Os filmes que eu vi no Fantaspoa
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Os filmes que eu vi no Fantaspoa


A SERBIAN FILM (Srpski Film, 2010, Sérvia. Dir: Srdjan Spasojevic)
Esse originalmente estava na minha lista de boicote, mas resolvi conferir no Fantaspoa só para sacar de perto qual seria a reação do público ao tão anunciado "filme mais chocante dos últimos tempos". Claro, isso foi antes da palhaçada da censura à película no Rio de Janeiro. O irônico é que todo esse marketing em cima do "choque" não poderia ser menos apropriado: os espectadores que se preparavam para sair chocados e revoltados da sessão em Porto Alegre (eu inclusive) acabaram rindo o tempo todo, de forma que o título poderia ser modificado para "A Serbian Comedy". Vá lá que a cópia exibida no Fantaspoa era cortada em alguns minutos, mas mesmo as supostas cenas "mais fortes" não trazem nada de tão abominável (os "momentos snuff" do "Emanuelle in America", que Joe D'Amato fez mais de 30 anos antes, continuam muito mais fortes que essa tralha sérvia inteira). Além disso, vamos combinar que momentos dignos das obras da Troma, como o sujeito que é morto com um caralho enfiado no olho, não ajudam nada. Pelo menos, "A Serbian Film" revelou-se bem mais divertido do que eu imaginava. Confesso que esperava algo mais grosseiro e gratuito, estilo "Irreversível" ou aquelas sangreiras da série "Guinnea Pig". Mas o trabalho do estreante Spasojevic surpreende porque ele tenta contar uma historinha razoavelmente interessante que justifique a barbárie no ato final. Eu até achei a trama muito melhor ANTES que toda a brutalidade finalmente entrasse em cena. Porque, quando o sangue começa a rolar, a opção do diretor em querer ser fodão e "super-chocante" acaba levando a cenas absurdamente apelativas, idiotas até, como o tal "newborn porn". Só não vá na onda de certos críticos e nem acredite muito nas entrevistas do diretor sobre como "A Serbian Film" é uma história sobre a situação atual da Sérvia. Na verdade, este é mais um caso de muito barulho por nada, de cachorrinho que late demais mas não morde. E muito parecido com o filme norte-americano "8mm", de Joel Schumacher - inclusive a figura do cineasta maluco de "A Serbian Film" é uma cópia xerox do personagem interpretado por Peter Stormare no filme ianque. Se você está com medo do filme sérvio por tudo que leu por aí, não se preocupe que há muito de exagero e pouco de verdade nos relatos. Para quem já viu pérolas como "Cannibal Holocaust" e "Antropophagous" (que também tem violência contra fetos, mas de forma muito mais convincente), o tal "filme mais chocante dos últimos tempos" parecerá quase inofensivo. Cômico, até, em seus exageros e absurdos. Mas, definitivamente, não é para todos os públicos.


VERMELHO, BRANCO E AZUL (Red White & Blue, 2010, Inglaterra. Dir: Simon Rumley)
Curto e grosso: eu não gostei de "Vermelho, Branco e Azul". Mas vou humildemente pedir aos leitores que relevem minha opinião e assistam o filme por sua conta e risco. Afinal, eu sou a única pessoa que conheço que NÃO gostou de "Vermelho, Branco e Azul": o filme não só foi elogiado com louvor por todos que estavam na mesma sessão que eu em Porto Alegre, como ainda foi eleito Melhor Filme do Fantaspoa 2011! A obra tem dois atos bem distintos: (SPOILERS) o primeiro é um drama pesado sobre uma garota promíscua que se relaciona sexualmente com vários homens, na verdade contaminando-os com o vírus da Aids sem que eles saibam; o segundo mostra um psicopata, obcecado pela tal garota, "castigando" brutalmente as pessoas que julga responsáveis pela sua morte (FIM DOS SPOILERS). Cada ato dura cerca de uma hora, e o último é basicamente uma sequência de tortura-morte, tortura-morte, tortura-morte de pessoas, sem nenhuma reviravolta ou surpresa no processo. Me lembrou um filme exibido no Fantaspoa do ano passado, "O Cavaleiro" (lançado em DVD no Brasil como "Vingança Animal"), que também não foge muito disso. E confesso que não me agrada esse tipo de história que não chega a lugar algum, apenas vai de uma tortura-morte para a outra. Ora, até o mais básico dos "Jogos Mortais" tem uma historinha por trás. Não é o caso aqui: você logo percebe que o sujeito vai pegar, torturar e matar cada uma das pessoas que está perseguindo, e nenhuma delas vai tentar escapar ou reagir para pelo menos criar alguma situação de tensão ou conflito; e como nem ao menos há a polícia ou algum outro antagonista atrás do sujeito, o restante do filme se resume ao tortura-morte, tortura-morte, tortura-morte... Para piorar, é impossível simpatizar com qualquer um dos personagens! Vá lá, há algumas boas qualidades no conjunto, como a relação de um roqueiro rebelde com sua mãe que sofre de câncer, e a interpretação do irreconhecível Noah Taylor (que geralmente faz papel de bonzinho, e aqui está assustador como psicopata). Mas, como já falei, particularmente EU não engulo esse tipo de narrativa. E se todo mundo ficou extasiado menos eu, então provavelmente o errado da história sou eu, e é por isso que recomendo que todos confiram "Vermelho, Branco e Azul" para julgar por conta própria. Só sei que, além de ter achado o filme em si bem fraquinho, fiquei ainda mais puto acompanhando os comentários do diretor Simon Rumley ao final, quando ele tentou convencer o público de que seu filme era uma "alegoria sobre a situação sóciopolítica dos Estados Unidos hoje". Aham, tá bom...


