Filmes Legais
O Analista de Taras Deliciosas
A paródia e o escracho faziam parte dos filmes produzidos na Boca do Lixo do São Paulo. Uma das principais gozações feitas na época áurea do cinema paulista foi o clássico "Bacalhau", dirigido por Adriano Stuart em 1976. "Bacalhau" ou "Bac's" era a resposta brasileira para o "Tubarão" (Jaws) de Steven Spielberg, filmado um ano antes nos Estados Unidos. No início dos anos 80, as pornochanchadas e o cinema de gênero da Boca foram substituídos pelos filmes de sexo explícito. Mas o esculacho não foi abandonado na fase ginecológica do nosso cinema, como prova "O Analista de Taras Deliciosas", a versão pornô do seriado "A Ilha da Fantasia".
"O Analista de Taras Deliciosas" foi dirigido por Fauzi Mansur em 1984, justamente o último ano de produção do seriado americano (1978/1984) com os protagonistas Ricardo Montalban e Hervé Villechaize. O primeiro fazia o papel do Sr. Roarke, o anfitrião da ilha paradisíaca onde os visitantes podiam realizar suas fantasias. Hervé interpretava Tattoo, o anão que era o braço direito do Sr. Roarke. Em "O Analista de Taras Deliciosas" eles são substituídos pelos atores Alan Fontaine e Chumbinho. Quando ambos aparecem na primeira cena da obra pornô trajando ternos brancos, o espectador já percebe a fonte de inspiração de Izuaf Rusnam (o nome do diretor aparece creditado de trás para a frente).
No início de cada episódio de "A Ilha da Fantasia", Tatto aparecia tocando um sino e gritando "olha o avião" para avisar o Sr. Roarke que novos visitantes estavam chegando. Com a peculiar falta de recursos das produções da Boca, os visitantes chegam num ônibus de turismo mesmo. Só faltou colocar o Chumbinho berrando "olha o busão". O mais famoso anão do cinema brasileiro, aqui no papel do mordomo Ling, se limita apenas a avisar o Dr. Moss (Alan Fontaine) de que "está tudo pronto para receber os novos clientes". A ilha paradisíaca é substituída por um clínica que funciona numa espécie de hotel fazenda.
Dr. Moss reúne os auxiliares e explica que todos eles devem se empenhar para resolver os desejos dos visitantes. Uma ninfomaníaca quer transar com um vampiro. Outra tem prazer em enfiar objetos estranhos na vagina. Um cinéfilo pretende ter uma noite de prazer com a atriz Elizabeh Taylor. Um pervertido sonha em ir para a cama com uma freira. Outro quer representar o pistoleiro Billy the Kid enquanto faz sexo. Uma senhora casada quer ser raptada por homens bem dotados. A clientela é formada ainda por um casal de sadomasoquistas, um homem que tem prazer em ver a mulher nas mãos de outro e ainda um aleijado impotente.
No meio dessa turma toda estão perdidos o sobrinho do Dr. Moss e a mulher dele, que foram apenas curtir um final de semana no local. O Dr. Moss alerta sua equipe para que o casal não descubra o real propósito da clínica. O sobrinho recebe a orientação do tio de que nunca abandonem o quarto, principalmente à noite, pois os pacientes podem se tornar perigosos. Claro que o casal fica entediado e não segue a orientação do Dr. Moss, se envolvendo em situações cômicas na clínica. As taras da clientela podem não ser deliciosas como sugere o título, mas são hilárias por conta dos diálogos do roteiro de Wilson Vaz e Waldir Kopeski.
Direção: Izuaf Rusnam (pseudônimo de Fauzi Mansur). Elenco: Alan Fontaine, Chumbinho, Oásis Minitti, Cléo Rodrigues, Walter Gabarron, Eliane Gabarron, Paula Sanches, Antônio Rody, Carlos Nascimento, Marthus Mathias, Oswaldo Cirilo, Nardo Sabatini, Saipy Marquesa, Adauto Salomão, Tereza Rodrigues, Nelson Ramos, Betty Muriel, Vania Bonier, Michele Analidei, Edna Ferreira, Ronaldo Amaral, Carlos Farah, J.Brito, Renata Close, Cristiane Silva, Telma Xavier, Meire Belacosa e Pedro Terra. Duração: 1h24.
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