No ano 2000, Charles Bronson foi diagnosticado como portador do Mal de Alzheimer. Como se sabe, o sintoma principal desta doença é a perda de memória. Apesar de ter seu óbvio lado trágico, o Alzheimer também deve ter sido um alívio para o astro. Afinal, ele finalmente poderia esquecer que fez DESEJO DE MATAR 5...
Humor negro à parte, a humanidade precisava de um quinto "Desejo de Matar" tanto quanto de um pedaço de bambu enfiado debaixo da unha, ou de uma colonoscopia com arame farpado. Ainda mais depois da fraquinha Parte 4, lançada em 1987, que já demonstrava claramente a falta de história para contar e uma repetição constrangedora nas peripécias do vigilante Paul Kersey. Mas eis que em 1994 (vinte anos depois do original) surgiu esta calamidade chamada DESEJO DE MATAR 5, o filme mais preguiçoso, precário e esquemático da série, e o verdadeiro fundo do poço de uma franquia já capenga.
A gênese da bomba remonta a 1987, quando a Cannon Films lançou "Desejo de Matar 4 - Operação Crackdown". Mal o quarto filme chegou aos cinemas, e os produtores Golan e Globus já davam sinal verde para a pré-produção de uma quinta aventura de Kersey, tentando faturar uns trocados em cima daquela que era uma de suas franquias mais lucrativas - espremendo a laranja até o bagaço, se me permitem a metáfora hortifrutigranjeira.
Na mesma época, Gail Morgan Hickman, que escrevera a Parte 4, estava tentando vender seu novo roteiro chamado "The Four Horsemen". Era uma trama ambiciosa sobre terroristas que tomavam o controle de Alcatraz e ameaçavam o governo com armas nucleares - algo bem parecido com a superprodução "A Rocha", que Michael Bay dirigiu 10 anos depois, em 1996.
Os produtores da Cannon gostaram do roteiro, mas pediram que Hickman e o diretor inglês J. Lee Thompson reescrevessem a história para transformá-la numa quinta aventura de Paul Kersey. A dupla até fez as alterações necessárias, mas o projeto acabou não saindo do papel por causa das dificuldades financeiras que a produtora enfrentava no final da década de 80.
Logo aconteceu o inevitável: a Cannon Films pediu falência e seus sócios Golan e Globus separaram-se brigados. Parecia que Paul Kersey finalmente teria tempo para descansar, depois de três sequências num curto espaço de tempo (a Parte 2 saiu em 1982, a Parte 3 em 1985 e a Parte 4 em 1987!). Enquanto Kersey repousava, Charles Bronson vivia momentos difíceis: sua esposa Jill Ireland morreu em 1990, após um longo tratamento de câncer.
Finalmente, no começo dos anos 90, Menahem Golan fundou uma nova produtora, a 21st Century Pictures, e tentou tirar do papel alguns projetos que não deram certo nos tempos da Cannon, como as adaptações cinematográficas do Homem-Aranha (que nunca saiu do papel), do Capitão América (que virou um trashão dirigido por Albert Pyun) e, claro, DESEJO DE MATAR 5.
Golan ainda guardava aquele roteiro adaptado de "The Four Horsemen", mas continuava achando que seria muito caro produzi-lo. Preferiu criar um novo, e contratou Michael Colleary para escrever uma trama sobre Kersey voltando ao trabalho de vigilante quando sua nova namorada é ameaçada por gângsters. Eu até consigo imaginar o brainstorming dos caras: "O Bronson está meio velho, mas usaremos um dublê em todas as suas cenas. Acho que a mulher dele tem que ser morta por bandidos no começo do filme. O quê, já matamos três interesses românticos de Bronson nos outros filmes? Tudo bem, vamos fazer de novo, aposto que ninguém vai notar".
Inicialmente, o produtor israelense pensava em dirigir o filme ele mesmo, mas acabou trocando DESEJO DE MATAR 5 por outro dos seus projetos dos sonhos, uma adaptação moderna do livro "Crime & Castigo", de Fiódor Dostoiévski. Além disso, reza a lenda que Bronson não morria de amores por Golan, e já tinha recusado ser dirigido por ele em "Desejo de Matar 2".