O MASSACRE DE REYKJAVIK (Reykjavik Whale Watching Massacre, 2009, Islândia. Dir: Júlíus Kemp)
Uma decepção. O título original, o pôster, a sequência de abertura nua e crua mostrando a pesca e matança de uma baleia (cena real?) e a presença do ator Gunnar Hansen (o Leatherface original) fazem pensar que estamos diante de um terrorzão sério, estilo "O Massacre da Serra Elétrica". Tem até uma família de psicopatas (provavelmente canibais) que vivem não no interior do Texas, mas num velho barco de pesca de baleias, e uma garota aprisionada e submetida a vários horrores para gritar o tempo todo, como Marilyn Burns no filme de Tobe Hooper. Infelizmente, se a ideia era homenagear ou emular o clima daquele clássico, "O Massacre de Reykjavik" erra feio. Até porque logo se entrega a um inesperado senso de humor, com mortes e diálogos engraçadinhos, personagens toscos e vilões patéticos. Uma qualidade do filme é não render-se ao tradicional clichê dos "adolescentes em férias", preferindo apresentar um elenco adulto e formado por estrangeiros de diferentes nacionalidades. Mas as piadas não funcionam - com exceção do herói que se confessa gay no "clímax romântico" com a mocinha -, o suspense e a tensão logo dão lugar a intermináveis correrias pelo navio, e os personagens são tão idiotas que acabamos torcendo para que todos morram de uma vez, tanto heróis quanto vilões. Gunnar Hansen tem uma participação minúscula e sai de cena sem muito brilho, e o roteiro é uma verdadeira bagunça, espalhando núcleos de pessoas para lá e para cá sem muito critério. O filme até tem sangue e violência, mas as cenas não são memoráveis e já foram vistas antes e melhor. Não falta nem o negro morto acidentalmente como se fosse vilão, à la "A Noite dos Mortos-vivos". Muitos talvez encontrem diversão nessa balbúrdia, mas é uma pena que o filme nunca se decida entre tensão ou humor negro, e nem tente contar uma história minimamente diferente (e mais séria). Como curiosidade, ele foi inicialmente marketeado como "Iceland's first thriller", mas após sua estreia nos cinemas os realizadores mudaram a tagline para "Should only be seen if you have a sense of humor"!!!


