BOCA (1994)
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BOCA (1994)



Em dezembro de 2012, quando entrevistei o ator Anselmo Vasconcellos, falamos rapidamente sobre a produção internacional BOCA (1994), em que ele interpretou um policial corrupto ao lado de um elenco incrível composto por gringos como Rae Dawn Chong, Martin Kemp e Martin Sheen e "prata-da-casa" como Tarcísio Meira, Luma de Oliveira e o próprio Anselmo. Até então, esta produção de Zalman King filmada no Brasil era aquele negócio que muita gente até conhecia de nome, mas nunca tinha visto - eu incluso.

Mesmo na internet, essa inesgotável fonte de cultura inútil e bobajadas diversas, existem pouquíssimas referências a BOCA, mas uma cacetada de informações desencontradas e/ou equivocadas. O Internet Movie Data Base (IMDB), por exemplo, informa que o filme foi dirigido pelo próprio King em conjunto com o brasileiro Walter Avancini, quando na verdade a história não foi bem assim.


Enfim, como essas produções "misteriosas" sempre me encantam, comecei uma investigação para preencher as lacunas existentes. As primeiras pistas apareceram numa reportagem da Folha de São Paulo, publicada no caderno Ilustrada em outubro de 1994: BOCA seria mais uma versão da clássica peça "Boca de Ouro", escrita por Nelson Rodrigues - nesse caso, a terceira -, segundo a matéria do jornal.

A primeira adaptação para o cinema do texto de Nelson foi o fantástico "Boca de Ouro" dirigido por Nelson Pereira dos Santos em 1963, com Jece Valadão brilhando no papel-título. Já a segunda foi uma refilmagem dirigida por Walter Avancini (olha ele aí de novo!) em 1990, e com Tarcísio Meira (olha ele aí de novo!) como Boca. Esse remake foi tão esculhambado pelos críticos na época que nunca chegou a ser lançado em vídeo ou DVD.

Folha anunciou filme como remake de "Boca de Ouro"

Mas as coincidências entre os créditos de "Boca de Ouro", o remake, e do BOCA de Zalman King me deixaram com a pulga atrás da orelha: será que Tarcísio Meira gostou tanto de interpretar o personagem que repetiu o mesmo papel numa co-produção Brasil/Estados Unidos realizada apenas quatro anos depois, e co-dirigida novamente por Avancini? Aí tinha coisa errada...

Foi quando BOCA finalmente caiu na rede e eu pude ver com meus próprios olhos. Para minha surpresa, não apenas Tarcísio repetia o papel de Boca de Ouro, mas vários outros atores brasileiros daquele remake de 1990 apareciam em pequenas participações, como Luma de Oliveira, Cláudia Raia e Maria Padilha. Algumas cenas pareciam jogadas de qualquer jeito, desconexas, sem "fechar" totalmente com a narrativa.


Nesse momento, finalmente ficou clara a malandragem que nem o IMDB, nem aquela reportagem da Folha lá de 1994 se preocuparam em explicar: BOCA não é exatamente uma terceira versão do texto de Nelson Rodrigues, muito menos um filme novo; pelo contrário, trata-se de um novo "filme" produzido através da reciclagem de diversas cenas do "Boca de Ouro" de Avancini (por isso o crédito para ele no IMDB), que foram reeditadas com alguns novos trechos filmados anos depois com Tarcísio Meira e os atores americanos!

Para desenrolar essa história toda, recorri novamente a Anselmo Vasconcellos e também à produtora de elenco Denise del Cueto, que trabalhou nas cenas extras que foram filmadas para BOCA. Só aí apareceu o verdadeiro responsável pela direção do negócio: ao contrário do que informa o IMDB, não foi Zalman e nem Avancini, mas sim o francês radicado nos EUA René Manzor quem veio ao Brasil para gravar as novas cenas com os atores gringos.

Curiosamente, nenhum diretor é creditado em BOCA. Nos créditos iniciais, aparece apenas "A Zalman King Collection Film" (?!?), e nos finais Zalman é creditado como produtor executivo. O nome de René Manzor não é citado em momento algum, enquanto Walter Avancini ganhou crédito de "Contributing Director" junto com... Sandra Werneck??? Pois é: acontece que BOCA também reaproveita na montagem algumas imagens do documentário "A Guerra dos Meninos", filmado por Sandra em 1991, sobre a situação das crianças de rua no país!


