Mais opiniões resumidas para cinéfilos apressados
Filmes Legais

Mais opiniões resumidas para cinéfilos apressados


PREMONIÇÃO 5 (Final Destination 5, 2011, EUA. Dir: Steven Quale)
A minha geração teve "Sexta-feira 13" e "A Hora do Pesadelo"; a atual tem "Jogos Mortais" e "Premonição". Essa última, que acaba de chegar ao quinto episódio, é a verdadeira "Sexta-feira 13" do século 21: as mudanças de um filme para outro, tanto na estrutura narrativa quanto nas situações, são mínimas, e as "continuações" parecem mais refilmagens descaradas do original do que sequências. Até aí tudo certo, considerando que os filmes do Jason não eram muito diferentes. E, em ambos os casos, você vai ao cinema apenas para ver as mortes criativas e cada vez mais violentas, e nada mais, esquecendo em segundos os nomes dos "personagens" e suas interações entre as mortes. Como todos os outros que o antecederam, "Premonição 5" começa com um desastre, neste caso o desmoronamento de uma ponte suspensa. Um rapaz vê a tragédia numa premonição e salva alguns dos seus amigos, mas, como o "plano da Morte" foi frustrado, ela começa a matá-los através de acidentes criativos copiados da série "A Profecia". A cena da ponte rende umas mortes sangrentas incríveis, principalmente se você assistir o filme em 3-D. E é uma pena que "Premonição 5" comece com uma cena tão foda que depois não consegue criar nada minimamente parecido. Em alguns casos, a falta de imaginação dos realizadores é vergonhosa, como na cena da morte da menina que vai fazer uma cirurgia no olho: o clima prepara o espectador para algo extremamente nauseante, mas na hora H o desfecho é bem sem graça. Claro que quem for ver um filme chamado "Premonição 5" já sabe o que esperar, e esse é o melhor da série depois do primeiro, principalmente pelo fantástico final que tem relação direta com o original. E pelo menos ninguém tenta maquiar o fato de não ter mais história para contar (como fizeram nas insuportáveis Partes 3 e 4), optando por uma narrativa dinâmica e sem enrolação, onde as cenas sangrentas se sucedem. Falta apenas um roteirista mais inspirado para criar umas mortes melhores e aproveitar decentemente personagens como o chefe da empresa (David Koechner, de "Serpentes a Bordo" e "Obrigado por Fumar", sempre engraçadíssimo). Mesmo assim, vale o preço do ingresso e entrega à molecada o que ela quer ver: tripas e sangue jorrando em 3-D, e sem precisar pensar muito. Com a conclusão "circular", ficaria ótimo se a série terminasse por aqui. Porém, considerando o sucesso de bilheteria, é bem improvável que isso vá acontecer, então prepare-se para mais mortes criativas, e nenhuma história para contar, em 2012 ou 2013!


QUARENTENA 2 (Quarantine 2 - Terminal, 2011, EUA.
Dir: John Pogue)

Eis um caso esquisito: isso aqui é uma continuação de "Quarentena", a dispensável (e horrorosa) refilmagem norte-americana (e quadro a quadro) do excelente filme espanhol "REC". Os espanhóis fizeram uma sequência do seu filme, "REC 2", que dividiu opiniões. Os americanos não demoraram a dar continuidade também à versão ianque. Porém, considerando que os responsáveis pelo remake não tiveram colhões para manter os detalhes "religiosos" do filme espanhol, não faria sentido se "Quarentena 2" seguisse a narrativa de "REC 2". Foi necessário contar uma história "original", abandonando inclusive o estilo "câmera em primeira pessoa". Aqui, o vírus que transforma pessoas em zumbis se manifesta dentro de um avião em pleno vôo. Confesso que me surpreendi com o início dessa sequência: o diretor-roteirista John Pogue aproveita muito bem o ambiente claustrofóbico do avião, conseguindo até criar tensão e suspense. Só que aí a aeronave faz um pouso de emergência, a ação se transfere para dentro de um terminal de desembarque de bagagens isolado pelas autoridades, e todo aquele clima legal do início escoa pelo ralo. Se Pogue mantivesse o clima dos primeiros 25 minutos, dentro do avião, "Quarentena 2" seria um puta de um filme. Mas, infelizmente, a aeronave pousa e a história vira um simples repeteco do original (ou do primeiro "REC", se preferirem). Para piorar, os infectados tornam-se uma ameaça secundária diante de... ratos?!? Nem mesmo o cenário escuro e limitado é aproveitado, pois os personagens ficam perambulando de um lado para o outro e os zumbis parecem se esconder pelos cantos para atacar de surpresa (super-coerente, não?). Só sei que eu já vi tudo isso antes e melhor, do exército que tenta resolver a parada e só faz cagada aos personagens estereotipados. E o fato de o diretor estragar toda e qualquer cena com potencial para ser tensa também não ajuda! Até os críticos de "REC 2" vão ter que concordar que a situação é muito melhor desenvolvida no filme espanhol...


