O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO (1985)
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O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO (1985)



Você já sabe que O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO vai ser um filme mágico só pela primeira cena, que mostra um prisioneiro sendo colocado na cela apertada de um presídio e encontrando Satã (aquele gigante dos filmes do Zé do Caixão) peladão! Satã então diz ao recém-chegado: "Meu nome é Tadeu, mas eu prefiro ser chamado de Deus! E pra começar, você vai lavar a minha cueca!". Segue-se uma pancadaria, com o recém-chegado esmagando a cabeça de um outro preso (que veste apenas uma cueca vermelha!) contra a parede, e os créditos iniciais onde o nome do filme é absurdamente grafado como "O Império do SÉXO Explícito"!!!

(Detalhe: Tal cena não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER com o restante do filme, e é simplesmente esquecida depois dos créditos iniciais!)


Não bastasse estes "pré-requisitos", o filme é mais uma daquelas indigestas misturas de pornô hardcore com elementos dos gêneros ação e policial, como era comum produzir na Boca do Lixo dos anos 80.

Tem um milhão de erros de continuidade, cenas de sexo explícito enxertadas de qualquer jeito na montagem, tiroteios e até uma rápida perseguição de automóveis.

Tem também um grande motivo para agüentar cenas como a de Satã peladão: a musa das musas ZILDA MAYO, em várias cenas peladona, mas sempre linda e maravilhosa (e isso já é motivo mais que suficiente para grafar seu nome em maiúsculas).


O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO é assinado por Marcelo Motta, ex-aluno de Mojica, que o dirigiu em "A Estranha Hospedaria dos Prazeres" (1976) e depois partiu para a pornochanchada ("O Chapeuzinho Vermelho", de 1980, também com Oásis Minitti), e finalmente para o sexo explícito, logo sumindo sem deixar rastros.

Como muitos outros pornôs brasileiros da época, este também tem a maior cara de ser um filme policial "sério" que teve cenas explícitas adicionadas posteriormente na montagem, apenas para aproveitar a nova moda do hardcore na Boca do Lixo. Afinal, o filme é de 1985, o grande ano da fodelança no cinema brasileiro. Como escreveu Edward Janks na revista virtual Zingu, mais de 70 filmes de sacanagem foram produzidos/lançados em 85, entre eles "clássicos" como "O Viciado em C...", "O Analista das Taras Deliciosas" e "Edifício Treme-Treme".


Entre uma trepada enxertada e outra, O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO conta a história de Marcelo (o falecido Oásis), um ex-presidiário em busca de vingança - mas não pergunte vingança de quem ou por quê, pois estas explicações devem ter ficado nas páginas de roteiro eliminadas quando o filme se transformou em pornô.

Ele se une ao amigo Luanda (Satã) para passar a perna em duas violentas quadrilhas de traficantes de drogas, que estão para fazer uma negociação milionária. Quando chega a hora da troca, Marcelo embolsa o dinheiro, rouba a muamba, mata o entregador e inicia uma sangrenta guerra entre quadrilhas.


Mas o cerco se fecha também contra ele e suas duas amadas, Cris (não sei quem é a atriz) e Linda (ZILDA MAYO, óbvio!), uma amante do passado que o anti-herói reencontra.

Apesar do seu tom sério, o filme é uma comédia involuntária do início ao fim: os gângsters fazem o tipo mafioso (no Brasil!), andando de lá para cá em terninhos brancos e com óculos escuros, mas aparecem telefonando de orelhão (!!!) e promovendo orgias caligulescas, quando entram as tais cenas enxertadas de sexo hardcore.

Claro que nenhum dos personagens principais participa destes oba-obas: um take de Oásis Minitti abrindo uma porta é seguido por outro (filmado em outro tempo e outro lugar) de uma suruba rolando no interior do quarto, e por aí vai.


O único dos atores principais que realmente aparece num rala-e-rola explícito é o próprio Oásis, que protagoniza uma cena de penetração, sexo oral e gozo com uma loira anônima na cama. Misteriosamente, assim que a cena acaba a tal loira é substituída pela outra atriz que interpreta a sua namorada, sem que uma tenha nada a ver fisicamente com a outra! Nem Ed Wood aprontava dessas...