Anselmo explicou que BOCA nasceu de uma parceria entre Joffre Rodrigues (filho do lendário Nelson e produtor do "Boca de Ouro" dirigido por Avancini) e Zalman King: o brasileiro vendeu para Zalman os direitos sobre o remake, e Zalman resolveu aproveitar apenas algumas cenas e filmar outras novas para transformar a história num dos seus típicos "erotic thrillers", podendo assim incluir personagens norte-americanos na trama.

Denise confirmou e detalhou: "Quando eu entrei na produção, já estava tudo armado. O Joffre era muito popular em Los Angeles por causa do pai, e foi ele que vendeu o filme para o Zalman. A ideia era essa desde o começo, de reaproveitar o 'Boca de Ouro' do Avancini para baratear os custos da versão americana. O material que eles reaproveitaram eram cenas difíceis, grandes, que seriam difíceis de fazer com baixo orçamento". BOCA teria custado apenas um milhão de dólares graças a essa malandragem!


Enquanto os filmes de 1963 e 1990 eram fiéis à peça de Nelson Rodrigues, em que uma ex-amante do finado Boca de Ouro aparecia dando três versões diferentes da vida do finado (que era bicheiro na versão dos anos 60 e traficante de drogas nos anos 90), BOCA opta por uma narrativa mais tradicional (nada de três versões aqui), misturando patéticas tentativas de crítica social com aquele típico "Brasil para gringo ver" - ou seja, Carnaval, favelas, sexo e macumba!

Por isso, o nome de Nelson Rodrigues como autor da peça "Boca de Ouro" sequer é citado nos créditos. O roteiro foi assinado apenas por Ed Silverstein, que era colaborador habitual do seriado de sacanagem "Red Shoe Diaries", produzido por Zalman King para a TV a cabo norte-americana entre 1992-99.


Vale lembrar que tanto Manzor quanto Zalman já tinham investido em sacanagem à brasileira antes de BOCA. Na mesma época, René dirigira um episódio de "Red Shoe Diaries" chamado "Night of Abandon", cuja trama envolve aventuras sexuais no Rio de Janeiro embaladas pelo misticismo das religiões afro-americanas e dos ritos a Iemanjá, estrelada pelos gringos Ann Cockburn e Daniel Leza e pela brasileira Catalina Bonakie.

Zalman, por sua vez, dirigiu o famigerado erotic thriller "Orquídea Selvagem" em 1989, cuja trama jogava Mickey Rourke, Carré Ottis e Jacqueline Bisset em aventuras sexuais num Rio de Janeiro absurdamente estereotipado.


Para BOCA, Zalman nem chegou a vir ao Brasil, sendo representado no país pelo diretor René e pelo seu homem de confiança, o produtor Jeff Young. Segundo aquela reportagem da Folha de São Paulo, as filmagens aconteceram entre abril e julho de 1993, no Rio, embora tanto Anselmo quanto Denise tenham chutado que as filmagens teriam acontecido em 1992.

"Nós íamos gravar no Morro da Mineira, no Rio, que ainda era bem violento na época, mas tivemos problemas graves e mudamos para o Morro Dona Marta", contou Denise, completando: "Foi algo bem 'low profile', nunca teve imprensa acompanhando nem nada. Foi uma produção bem barata, e a ideia era exatamente essa. A equipe era toda brasileira. De fora vieram apenas os dois atores principais, o coordenador de produção que representou o Zalman aqui, Jeff Young, e o diretor, René Manzor".


BOCA conta a história de um casal de repórteres gringos, J.J. (a linda Rae Dawn Chong) e Reb (o inglês Martin Kemp), que vêm ao Rio de Janeiro para investigar o extermínio de crianças de rua. Após várias entrevistas com padre, assistente social e delegado, eles percebem que ninguém se importa com as mortes e que a polícia finge olhar para o outro lado quando acontece algum massacre do gênero.