Enquanto Golan filmava "Crime e Castigo", Steve Carver foi contratado como diretor. Para quem não lembra, ele dirigiu alguns dos melhores filmes de Chuck Norris ("McQuade, O Lobo Solitário" e "Ajuste de Contas"), e talvez pudesse ter agregado algo de interessante à quinta aventura de Paul Kersey.
Carver chegou a se encontrar várias vezes com Golan e Bronson para discutir o projeto, e começou a escrever o novo filme a quatro mãos com o roteirista Stephen Peters, seguindo as orientações do astro, que queria um Kersey "mais simpático e bem humorado". No total, Carver e Peters trabalharam na pré-produção de DESEJO DE MATAR 5 por dois meses, até serem subitamente demitidos.
O motivo: o produtor Golan resolveu transferir o projeto todo para o Canadá, onde era mais barato para filmar, desde que fossem empregados atores e técnicos canadenses! "No começo fiquei desapontado, mas depois fiquei feliz porque eles cortaram o orçamento ainda mais, e na minha época já era um orçamento ridículo!", comentou o demitido Carver no livro "Bronson's Loose! The Making of the 'Death Wish' Films", escrito pelo pesquisador Paul Talbot.
O substituto foi o canadense Allan A. Goldstein, que não tinha nenhuma experiência prévia com filmes de ação e sequer havia visto algum dos outros "Desejo de Matar". Ele era um diretor pouco expressivo que só havia feito alguns dramas e filmes para a TV, e que anos depois seria responsável por outra atrocidade chamada "2000.1 - Um Maluco Perdido no Espaço", com Leslie Nielsen.
Enfim, quando Goldstein comentou com Bronson e Golan que talvez não fosse a pessoa mais indicada para dirigir DESEJO DE MATAR 5, pois não entendia bulhufas de ação, foi tranquilizado pelo astro: "Fazer as cenas de ação é fácil, difícil é a parte do drama". Assim, o canadense pôs mãos à obra e começou ele mesmo a escrever um novo roteiro, aproveitando pouco ou nada do material escrito por Carver e Peters, mantendo apenas a ideia de Kersey contra gângsters que ameaçavam sua nova namorada, e o fato de a trama se passar no mundo da moda.
Toda esta longa introdução da odisseia que foi a pré-produção de DESEJO DE MATAR 5 é necessária para que o leitor tenha uma ideia mais apurada de como um desastre pode ser anunciado desde o começo. É como uma frase que um ex-chefe meu sempre repetia: "O que começa errado, termina errado".
Qualquer débil mental percebe que a coisa está feia ao ver que praticamente todos os envolvidos nos filmes anteriores (Michael Winner, J. Lee Thompson, Gail Morgan Hickman) pularam fora, restando apenas o astro e um dos produtores. Para completar a tragédia, DESEJO DE MATAR 5 teve um orçamento tão insignificante que o salário de Bronson era maior que a grana para realizar o filme inteiro!
Mas recapitulemos: após iniciar uma onda de assassinatos de bandidos em Nova York motivada pela morte da esposa (Parte 1) e de matar os responsáveis diretos pela morte da sua filha adolescente em Los Angeles (Parte 2), Paul Kersey varreu um bairro pobre de Nova York de uma gangue violenta (Parte 3) e aniquilou totalmente três quadrilhas de traficantes de cocaína em Los Angeles (Parte 4).
No processo, ele perdeu a esposa, a filha, a empregada (!!!), um velho amigo dos tempos da guerra, uma namorada advogada, uma namorada jornalista e sua enteada, filha desta última. Ou seja, o cara é um dos maiores azarados do mundo do cinema, além de autêntico "grupo de risco": envolveu-se com ele, nem que seja dando "bom dia" na rua, e você morre! Se bem que o próprio Kersey não aprende e continua acumulando interesses românticos, que nunca desconfiam de sua vida dupla como vigilante assassino.