Já ZILDA MAYO não participa de nenhuma cena explícita (ela nunca fez pornô hardcore, ao contrário do que muitos sites desavisados divulgam por aí), mas está maravilhosamente sexy nas várias cenas em que aparece tomando banho nua de piscina, ou protagonizando sexo simulado com Oásis e com outro ator anônimo na praia.


Esta cena da praia inclusive tem um lance divertido: o tal ator tenta "animar" as coisas metendo a mão na perereca da ZILDA, e ela, visivelmente sem jeito, arranca o braço do sujeito dali rapidinho! O cara é até capaz de ter tomado umas porradas depois que o diretor gritou "Corta"...

E tome abobrinha em 80 minutos de filme: os gângsters ora falam diálogos rebuscados, como "A entrega será realizada dentro de 72 horas" (por que não fala "3 dias" de uma vez, caramba?!?), ora desfilam pérolas no estilo "Você se julga muito esperto, não é? Pois amanhã nós saberemos quem você é, de onde é e até a cor da merda que você caga!", ou "Descubram esse Boccato nem que ele esteja escondido debaixo da saia fedorenta da puta da mãe dele!".

O tal Boccato é uma pérola: o bandidão é interpretado por um dos piores atores coadjuvantes do cinema brasileiro, o histórico Marthus Mathias (de "Prisioneiras da Ilha do Diabo", 1980), imortalizado por ter emprestado a sua voz ao Fred Flinstone na dublagem clássica do desenho. Pois Marthus passa o filme inteiro arregalando os olhos, e ainda protagoniza uma constrangedora cena de sexo (implícito, graças a deus!), em que toma porradas de uma garota.


O sexo de O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO também é daquele tipo feio, sujo e malvado característico do cinema pornô da Boca, com suas mulheres feias desfilando celulite e pêlos enormes nos lugares mais estranhos. As cenas hardcore, sempre filmadas em motel, ficam interrompendo a narrativa o tempo inteiro, e mostram homens e mulheres que nem ao menos fazem parte da história, deixando o filme truncado, especialmente no final (uma trepada explícita chega a cortar no meio o clímatico duelo entre herói e vilões!!!).

Mas é simplesmente inesquecível a cena de sexo explícito ao som de uma versão instrumental de "Can't Take My Eyes off You"; não bastasse a música completamente deslocada, o sujeito lá pelas tantas começa a masturbar a mulher com o próprio sapato dela (!!!), enfiando o salto na vagina da coitada! E viva o romantismo no cinema pornô brasileiro...

E como se isso tudo não bastasse, o filme ainda traz uma pequena participação do mito SADY BABY como coadjuvante. A bem da verdade, apesar de seu nome aparecer nos créditos iniciais, Sady fica na tela apenas por alguns segundos, e está quase irreconhecível como um dos capangas do vilão (eu mesmo só o reconheci porque o Gio Mendes, do blog Mondo Cane, deu a letra!).


Por essa tonelada de bobagens e pelas divertidas cenas de ação - quando Oásis Minitti misteriosamente começa a usar uma touca ninja (!!!) para detonar os rivais com tiros de espingarda na fuça (!!!) -, O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO é diversão garantida para os fãs do escalafobético e delirante cinema pornô brasileiro.

E ainda tem o colírio ZILDA MAYO para nos fazer esquecer do Satã pelado, do salto de sapato na vagina ao som de "Can't Take My Eyes off You", do Marthus Mathias semi-nu e da pança de chopp do Oásis Minitti.


Como curiosidade, o elenco traz três envolvidos em "Coisas Eróticas", o primeiro pornô brasileiro: o galã Minitti, Deusa Angelino e Laerte Calicchio, que inclusive dirigiu um dos episódios de "Coisas Eróticas".

Enfim, O IMPÉRIO DO SEXO EXPLÍCITO é altamente recomendável para todos os débeis mentais, tarados-dementes e cultuadores do mais pútrido lixo cinematográfico - ou seja, todos vocês, nobres leitores do FILMES PARA DOIDOS!

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O Império do Sexo Explícito (1985, Brasil)
Direção: Marcelo Motta
Elenco: Oásis Minitti, Zilda Mayo, Satã
Marthus Mathias, Mara Prado, Bianca Blonde,
Grace Beck, Deusa Angelino e Noelle Pinne.





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