PUPPET MASTER - THE LEGACY (2003, EUA. Dir: "Robert Talbot" aka Charles Band)
O produtor barateiro Charles Band é um daqueles caras que não sabe quando parar. Criou franquias muito interessantes ("Trancers", "Puppet Master", "Subspecies"), somente para depois destruí-las lançando inúmeras continuações cada vez mais fracas, redundantes e apelativas. Para quem não sacou pelo título original, "Puppet Master" é aquela série dos bonequinhos assassinos, iniciada em 1989 com o excelente "Bonecos da Morte" e atualmente em seu décimo (!!!) episódio, e que eu particularmente sempre achei melhor que "Brinquedo Assassino". Bem, este "Pupper Master - The Legacy", o oitavo da série, é uma espécie de sonho de todo maluco que já tentou acompanhar as aventuras dos bonequinhos assassinos: um "filme-retrospectiva" que usa cenas dos episódios anteriores em ordem cronológica para tentar colocar ordem no caos. Afinal, cada continuação foi criando características próprias para a mitologia da série e dos próprios bonecos, e nem todas as mudanças foram positivas. Enfim, qualquer fã de "Puppet Master" teria condições de fazer um belo trabalho em cima disso, passando a borracha nas besteiras (como a situação "bonecos versus demônios" das Partes 4 e 5) e corrigindo erros grosseiros. Infelizmente, não foi o que aconteceu aqui: o produtor Band, escondido atrás de um pseudônimo, simplesmente filmou uns 10 minutinhos de cenas novas (com um "ator" e uma "atriz" conversando) para poder costurar cenas de todos os outros filmes, mas sem nenhum critério. Deixou de lado explicações importantes (como a cena que explica que a bonequinha das sanguessugas é a falecida esposa do Toulon, mostrada na Parte 3) e cenas marcantes; sem contar que a edição caótica lembra um videozinho amador feito por alguém que está aprendendo a mexer no Premiére. O resultado pode até servir como resumão (incompleto, infelizmente) dos sete filmes anteriores, mas como filme não funciona, é a "costura" das cenas reutilizadas é amadorística, sem critério, bastante picareta. Considerando-se que "isso" saiu do próprio mentor da série, Charles Band, é algo no mínimo questionável, mais um golpe baixo para tirar dinheiro dos fãs, como o babaca aqui, que chegou a comprar o DVD original. Proposta boa, mas execução primária e questionável. Da próxima vez que quiser fazer algo assim, Band, chame um fã da série para colocar pelo menos um pouco de interesse no resultado final!


DEMONIC TOYS 2 (2010, EUA. Dir: William Butler)
Certas coisas deviam ter permanecido no passado: Jason, Leatherface, Michael Myers e, agora, também os filmes com bonequinhos assassinos em stop-motion produzidos por Charles Band nos anos 80-90. Se você acha que depois do picareta "Pupper Master - The Legacy", resenhado aí em cima, a coisa não podia piorar, prepare-se para "Demonic Toys 2". Para quem não lembra, "Demonic Toys" é uma outra franquia com bonecos malvados produzida por Band, e que sempre ficou à sombra da série "Puppet Master" (que era realmente bem melhor). Em anos anterior, o produtor colocou seus "demonic toys" em crossovers com outros personagens da sua produtora, e agora aparece com essa tentativa questionável (e mais que tardia) de ressuscitar uma série já esquecida. Chamou um ator-diretor razoavelmente conhecido (William Butler, de "Madhouse - A Casa dos Horrores"), mas esqueceu de dar um mínimo de dinheiro para o coitado; também parece ter esquecido "detalhes" como roteiro, efeitos especiais e produção. Substituindo o stop-motion das antigas por CGI de quinta categoria, "Demonic Toys 2" aparentemente custou menos de um salário mínimo, e se alonga penosamente por insuportáveis 1h15min em que praticamente nada acontece além de um bando de personagens ridículos, interpretados por atores desconhecidos, perambulando por um velho castelo italiano e se tornando presas fáceis para os "brinquedos demoníacos". Não há uma única cena interessante ou morte criativa, a "história" não se sustenta e o sangue em CGI é tão ruim que parece o resultado de alguém brincando com animação em 3D no AutoCad (duvida? então dê uma olhada). E pensar que o "Demonic Toys" original, que não era nenhuma obra-prima (mas parece, comparado com esse lixo), havia sido escrito por David S. Goyer, atualmente roteirizando blockbusters como "Batman - O Cavaleiro das Trevas"...