Neste DESEJO DE MATAR 5 (que tem o subtítulo original "The Face of Death"), Kersey está de volta a Nova York, mas uma Nova York filmada em Toronto, no Canadá (!!!). Esta seria a sua terceira aventura na Big Apple, mas não se esqueça que, teoricamente, a trama de "Desejo de Matar 4" é continuação direta do segundo filme e passando a borracha no terceiro, então a volta do vigilante a Nova York mostrada em "Desejo de Matar 3" nunca aconteceu (arre, essas coisas são complicadas!). Sendo assim, DESEJO DE MATAR 5 representa o retorno "oficial" de Kersey a Nova York depois de anos vivendo em Los Angeles.
O herói agora está escondido através do programa de proteção a testemunhas, e adotou a identidade falsa do pacato professor de arquitetura Paul Stewart (pena que o diretor-roteirista Goldstein não foi malandro o suficiente para resgatar o nome falso "Kimball", usado pelo vigilante nas Partes 2, 3 e 4). Ninguém sabe a real identidade do velhinho matador além dos policiais que cuidam de sua nova vida.
E tudo vai bem na nova vida de Kersey: além de ter aposentado as armas e de lecionar numa universidade, ele arrumou novamente uma namorada bonitona e muitos anos mais nova que ele, Olivia (a bonita Lesley Anne-Down, na época com 40 anos, 30 a menos que Bronson), confirmando a máxima popular de que "cavalo velho gosta de capim novo"!
Olivia é uma estilista com uma filhinha pequena, Chelsea, fruto do primeiro casamento da moça. E se ex-marido já enche o saco por si só, imagine quando o dito cujo é um sanguinário gângster irlandês, Tommy O’Shea (o malvadão Michael Parks, compondo um vilão exagerado que parece saído de história em quadrinhos).
O’Shea e sua quadrilha usam a butique da ex-esposa para lavar o dinheiro de suas ações criminosas. Só que a moça já não quer mais colaborar com o esquema sujo do ex. E isso, claro, significa problemas. Kersey insiste para que ela testemunhe contra O'Shea. Só que o gângster tem um contato na Corregedoria e fica sabendo das intenções da ex-mulher. Para "gentilmente convencê-la" de não procurar a polícia, ele manda um assassino psicótico chamado Freddie Flakes (Robert Joy) para "assustar" a moça.
Numa cena grostesca, Freddie invade o banheiro feminino de um restaurante, travestido, e esmaga o rosto de Olivia contra o espelho - numa das cenas mais violentas e cruéis de toda a série, o que não significa pouca coisa! Mais tarde, Olivia será assassinada para fechar o bico definitivamente. Adivinhem quem vai desenterrar a machadinha da guerra e fazer justiça com as próprias mãos pela quinta vez?
DESEJO DE MATAR 5 é vergonhosamente vagabundo e nem ao menos respeita o que vimos nos filmes anteriores. Por exemplo: se nas Partes 3 e 4 precisou de muito pouco para Paul Kersey sair metendo bala na bandidagem, neste quinto episódio o justiceiro virou um mané cansado e medroso, que prefere engolir as ameaças de O’Shea durante mais de meia hora de filme e ainda acreditar no trabalho da Justiça, resolvendo encarar por conta própria os criminosos somente quando Olivia é morta - algo que ele poderia ter evitado se sacasse a arma mais cedo.
Além disso, numa estratégia que lembra muito o tom de "Desejo de Matar 4", Kersey prefere criar armadilhas para seus desafetos a encará-los diretamente. Primeiro ele despacha um dos capangas de O'Shea envenenando seu canolli; depois, compra um ridículo brinquedo de controle remoto, enche ele com explosivos e faz Freddie Flakes voar em pedacinhos (esta morte já dá o tom da pobreza do filme, graças ao ridículo boneco que substitui o ator Robert Joy), e por aí vai. Ah, o diretor faz uma ponta como o vendedor da loja de brinquedos.
Para piorar, há um número ínfimo de bandidos para Kersey matar, o que não deixa de ser frustrante, ainda mais considerando que ele matou mais do que isso em seu primeiro filme 20 ANOS ANTES, ou então comparando com a absurda contagem de cadáveres das Partes 3 e 4.
Dessa forma, DESEJO DE MATAR 5 simplesmente se arrasta sem qualquer suspense, sem nenhuma surpresa e sem a menor emoção, simplesmente pulando de uma morte para a outra. O espectador já percebe nos primeiros 15 minutos que não encontrará nenhuma novidade ou a menor tentativa de criar algo novo, então a tentação de dar stop ou desligar a TV é muito grande.
