A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS (1989)
Filmes Legais

A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS (1989)



(Resgatando - e reclicando - essa velha resenha publicada na Boca do Inferno em tempos imemoriáveis porque estou atarefadíssimo nos último retoques do meu longa "Entrei em Pânico Parte 2", que estréia em julho em Porto Alegre. Mas é claro que eu não ia deixar os leitores do FILMES PARA DOIDOS sem uma atualização...)

Entre o final da década de 70 e o começo dos anos 90, vários pequenos produtores de cinema reinaram soberanos na realização de películas com pouco ou nenhum orçamento especialmente para exibição em drive-ins, cinemas grindhouse e também para uma nova mídia que surgia, o videocassete. Entre os nomes mais esforçados e atuantes do período, Fred Olen Ray é um dos destaques.


Ray começou sua filmografia comprando filmes incompletos ou obscuros e gravando novas cenas (geralmente com mulher pelada) a preço de banana para poder relançá-los nos cinemas e faturar uns bons trocados. Sua estréia como diretor, roteirista e produtor de material próprio foi em 1980, com "The Alien Dead", e desde então ele não parou mais.

Entretanto, suas obras mais divertidas são aquelas realizadas na segunda metade da década de 80; dos anos 90 em diante, Fred cairia no inferno das produções eróticas para TV a cabo, inclusive dirigindo várias daquelas tenebrosas produções genéricas da série "Emmanuelle" que passavam direto no Cine Privê.


Dentro da filmografia excêntrica do diretor, A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS é um filme apenas razoável, mas notório por demonstrar um pouco do melhor e do pior do cinema de Fred Olen Ray: efeitos especiais e roteiros fraquíssimos, mulheres peladas para compensar os dois primeiros fatores e atores famosos, porém decadentes, fazendo pontas naquele lendário esquema "Ed Wood/Bela Lugosi".

Em outros filmes, Ray já havia utilizado veteranos com contas a pagar, como John Carradine, Tony Curtis e Lee Van Cleef; aqui as vítimas são Robert Quarry (que no passado aparecia em filmões como "A Câmara de Horrores do Dr. Phibes") e Britt Ekland (a lorinha linda de "O Homem de Palha", aqui envelhecida e decadente, mas ainda bonita).


A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS foi rodado em apenas uma semana (!!!), logo depois de um dos grandes clássicos do diretor, "Hollywood Chainsaw Hookers) (que no Brasil foi "picaretamente" rebatizado como "O Massacre da Serra Elétrica 3 - O Massacre Final" apenas por causa da participação do ator Gunnar Hansen, o primeiro Leatherface, no elenco).

Produzido em 1988 e lançado direto em vídeo em 89, A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS parece aproveitar ideias vistas anteriormente no terror-comédia "Vamp", (1986). Posteriormente, o mesmo conceito destes dois filmes seria reaproveitada dez anos depois nos superiores "Um Drink no Inferno", de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, e "Bordel de Sangue", de Gilbert Adler, ambos de 1996.


O filme conta a história de três jovens nerds que vão a Hollywood na expectativa de fazer sua própria produção, quando Ray aproveita para fazer uma divertida paródia sobre o cinema bagaceiro que ele mesmo realiza.

Um deles é interpretado por Eddie Deezen, um dos mais ridículos seres humanos que já pisaram no planeta, mas que alguém cometeu o pecado mortal de dizer que era engraçado - nos anos 80, ele apareceu em filmes como "1941", de Steven Spielberg, e "Loucuras à Meia-Noite"; hoje, felizmente, está esquecido.


O problema é que Kyle Carpenter (Deezen), Brock (Tim Conway Jr.) e Russell (Tom Shell) são pobres rapazes do interior, que não sabem nada da cidade grande. Eles logo procuram uma produtora de fundo de quintal e falam com o diretor Aaron Pendleton (interpretado por Jay Richardson, um divertido ator de estimação de Ray).

A produtora de Pendleton, numa auto-referência ao próprio Fred Olen Ray, é especializada em filmes classe Z com muita mulher pelada e títulos apelativos, tipo "As Prostitutas Motociclistas no Deserto do Inferno". Por isso, o produtor recusa o roteiro "intimista" e "dramático" dos jovens, que, frustrados, decidem passar uma noitada num puteiro de luxo para afogar as mágoas e não perder a viagem.


Eles vão parar numa esquisita mansão hollywoodiana, onde um mordomo pálido chamado Balthazar (Ralph Lucas) os encaminha para a linda e sinistra Madame Cassandra (Britt Ekland).