AURORA (Dawning, 2009, EUA. Dir: Gregg Holtgrewe)
Uma família passa uma noite de horror numa casa de campo quando um desconhecido aparece dizendo que há algo monstruoso "lá fora", na floresta. OK, o ponto de partida é interessante, embora nada original. O problema é que a tal família descrita no argumento é uma família disfuncional, detalhe que parece apenas uma desculpa do diretor-roteirista-produtor Gregg Holtgrewe para esticar o que podia ser um curta-metragem interessante durante insuportáveis 82 minutos. É isso mesmo, amiguinhos: embora o argumento, do jeito que se apresenta, não sobreviva a mais que 20 minutos, Holtgrewe faz o possível e o impossível para acabar com um longa nas mãos, e isso inclui intermináveis discussões da tal família disfuncional, cujos filhos ficam toda hora se pegando com os pais e vice-versa. Parece até que você está assistindo aqueles programas barraqueiros de TV, tipo "Casos de Família", ao mesmo tempo em que fica zapeando para algum filme de terror classe B em outro canal, pois as duas ideias parecem nunca funcionar juntas. E o interesse por qualquer coisa que possa acontecer aos personagens se esvai depois da décima briga e/ou discussão entre eles, quando você fica esperando desesperadamente que a tal "coisa" existente na floresta entre logo naquela maldita casa e mate todo mundo de um vez. O pior é que a trama até começa bem, apresentando a ideia de uma ameaça desconhecida (sobrenatural ou "humana"?) quando o cachorro da família some e depois reaparece mortalmente ferido. Aí você fica esperando que algo interessante aconteça a qualquer momento, mas a situação não se sustenta, a tensão é inexistente e a sensação de que o diretor está embromando de propósito e fazendo um curta esticado logo fica evidente. E é tão chato, mas tão chato, que um crítico gringo fez um trocadilho com o título original, mudando-o para "Yawning" (Bocejo). Uma boa opção para quem sofre de insônia, portanto!


LUNÓPOLIS (Lunopolis, 2009, EUA. Dir: Matthew Avant)
Até a metade de "Lunópolis", eu imaginei que estava diante do "8th Wonderland" do Fantaspoa 2011: com o já saturado formato de "falso documentário", o filme de estreia do norte-americano Matthew Avant narra uma intrincada, porém muito inteligente história que envolve viagens no tempo, teorias da conspiração, universos paralelos e até a existência de uma civilização avançada que vive na Lua e controla o destino da humanidade. Porém (e sempre tem um porém), a trama que começa intrigante e interessantíssima de repente "trava". É como se alguém desse "pause" na narrativa para que um montão de estudiosos e cientistas (atores, obviamente) entre em cena para teorizar sobre viagens no tempo e a criação de universos paralelos, tentando dar algum "embasamento científico" para a história que está sendo contada. Só que é um autêntico tiro no pé: os sujeitos falam, falam e falam sem parar para explicar o que, na essência, qualquer pessoa que viu a série "De Volta para o Futuro" já sabe! Talvez o objetivo dos realizadores seja fazer com que espectadores desavisados acreditem que tudo aquilo possa ser real; afinal, isso é um "mockumentary" (será que alguém ainda cai nessa?). Mas podiam ter feito a mesma coisa de outra maneira. Até porque, depois da chatíssima aula de física, o filme segue ladeira abaixo, com soluções fáceis e explicações idiotas (uma pedra mágica da Lua?) quase estragando o que começou tão bem. A sequência final, que remete de volta ao início (e também explica a primeira cena), é ótima, mas até chegar ali o estrago já foi feito. "Lunópolis" não é exatamente ruim, mas exige muita paciência e também que o espectador "embarque" no conceito, o que não é tão simples. Porém é preciso dar algum crédito a Avant, pois o sujeito fez absolutamente tudo na obra: dirigiu, escreveu, produziu, estrelou, editou e ainda assinou som, design de produção e direção de arte (!!!). Ainda assim, o filme se parece muito com um episódio de "Arquivo X" esticado.


O SANATÓRIO (El Sanatorio, 2010, Costa Rica. Dir: Miguel Alejandro Gomez)
Mais um falso documentário estilo "A Bruxa de Blair" e "Atividade Paranormal"? Aham. E foi um dos quatro ou cinco filmes nesse estilo exibidos no Fantaspoa, comprovando que os cineastas desse mundo andam precisando desesperadamente de novas ideias. Menos mal que "O Sanatório" tem pelo menos dois grandes motivos para ser descoberto: primeiro, é uma rara produção do gênero vinda da Costa Rica (!!!); segundo, é um daqueles raros filmes de horror que são mais divertidos e interessantes pelos momentos que ANTECEDEM os fenômenos sobrenaturais! Contada através de entrevistas feitas pelos protagonistas e cenas supostamente "reais" gravadas com câmera na mão, a história mostra jovens jornalistas e estudantes de cinema realizando um documentário sobre um sanatório com fama de assombrado. O horror e os fantasmas só aparecem nos 20 minutos finais; antes, no que considero a melhor parte do filme, acompanhamos o relacionamento entre os personagens, que vivem brigando e brincando entre si. O diretor-roteirista Gomez se esforça para transformá-los em personagens verossímeis, em momentos como o dos amigos jogando videogame (e discutindo, lógico), ou o rapaz tímido que convida a bonitona por quem é apaixonado para fazer parte da equipe, e depois vive levando foras diante da câmera. Esses momentos e detalhes são muito mais interessantes que os fantasmas propriamente ditos. Também são bem engraçados os depoimentos de pessoas que testemunharam os horrores do sanatório (a cena em que um jornalista fala, com os olhos arregalados, que "se cagou todo", naquele espanhol hilário, é de rolar de rir). Ao final, quando os fantasmas do sanatório finalmente dão as caras, cai-se na rotina das histórias do gênero, mas mesmo assim com alguns bons sustos. Por isso, mesmo que perca bastante no quesito "novidade", esse é um pequeno filme bem divertido que vale a pena conhecer. "Juancitoooooo"...