Até porque é brochante ver Kersey usando um mísero revólvinho o tempo inteiro contra seus inimigos, depois que ele detonou marginais com metralhadoras, lançadores de granadas e até bazucas nas aventuras anteriores!
Algumas coisas precisam ser destacadas. Em primeiro lugar, os aspectos involuntariamente cômicos do filme. Claro que você não podia esperar que Bronson fizesse muita coisa como herói aos 72 anos de idade. Mesmo assim, o diretor-roteirista concebeu inúmeros malabarismos para Kersey ao longo do filme, inclusive saltar de cabeça do segundo andar de um prédio e aterrissar confortavelmente sobre uma pilha de sacos de lixo! Porque, ao contrário da vida real, ninguém coloca vidro, metais e outros materiais cortantes dentro dos sacos de lixo cinematográficos...
Em outra cena, os bandidos invadem a casa de Olivia com metralhadoras e Kersey corre desviando-se agilmente das rajadas de metralhadora como se fosse o Neo da série "Matrix". Lembra quando Ed Wood escalou um dublê para Bela Lugosi em "Plan 9 From Outer Space", mas ele era tão diferente do ator que precisava esconder o rosto com uma capa? Pois aqui é a mesma coisa: para esconder a juventude do substituto de Bronson nas cenas de ação, Goldstein fez o dublê correr o tempo todo com as mãos escondendo o rosto!!! Como se, durante um tiroteio, você se preocupasse mais em proteger a cara do que o resto do corpo... Aliás, como se adiantasse proteger alguma parte do corpo contra tiros USANDO AS MÃOS!
Esses detalhes poderiam transformar DESEJO DE MATAR 5 num daqueles filmes divertidos de tão ruins, mas, infelizmente, a ruindade aqui rende mais raiva do que diversão.
É impossível engolir a extrema previsibilidade do roteiro e da narrativa de Goldstein: nos 10 minutos iniciais, quando o filme mostra uma piscina de ácido (hã?!?) no interior da fábrica de confecções de Olivia, até um macaco percebe que Kersey vai atirar alguém ali dentro mais adiante. Já a identidade do policial traidor que ajuda O’Shea salta aos olhos no momento em que o sujeito aparece no filme, mas o roteiro insiste em tratar a revelação do rato como se fosse uma grande surpresa!
Goldstein piora tudo ao nunca se decidir entre levar a coisa a sério ou na brincadeira, pois o tom muda radicalmente ao longo do filme como se dois diretores estivessem no comando da bagaça. Anos depois, em entrevistas, o canadense jurou que esculhambou de propósito, mas eu não caio nessas balelas.
Cenas engraçadinhas como os gângsters sacando suas armas durante o funeral de um deles, quando alguém entra correndo na igreja, e os próprios vilões caricaturais que o herói enfrenta, soam deslocadas e fora de lugar diante do tom de seriedade do resto da trama (especialmente o conflito interno de Kersey para voltar a empunhar armas, ou o violento ataque a Olivia).
E a história ainda está repleta de incongruências. Lá pelas tantas, um amargurado policial revela a Kersey que está tentando colocar O’Shea na cadeia há 16 anos (!!!), mas não consegue provas para incriminá-lo, nem aos seus capangas.
Em seguida, durante dois dias em que segue a trupe para "conhecer melhor o inimigo", o vigilante testemunha pelo menos meia dúzia de atos de violência perpetrados pelos bandidos, incluindo extorsão, agressão e tentativa de homicídio, sem nenhuma discrição! Mas o sujeito que investiga o caso nunca conseguiu provas para incriminá-los em 16 anos de trabalho! Santa ineficiência policial, Batman!
Para piorar, a afetação reina nas cenas de ação filmadas pelo diretor. Quando ele disse que não sabia filmar ação, não estava brincando! Imitando tudo que era modinha nas produções do gênero daquela época (quando a febre John Woo estava no auge), Goldstein encheu o filme de câmeras lentas exageradas durante tiroteios que nem são lá essas coisas, como se isso tornasse as coisas mais emocionantes - só faltaram mesmo as pombas voando, mas deve ter sido porque a produção não tinha dinheiro para pagar o cachê das aves!