Não demora para J.J. fazer amizade com um dos muitos garotos que vivem nas ruas cariocas, um engraxate chamado Tomaz (Patrick de Oliveira). E, seguindo as indicações do moleque, ela e o colega descobrem que há um grupo de extermínio formado por policiais, e financiado por grandes empresários do turismo que querem "limpar a cidade" dos trombadinhas.


Só que as crianças ganham um protetor na figura do perigoso traficante Boca de Ouro (Tarcísio Meira), que tem essa alcunha por causa da dentadura com dentes de ouro. Quando J.J. e Reb estão prestes a testemunhar um novo massacre de crianças pelos policiais, Boca e seus homens aparecem na hora H e salvam os moleques da execução.

Aí é um pulo para a jornalista gringa se deixa fascinar pela figura do bandidão de dentes de ouro e pelo clima de sensualidade do Carnaval do Rio de Janeiro, envolvendo-se com toda aquela fauna típica da Cidade Maravilhosa (bandidos, traficantes, policiais corruptos), mais rituais de macumba e as trepadas de praxe, no que lembra um sub-"Orquídea Selvagem" misturado com trama policial de quinta categoria.


Em meio à narrativa, cenas do "Boca de Ouro" de Avancini são usadas indiscriminadamente como se fossem flashbacks ou histórias contadas pelo personagem de Tarcísio Meira. A cena em que ele é assassinado no meio de um lixão no filme de 1990, por exemplo, reaparece aqui diversas vezes como se fossem "visões premonitórias" do destino do traficante.

Já quando J.J. tira fotografias das crianças de rua, o que vemos são imagens extraídas do documentário "A Guerra dos Meninos", de Sandra Werneck!
 

O editor Andy Horvitch (que trabalhou em vários filmes da Empire/Full Moon) reaproveitou diversas cenas de mulher pelada do remake de 1990, incluindo a nudez de Luma de Oliveira, que tinha um papel de destaque no filme de Avancini, mas este "papel de destaque" foi reduzido a uma pontinha aqui.

Cláudia Raia, outra que aparecia bastante na versão original, foi praticamente cortada do filme e aparece dançando durante uns 20 segundos. Seu nome sequer é citado nos créditos.


Para garantir a cota de nudez nas novas cenas de BOCA, Rae Dawn Chong aparece nua e em cenas de sexo, e pelo menos duas vezes mostra o corpão que não pudemos ver em filmes como "Comando para Matar". Se em diversos takes a atriz está mesmo nua, em outros (principalmente quando ela aparece pelada de costas) fica a dúvida no ar.

Novamente, foi a produtora de elenco Denise quem elucidou o mistério: "A Rae usou uma dublê de corpo, porque ficou muito chateada por causa do corpão das brasileiras. A história é engraçada: nós ficamos no Hotel Glória, e, logo na chegada, ela foi atendida por uma recepcionista que era um espetáculo - brasileira, claro. A atriz ficou maluca ao ver que a recepcionista era mais linda do que ela, e pediu para usar uma dublê de corpo em diversas cenas".


Além dos atores que já apareciam nas cenas do filme de Avancini reaproveitadas na montagem, outros brasileiros fazem pequenas participações em BOCA: Nelson Xavier como um padre, Carlos Eduardo Dolabella como um milionário que seria o mandante dos crimes, José Lewgoy como um delegado e Ruth de Souza como uma assistente social, entre outros.

Já o nome mais conhecido entre o elenco internacional é Martin Sheen, que aparece muito pouco como um agente da Narcóticos chamado Jesse James Montgomery (!!!), e que nem chegou a vir ao Brasil. Suas cenas foram todas gravadas nos EUA, e por isso ele não chega a participar da trama principal. Tanto Sheen quanto Kemp (na época ainda mais famoso como baixista da banda new wave Spandau Ballet do que como ator) acabaram sendo sub-aproveitados no filme.


Anselmo aparece como um policial truculento chamado "Sargento Trebe" (o nome do personagem não é citado no filme, apenas nos créditos finais), que participa das execuções dos meninos de rua. Sua participação acabou sendo prejudicada no corte final, já que originalmente teria mais tempo em cena.

"O papel era bem legal e extenso. Filmamos muito, mas eles cortaram na edição para fazer um dois em um - ou seja, misturar o Avancini com o René Manzor", justificou o ator. Segundo Denise, havia uma cena que foi bastante difícil de filmar em que Trebe estuprava uma menina num lixão, e que infelizmente acabou no chão da sala de edição.