PRESSÁGIO (Presagi, 2010, Itália. Dir: Lamberto Bava)
Entre os famosos representantes do cinema fantástico italiano dos anos 70-80, Lamberto Bava é um dos poucos que continua na ativa, mesmo que seus filmes recentes ("A Tortura", "Mensagem do Além"...) fiquem bem abaixo da média. "Presságio", seu último trabalho, é uma produção feita para a TV italiana e estreou oficialmente no Fantaspoa - também foi a primeira vez que o diretor viu a obra junto com o público. O filme conta a história de uma médium que começa a ter visões com uma garotinha vestindo capa-de-chuva vermelha; um ex-agente do FBI investiga o caso, acreditando que são premonições envolvendo uma menina recentemente sequestrada. Não há grandes novidades na trama nem na forma de contá-la, embora o roteiro tenha alguns poucos detalhes visualmente criativos - como as visões da médium que mostram o vulto do assassino em forma de animal predador. No geral, entretanto, "Presságio" é um filme extremamente convencional e sem grandes atrativos, daquele tipo que mais cedo ou mais tarde acaba passando no Supercine e é ignorado. Essa não é a primeira vez que Bava faz filmes para a TV: "O Terror Não Tira Férias" e "Amantes Diabólicos", por exemplo, também foram produzidos para a televisão italiana e são infinitamente mais criativos e melhor dirigidos. Aqui, o veterano diretor trabalha de maneira burocrática e contida. Parece até de má vontade, como se estivesse apenas esperando para receber o cheque pelo trabalho no final do mês. E mesmo assim é possível encontrar pelo menos uma qualidade: a excelente interpretação do norte-americano Craig Bierko como o amargurado e traumatizado agente. E olha que o sujeito já se queimou fazendo "Todo Mundo em Pânico 4" e "Super-Herói - O Filme"!!! A propósito: Bava jura que a menina de capa-de-chuva vermelha é uma referência a Chapeuzinho Vermelho, e não ao clássico "Inverno de Sangue em Veneza". Então tá...


FAMÍLIA NUCLEAR (Nuclear Family, 2010, EUA. Dir: Kyle Rankin)
Assistindo a essa aventura pós-apocalíptica do simpático Kyle Rankin (com quem tive a felicidade de bater um papo e tomar umas cachaças durante os dias de Fantaspoa), me senti de volta aos anos 80. Como muitos filmes daquela década, "Nuclear Family" também se leva pouco a sério, atropelando explicações em prol da ação que nunca pára, e com um roteiro esquemático que apenas leva os heróis de um perigo para outro. O filme acompanha as aventuras de uma família (pai, mãe e filha pequena) que tenta sobreviver após um holocausto nuclear, num mundo devastado e repleto de criminosos bárbaros. Personagens e situações são caricaturais: há uma garota (interpretada por Danielle Harris) que atira facas com fantástica perícia, portanto o roteiro logo se adianta em explicar que, antes do holocausto, ela era atiradora de facas num circo (!!!); já o vilão era um escritor de livros de auto-ajuda antes do fim do mundo, interpretado pelo fantástico Ray Wise. Há algumas bobagens, como um misterioso vírus que afeta o comportamento humano, mas são falhas facilmente perdoáveis toda vez que Wise entra em cena, roubando o show como um vilão cruel e psicopata, sim, mas tão cheio de frases de efeito e momentos ensandecidos que o espectador fica do seu lado, torcendo para que ele apareça mais no filme. Wise parece um Jack Nicholson dos pobres, e "Nuclear Family" é a prova de que como ele rende quando bem-dirigido. Curiosamente, a história não tem uma conclusão, deixando a trama em aberto para uma possível sequência. Ou, quem sabe, para continuar a acompanhar as aventuras da "família nuclear" num futuro seriado. Até porque o filme tem a maior cara de piloto de série de TV. De qualquer jeito, continuando ou não no futuro, esse aqui cumpre o que promete: diversão descompromissada e muitas gargalhadas. Algumas propositais, mas outras visivelmente involuntárias.


