriores muito melhores. Por exemplo: a trama com os exploradores sendo atacados por monstros numa caverna viraria um filmaço 25 anos depois nas mãos do inglês Neil Marshall, em "Abismo do Medo" (2005).

Já algumas imagens violentas, como a cabeça se desgrudando do corpo, ou os tentáculos saindo pelo pescoço de uma vítima, me lembram as dolorosas mutações vistas posteriormente em "O Enigma do Outro Mundo" (1982), de John Carpenter.

E tem também um momento absurdo em que o monstro alienígena está escondido no corpo de um dos exploradores e Thelma usa seus poderes telecinéticos para explodir a cabeça da vítima, forçando o alien a se revelar - outra imagem que veríamos de maneira muito mais eficiente depois, em "Scanners" (1981), de David Cronenberg. (Embora seja covardia comparar a sangrenta explosão cabeçal de "Scanners" com a máscara de gesso inexpressiva que explode em ALIEN 2...)


Por tudo isso, é uma pena que ALIEN 2 seja tão ruim. Um diretor decente poderia tirar pelo menos um filme divertido dessa bagunça. Porque, do jeito que está, lembra até aqueles tempos pré-MP3, quando por duas ou três músicas boas você era obrigado a comprar um álbum inteiro em LP ou CD. Quer ver todas as cenas boas de ALIEN 2? Então assista ao trailer. O que não está no trailer é pura enrolação para fechar o tempo de um longa.

Ciro poderia também ter dado uma revisada no seu roteiro, repleto de problemas absurdos. Por que a equipe leva a pedra-alienígena para dentro da caverna ao invés de simplesmente encontrá-la por lá mesmo, por exemplo? Qual é exatamente o plano dos aliens, além de sair de pedras para o corpo dos humanos e depois de dentro deles para lugar nenhum? E por que Thelma não usa seus poderes de "scanner" para destruir o monstrão alienígena, considerando que eles são bem eficientes quando precisou explodir a cabeça de um dos seus amigos "possuídos" pelo extraterrestre?


Embora tenha chegado a alguns poucos cinemas no Brasil, ALIEN 2 nunca foi lançado em vídeo ou DVD por aqui. Mesmo lá fora, o filme só reapareceu recentemente no belíssimo blu-ray da Midnight Legacy Collection que eu mencionei. Antes, era raridade total.

Pois na minha ideia de um mundo ideal, edições de colecionador de todas as cópias vagabundas de "Alien" (incluindo este e "Alien Contamination") seriam lançadas num gigantesco "Ultimate Box Set" junto com a série "Alien" oficial. Nem que fosse para mostrar como muitas dessas cópias ainda são mais divertidas que os filmes originais, tipo "Alien 3" ou "Alien x Predador".

PS: Ciro Ippolito continua vivo e, em 2010, lançou uma auto-biografia chamada "Un Napoletano a Hollywood", sobre sua carreira como cineasta e produtor. Quem já leu disse que o livro é engraçadíssimo.


Trailer de ALIEN 2



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Alien 2 - Sulla Terra (1980, Itália)
Direção: Ciro Ippolito (aka Sam Cromwell)
Elenco: Belinda Mayne, Mark Bodin, Judy Perrin,
Michele Soavi (aka Mychael Shaw), Roberto Barrese,
Benedetta Fantoli e Claudio Falanga.



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