Embora BOCA seja bem ruinzinho, tem algo de divertido em ver tanta gente talentosa e conhecida reunida - principalmente em ver Tarcísio e Dolabella tirando casquinha da gringa Rae Dawn Chong, ou Vasconcellos peitando o inglês Kemp só para depois tomar um tiro no saco do Irmão Coragem promovido a Rei do Morro. (Vale lembrar que Tarcísio e Anselmo já tinham dividido a telona antes no fantástico "República dos Assassinos", de 1979)

Também é muito engraçado ver Tarcísio Meira falando inglês, e aquele inglês enrolado cheio de sotaque. Vários diálogos do ator são repetidos até três vezes em takes diferentes, quem sabe numa duvidosa homenagem ao filme "A Idade da Terra", de Glauber Rocha - em que acontecia a mesma coisa e todas as falas de Tarcísio eram repetidas três, quatro, cinco vezes.


Embora seja difícil eclipsar o fantástico desempenho de Jece Valadão como Boca de Ouro no filme de 1963, o astro até que demonstra um belo desempenho, tanto nas cenas originais gravadas por Avancini quanto nas regravações produzidas pela turma do Zalman. O mais irônico é que Tarcísio não foi a primeira escolha de Avancini para estrelar o remake: o primeiro convidado foi o roqueiro Lobão, então na sua fase "Vida Bandida"!

Claro que nas cenas adicionais gravadas pelos gringos o Boca traficante do filme de 1990 foi transformado numa figura mais heróica e idealista, que protege os meninos de rua da polícia. "O Tarcísio adorou fazer, ele ficou amarradão com a possibilidade de interpretar o Boca de Ouro pela segunda vez. E realmente participou com carinho, porque gostava muito do Joffre", lembrou Denise.


Naquela reportagem da Folha que não explicava que BOCA era uma remontagem de "Boca de Ouro", havia uma declaração curiosa do próprio Tarcísio sobre esta esquisita co-produção: "Não tenho a mínima ideia do que está no filme. Foi uma coisa estranha. As últimas cenas que rodei - depoimentos sobre meninos de rua - foram feitas depois que eu já tinha filmado tudo. Fui visitar o Dolabella e o Zalman King me pediu para filmar. O Jeff Young escreveu na hora, e rodamos. Eu já havia até tirado o bigode". (O tal depoimento nem entrou na montagem final.)

Na mesma entrevista, Tarcísio justifica seu inglês meio enrolado dando a culpa para o incômodo provocado pela "dentadura de ouro": "Era um volume imenso dentro da minha boca, difícil falar com aquilo, em outra língua pior ainda".


Assim, a grande curiosidade de BOCA é ser um autêntico "filme-Frankenstein", feito a partir de ideias e de retalhos de outras produções. O espectador atento pode até perceber quando é o Tarcísio Meira das cenas originais de 1990 e quando é Tarcísio repetindo o papel nas cenas filmadas alguns anos depois, já que seu cabelo está relativamente diferente.

E por serem dois filmes completamente diferentes costurados juntos, fica sempre aquela sensação de que as coisas não fecham. O tom é confuso: uma das cenas reaproveitadas do "Boca de Ouro" de Avancini, por exemplo, mostra Luma de Oliveira, Maria Padilha e Betty Gofman desfilando nuas num lixão, e algumas mulheres da favela, idosas inclusive, também tiram a roupa para imitar. São imagens até curiosas, mas que não se encaixam de maneira alguma na "narrativa norte-americana", cujo fio condutor é a investigação da matança das crianças de rua.


Mas confesso que me diverti vendo BOCA, da mesma maneira que sempre me divirto vendo produções estrangeiras rodadas no Brasil que mostram uma visão extremamente estereotipada do nosso país, ou que promovem encontros insólitos entre atores importados e brasileiros - tipo, digamos, "Kickboxer 3 - A Arte da Guerra", em que o karateka Sasha Mitchell sai distribuindo voadoras pela favela e os vilões são Gracindo Júnior e Monique Lafond!