Como não gosto de ser injusto, o diretor-roteirista pelo menos criou algumas belas frases de efeito para Kersey neste filme. Quando um capanga de O'Shea aponta uma arma para o herói e ele se mostra desconfortável, o vilão pergunta: "O que foi? Armas te deixam nervoso?". A resposta de Kersey é genial: "Armas podem ser úteis. Idiotas com armas é que me deixam nervoso!". Antes de explodir Freddie Flakes, que tem esse apelido ("Flocos") por causa de um problema crônico de caspa, o vigilante anuncia: "Ei Freddie, vou resolver definitivamente o seu problema de caspa!". Quem diria, Paul Kersey parece mais eficiente como humorista de stand-up do que como justiceiro nesta quinta aventura!
O próprio Bronson deve ter percebido, no meio do caminho, a furada em que se meteu, e interpreta seu papel pela quinta vez sem qualquer convicção, vontade ou mesmo tesão, visivelmente de saco cheio. Tanto que sua relação com o produtor Menahem Golan, que já não era das melhores, evoluiu para ódio mortal durante as filmagens. Consta que depois de algumas semanas, o astro só se comunicava com o produtor através do diretor Goldstein, e nunca diretamente.
Uma crítica publicada na Variety na época do lançamento dizia que Bronson estava tão acostumado ao personagem Paul Kersey que podia interpretá-lo dormindo. Bem, em diversos momentos o astro realmente parece estar adormecido, ou em coma, ou prestes a ter um infarto, diante da ruindade reinante e da falta de novidades desse quinto filme.
No fim, o subtítulo em inglês de DESEJO DE MATAR 5, "A Face da Morte", cai como uma luva para o próprio Charles Bronson: ele está literalmente com a face da morte, como se fosse cair duro a qualquer momento, e mesmo assim o filme insiste em representá-lo como um super-herói capaz de pular do topo de um prédio, desviar de balas e enfrentar dezenas de bandidos ao mesmo tempo.
Não por acaso, em sua última cena, Bronson/Kersey sai caminhando por uma porta iluminada, parecendo que morreu e está "indo em direção à luz" rumo ao Paraíso (imagem abaixo). E mesmo que sua última fala em DESEJO DE MATAR 5 seja "Se precisarem de alguma coisa é só me chamar", deixando um gancho para uma sexta parte nunca realizada, todos sabemos que Paul Kersey (e Charles Bronson) nunca mais vão voltar, pois o astro morreu em 30 de agosto de 2003, em decorrência de pneumonia e do Mal de Alzheimer.
Porém, a julgar pela qualidade deste filme e de vários outros que Bronson vinha fazendo na época, talvez o descanso eterno não tenha sido tão ruim assim, e a foice da Morte poupou-o de continuar pagando mico em futuras continuações de "Desejo de Matar".
Quase consigo visualizar Paul Kersey aos 90 anos, de cadeira de rodas e ligado a um tanque de oxigênio, mas ainda matando vagabundos que ocupam sua vaga de idoso no estacionamento, ou furam a fila do bingo. Já foi tarde, Paul Kersey! Descanse em paz ao lado da sua família e do seu harém de namoradas mortas por bandidos nesses cinco "Desejo de Matar"!
PS 1: Como a relação com o astro da franquia azedou durante as filmagens, o produtor Menahem Golan anunciou como novo projeto "Death Wish 6: The New Vigilante", que teria um novo justiceiro no lugar de Paul Kersey e de Charles Bronson. Só que sua 21st Century Pictures foi à falência antes que pudesse profanar o título da série. Teimoso, Golan criou anos depois uma nova empresa, a New Cannon Inc. (!!!), e produziu e dirigiu ele mesmo o pavoroso "Death Game" (1991), outra aventura sobre justiça com as próprias mãos.