A mansão de Cassandra tem as mais lindas prostitutas já vistas. O detalhe é todas são vampiras, que só querem saber do pescoço dos jovens. Kurt e Russell são atacados e vampirizados, enquanto Kyle consegue escapar e busca a ajuda do cineasta picareta, mais um padre mulherengo, Ferraro (Robert Quarry, em pequena participação), para destruir as sanguessugas...


Como escrevi no começo, tudo que é bom e tudo que é ruim no cinema de Fred Olen Ray está em A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS...

A parte ruim é que o filme é mais barato e mal-feito que a média das obras do diretor, sem ritmo, com um péssimo roteiro de Ernest D. Farino, que desperdiça as melhores ideias em prol do corre-corre e das piadas infames.

A parte boa é que tem muita mulher gostosa pelada. O destaque vai para a belíssima Michelle Bauer, outra atriz-fetiche que aparece na maioria dos filmes de Ray, e quase sempre nua. Em A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS, Michelle interpreta a gostosíssima Kristina, que tenta seduzir Kyle; mas, como o rapaz é um imbecil, acaba fugindo e escapando de virar vampiro - eu não me importaria de virar vampiro pelos dentinhos da Michelle Bauer, mas ia exigir sexo por toda eternidade em contrapartida!


A atriz, que continua na ativa até hoje em produções baratas e sacanas, começou sua carreira fazendo filmes pornográficos, no começo dos anos 80 (usando o pseudônimo "Pia Snow"). Depois passou a trabalhar quase que exclusivamente para Fred Olen Ray. Ela tem uma "comissão de frente" invejável que deveria ser preservada cientificamente antes de a lei da gravidade começar a exercer seu triste papel.

Além de Michelle, o outro atrativo desta tralha são aquelas cenas toscas, imbecis e duras de engolir que caracterizam os bons trash movies. É o caso, por exemplo, do momento em que Kristina hipnotiza o imbecil do Kyle e vai tirar suas calças. Porém, o infeliz tem um crucifixo desenhado na cueca para protegê-lo do assédio das putas vampiras!!!


Outro momento especialmente cômico acontece quando o herói Kyle atravessa uma estaca (na verdade, um guarda-chuva) no coração de um dos amigos vampirizados, e, enquanto este morre e se desintegra, o ex-amigo protesta: "Porra, você fez isso logo comigo, que tinha te emprestado os meus rollers?". Ouvindo isso, o herói tenta se justificar: "Puxa, mas você acha que eu já não estou me sentindo péssimo???".

De bobagem em bobagem, o filme termina com a conclusão mais óbvia e esperada, e a talvez a única que se encaixa na proposta bagaceira da película (parece até que a grana acabou e resolveram terminar de qualquer jeito).


E os efeitos bagaceiros são tão ruins, mas tão ruins (especialmente o efeito que mostra as vampiras se desintegrando), que dá vontade de puxar cem reais da carteira e mandar como colaboração para o Ray, que deve estar precisando desesperadamente de dinheiro para este setor - embora hoje esteja mais preocupado em filmar sexo softcore do que vampiras de desintegrando...

Entretanto, no final, porcarias como este A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS servem para nos fazer refletir sobre algumas coisas em relação ao cinema e aos nossos hábitos como espectadores. Por exemplo:

- Filmes ruins de quinta categoria, como este, às vezes são mais divertidos que superproduções longas e insuportáveis, como "Avatar", e muitas vezes mais interessantes que alguns vencedores do Oscar.


- Filmes ruins de quinta categoria com muitas mulheres peladas em cena geralmente ficam mais interessantes.

- Michelle Bauer é uma das mulheres mais lindas do cinema.

- Fred Olen Ray devia continuar fazendo filmes de baixo orçamento de horror avacalhado em apenas sete dias, ao invés dessas putarias leves para punheteiros que têm medo de ver pornô de verdade.

Assim, mesmo que não tão "bom" (um conceito que varia de espectador para espectador) e divertido quanto outras obras do diretor-produtor, como "Hollywood Chainsaw Hookers", "Resposta Armada" e "O Vale da Morte", A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS tem alguns méritos que o qualificam como legítimo "Filme para Doidos".

E tem Michelle Bauer pelada. Precisa de mais algum argumento para ver essa tralha?

Cena de A VAMPIRA DE BEVERLY HILLS



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A Vampira de Beverly Hills
(Beverly Hills Vamp, 1989, EUA)

Direção: Fred Olen Ray
Elenco: Eddie Deezen, Britt Ekland, Michelle
Bauer, Robert Quarry, Tim Conway Jr., Jay
Richardson e Debra Lamb.



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