MANÔUSHE (1992, Brasil. Dir: Luiz Begazo)
A grande curiosidade do Fantaspoa 2011. Esse filme brasileiro foi realizado em 1992, nunca lançado comercialmente no país (embora tenha sido exibido no exterior), e é o único trabalho do mineiro Luiz Begazo. Com um olhar bem particular, o diretor encena uma trama fantástica que se passa num universo mágico, envolvendo ciganos, artistas mambembes e uma floresta repleta de criaturas bizarras. Praticamente sem diálogos - as poucas conversas entre os personagens são num bizarro dialeto usado pelos ciganos, e, sem legendas, ininteligíveis -, "Manôushe" começa com o funeral de um velho cigano; sua viúva então começa a recordar-se dos dias em que se conheceram, e o filme conta a história em flashback mostrando a fuga do casal de apaixonados e sua passagem por uma floresta repleta de monstrinhos e ameaças. Visualmente deslumbrante e com uma fotografia belíssima, a obra tem elementos que lembram trabalhos tão díspares quanto os de Fellini, Alejandro Jodorowsky ou mesmo o cinema fantástico da década de 80 (especialmente obras como "A Lenda", de Ridley Scott, e "Labirinto", de Jim Henson). Mas não é um filme infantil. Aliás, se há um problema na obra, é justamente sua indecisão entre ser fantasia para adultos ou história fofinha para crianças. Embora o primeiro e o segundo atos sejam fantásticos, a narrativa começa a se tornar arrastada quando o casal entra na tal floresta mágica. O episódio se arrasta mais do que o necessário, e, pior, sem que exista um fio condutor para manter o interesse. Isso, mais a ausência de diálogos, são um convite ao sono, embora o belíssimo visual e a fotografia consigam prender a atenção do espectador até o final. "Manôushe" é uma obra mais bela e "diferente" do que propriamente memorável, mas conhecê-la é obrigatório para qualquer fã de cinema brasileiro, e principalmente para quem tem interesse no cinema fantástico feito no país. É uma pena que tenha permanecido obscuro, pois talvez tivesse incentivado a realização de outros filmes na mesma linha.


SANTOS E PECADORES (Sinners and Saints, 2010, EUA. Dir: William Kaufman)
Esse violento filme policial chegou ao Brasil após receber láureas em vários sites gringos, que compararam o trabalho do novato William Kaufman com obras consagradas como "Viver e Morrer em L.A." e "Fogo Contra Fogo". Não é para tanto, e no fim das contas "Santos e Pecadores" é até bem previsível e rotineiro. Se não fosse pelo elenco de primeira (com Tom Berenger e Jürgen Prochnow fazendo personagens secundários) e por alguns momentos mais exagerados de violência, graças aos vilões que torturam suas vítimas queimando-as vivas, a obra provavelmente passaria desapercebida e acabaria sua trajetória num Domingo Maior qualquer. Mas, ainda que o roteiro não ajude muito, sempre é bom assistir um filme policial violento e sem frescura feito nesses nossos tempos politicamente corretos, e protagonizado por um tira durão (Johnny Strong, muito bom) que sai enchendo a bandidagem de tiros sem pensar duas vezes. Somente um sujeito casca-grossa como esse para enfrentar a quadrilha de bandidos barra-pesada liderada por Costas Mandylor (um dos vilões de "Jogos Mortais"). Existe um "MacGuffin" cobiçado pelos bandidos, mera desculpa para levar a trama adiante, um detalhe que é rapidamente esquecido numa trama que privilegia a ação rápida e rasteira e os tiroteios, filmados de maneira estilizada e realista. Kaufman desfila um amplo repertório cinéfilo que prende a atenção de fãs de filmes policiais, como o duelo final entre herói e vilão, correndo em direção um ao outro e trocando tiros como os protagonistas de "O Ano do Dragão", de Michael Cimino. Embora não tenha nada de tão espetacular para justificar os elogios rasgados que recebeu, "Santos e Pecadores" diverte e não compromete - ainda que faça falta uma história melhorzinha e sem tantos clichês, onde não falta nem a mais do que batida dupla de policiais branco e negro que começa o filme se odiando e depois "descobre o valor da amizade"!



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