PS 2:A adaptação de "Crime & Castigo" que Golan dirigiu enquanto Goldstein filmava DESEJO DE MATAR 5 também foi um tiro no pé, e de bazuca: o produtor gastou uma fortuna para filmar em Moscou e contratou um elenco de astros (Crispin Glover, Vanessa Redgrave, John Hurt, Margot Kidder, John Neville...), mas o resultado ficou tão ruim que, embora as filmagens tenham acontecido em 1993, o filme ficou na geladeira até 2002, quando estreou como uma piada ao estilo do "Chatô" de Guilherme Fontes aqui no Brasil!
PS 3: Em 2006, um tal de Sylvester Stallone anunciou que gostaria de dirigir e estrelar um remake de "Desejo de Matar", mas praticamente mudando a história toda: o personagem principal seria um policial honesto levado ao vigilantismo quando sua família é morta por bandidos. Após vários boatos e pistas falsas, Stallone pulou fora do projeto. No começo deste ano (2012), Joe Carnahan foi anunciado como provável diretor do remake, mas nenhuma nova informação apareceu desde então.
PS 4: Enquanto nada se sabe sobre um remake oficial, Allan Goldstein recentemente produziu um filme chamado "The Next Vigilante", originalmente batizado como "Return of the New York Vigilante" para tentar associá-lo à série "Desejo de Matar". O filme, dirigido por Marc Vorlander, será lançado em 2013, e sabe-se lá se os sujeitos vão tentar criar alguma relação com as velhas aventuras de Paul Kersey além do título picareta...
PS 5: Aqui termina a MARATONA DESEJO DE MATAR, e agora o blog entra em recesso por uns 10 dias para que todos possam ler e reler os cinco capítulos sobre os filmes da série. Considerando os números da nossa "ficha criminal", 171 pessoas perderam a vida em cinco filmes, sendo que só o justiceiro Kersey foi responsável por 113 dos cadáveres (66%)!!! Isso, meus amigos, é que é desejo de matar... (Clique no número de "pontos" de Kersey no placar das resenhas para ser redirecionado a um vídeo no YouTube que ilustra todas as mortes da série!)
FICHA CRIMINAL: * Pessoas ligadas a Kersey agredidas: namorada (morta) * Armas usadas pelo vigilante: revólver Smith & Wesson 629 .44, brinquedo de controle remoto explosivo, cannoli envenenado, piscina de ácido * Contagem de cadáveres: 11 (Kersey 7 x 4 Marginais)
Trailer de DESEJO DE MATAR 5
******************************************************* Death Wish V - The Face of Death (1994, EUA) Direção: Allan A. Goldstein Elenco: Charles Bronson, Lesley-Anne Down, Michael Parks, Kevin Lund, Chuck Shamata, Robert Joy, Saul Rubinek, Miguel Sandoval, Kenneth Welsh e Claire Rankin.
- Desejo De Matar 3 (1985)
"Desejo de Matar 2" foi a primeira produção da Cannon Films com um grande astro (Charles Bronson) e também um sucesso de bilheteria, enchendo os produtores israelenses Golan e Globus de dinheiro e reputação para tocar outros projetos. Ao mesmo tempo...
- Desejo De Matar 2 (1982)
Depois de estrear nos cinemas em 1974, "Desejo de Matar" demonstrou-se não apenas um filmaço e um sucesso de bilheteria, mas também um trabalho polêmico que provocou acaloradas discussões sobre vigilantismo e justiça pelas próprias mãos - inclusive...
- Desejo De Matar (1974)
Eu devo ser muito sortudo ou muito prevenido, mas em trinta e poucos anos de vida só fui assaltado uma única vez. E nem foi em São Paulo, onde vivo desde 2009, mas, acreditem ou não, na minha pacata cidadezinha natal de 25 mil habitantes lá no Rio...
- Dez Minutos Para Morrer (1983)
"Não deixe seus sentimentos interferirem no seu trabalho", diz o veterano policial interpretado por Charles Bronson ao seu novato parceiro no início de DEZ MINUTOS PARA MORRER. Alguns momentos mais tarde, ironicamente, o próprio Bronson estará esquecendo...
- O Exterminador (1980)
Não foram poucos os "filmes de vigilante" surgidos com o sucesso de "Desejo de Matar" em 1974. O clássico estrelado por Charles Bronson originou imitações e cópias xerox em praticamente todo o mundo, da Itália (onde Enzo G. Castellari dirigiu o...