Qualquer tentativa de fazer um comentário social sério sobre a situação das crianças de rua (e, acredite, isso acontece várias vezes) afunda na mesma hora em que a trama se entrega ao "Feitiço do Rio" e coloca seus personagens estrangeiros em meio a desfiles de Carnaval e afetadíssimos rituais de macumba, que lembram mais orgias caligulescas.


Vamos combinar que fica meio difícil falar sério quando o que você está fazendo é um erotic thriller, e tem a necessidade de mostrar alguém pelado ou transando a cada cinco minutos. Mesmo assim, Zalman King tentou e até colocou uns letreiros finais com números que tirou sabe-se lá de onde, informando que havia 7 milhões de menores abandonados vivendo nas ruas brasileiras na época das filmagens, e que a cada dois minutos uma criança morria de fome no país.

Ao que parece, ele levou BOCA um pouco mais a sério do que deveria, e chegou a comparar este seu pornô softcore com o clássico "Os Esquecidos", de Luis Buñuel! Prepotência pouca é bobagem!


Mas Zalman foi de certa forma um visionário, já que em 23 de julho de 1993, quando em teoria BOCA ainda estava sendo filmado, aconteceu a famosa Chacina da Candelária: policiais militares atiraram contra mais de setenta crianças e adolescentes de rua que estavam dormindo nas proximidades da Igreja da Candelária, no Rio, matando seis menores e dois maiores, e ferindo outros tantos.

Não foi o primeiro caso do gênero, e nem o último; mas foi esta chacina covarde que mais repercutiu no mundo, revelando uma triste realidade que tentávamos esconder. Realidade esta que atingiu o próprio elenco mirim de BOCA, segundo a produtora de elenco Denise: "Um dos meninos que aparece no filme, o Flávio, entrou para o tráfico e morreu logo depois".


BOCA só estreou na telona em 1994, no Toronto International Film Festival, no Canadá, mas não chegou a ganhar lançamento comercial nos Estados Unidos, onde saiu direto em vídeo em 1995. A produção também passou batida no Brasil, onde, a despeito daquela reportagem da Folha, nunca chegou aos cinemas e nem ao mercado doméstico (continua inédito em vídeo, DVD e blu-ray, como se nunca tivesse existido).

Até algum tempo atrás era muito difícil encontrar o filme, até que ele finalmente ganhou uma sobrevida ao ser redescoberto no universo dos downloads - para o horror de alguns dos envolvidos! Segundo Denise, o fato de esta co-produção não ter sido lançada no país foi um alívio: "Para falar a verdade, nós meio que abafamos o projeto porque sabíamos que ia ficar uma merda. Algum tempo depois, eu recebi uma fita VHS do filme e emprestei para o Tarcísio, que ainda não tinha visto".


Com o mistério sobre a autoria de BOCA finalmente resolvido (não acreditem em tudo que vocês leem no IMDB, amiguinhos!), recomendo este filme apenas a quem, como eu, se diverte com essas co-produções que apresentam um Brasil "para gringo ver". Ou para quem quiser ver a nudez da bela Rae Dawn Chong. Ou mesmo para quem quiser ver pelo menos algumas cenas (tipo Luma pelada) do "Boca de Ouro" de Walter Avancini, que só passou nos cinemas na época e depois sumiu para sempre.

Tudo considerado, esse filme-Frankenstein ainda é melhor e mais divertido que o outro erotic thriller brasileiro de Zalman King, o popular "Orquídea Selvagem", pois aqui pelo menos há uma trama policial vagabunda que evita que o espectador pegue no sono entre as diversas cenas de sexo softcore e nudez.

Deixo um agradecimento especial para Anselmo e Denise por terem ajudado a desenterrar a história curiosa por trás de BOCA. Vamos ver se agora alguém vai ter coragem de desenterrar o filme e exibi-lo em algum festival, ou pelo menos lançá-lo em DVD, para que mais gente possa dar umas boas risadas do "erotic thriller com consciência social" do Zalman King...


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Boca (1994, EUA/Brasil)
Direção: René Manzor (e Walter Avancini)
Elenco: Rae Dawn Chong, Tarcísio Meira, Martin Kemp,
Martin Shen, Carlos Eduardo Dolabella, José Lewgoy,
Anselmo Vasconcellos e Luma de Oliveira.



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