RAMMBOCK (2010, Alemanha/Áustria. Dir: Marvin Kren)
Será que alguém podia criar uma lei proibindo novos filmes de zumbis, especialmente se esses filmes não têm nada de novo a acrescentar? Porque o que teve de histórias sobre mortos-vivos nos últimos anos não é brincadeira, e você percebe a gravidade da coisa quando até um país como o Brasil vive uma overdose de filmes de zumbis num curto período de tempo ("Mangue Negro", "A Capital dos Mortos", "Era dos Mortos" e "Porto dos Mortos", para citar quatro títulos conhecidos, saíram praticamente juntos com curtíssimo intervalo de tempo). E se nem um veterano como George A. Romero tem histórias novas para contar, o que esperar de uma produção independente vinda da Alemanha, como esse "Rammbock"? Se não tem nada para acrescentar, que pelo menos seja divertido, certo? Bem, infelizmente não é o caso aqui. O filme de Marvin Kren é extremamente repetitivo e desinteressante. Copiando uma situação básica já mostrada tanto no clássico "A Noite dos Mortos-vivos" quanto no recente "REC", narra o drama de uns personagens malas presos num prédio estilo cortiço durante uma infestação de mortos-vivos (do tipo maratonista, que virou moda depois de "Extermínio" e "Madrugada dos Mortos"). "Rammbock" tem o mesmo problema de "Quarentena 2", resenhado lá em cima: eu já vi tudo isso antes, então pelo menos que o filme fosse divertido para fazer valer o tempo perdido em frente à TV. Não é o caso: a narrativa é arrastada, insuportável, sem novidades e sem nenhum carisma. Tanto que a duração é inferior a 60 minutos, mas a sensação é de que o filme tem mais de duas horas. Para piorar, o "herói" é um fracassado, mas não um "looser" gente boa e engraçado, tipo o Ash da série "Evil Dead", e sim um completo panaca com quem o espectador nem ao menos consegue simpatizar. Logo, a única coisa decente de "Rammbock" é a conclusão estilo "Romeu & Julieta dos mortos", mas nem isso é original (considerando o final de "A Volta dos Mortos-vivos 3").


SHARKTOPUS (2010, EUA. Dir: Declan O'Brien)
Você pega para ver um filme com um pôster como o de "Sharktopus" e uma criatura metade tubarão, metade polvo. Dá play já preparado para o pior, mas esperando pelo menos dar umas boas risadas. Ao final, infelizmente, o que fica é uma pergunta: como é que os caras conseguem estragar algo tão simples (e com tanto potencial cômico) quanto "Sharktopus"? A verdade, amiguinhos, é que não se fazem mais bons filmes ruins como antigamente. É óbvio que não dá pra levar a sério uma produção baratíssima sobre um monstro mutante metade tubarão, metade polvo. Então por que diabos os caras que fizeram essa merda gastaramm tanto tempo tentando contar uma "história", e desenvolvendo personagens estúpidos com quem ninguém se importa? Eu esperava que "Sharktopus" fosse uma daquelas bobagens divertidas de tão ruins, mas nem isso os realizadores conseguiram fazer: o filme é apenas ruim mesmo, quase insuportável, tanto que só cheguei até o final passando com o FF. Meus parabéns a todos os realizadores dessa bomba por terem um monstro legal à disposição e não conseguirem mostrar uma única cena de morte decente ou pelo menos criativa. Pessoas cortadas ao meio? Decapitadas? Membros decepados? Que nada, todos os ataques do sharktopus são iguais: ou a vítima é abocanhada de primeira, ou a tela fica toda vermelha para não precisar mostrar nada. Não dava para esperar nada melhor do diretor Declan O'Brien (do pavoroso "Wrong Turn 3"), mas é vergonhoso ver o nome do veterano Roger Corman nos créditos (e numa participação especial), logo ele que foi responsável por produzir tantas tralhas maravilhosas, inclusive com monstros assassinos. Já esse "Sharktopus" não foge a uma regra cada vez mais evidente no cinema trash moderno: o trailer e a proposta são ótimos, mas a realização é lamentável - desperdiçando até o pobre Eric Roberts. Que saudade dos tempos de "Piranha 2 - Assassinas Voadoras" e das cópias italianas de "Tubarão"...



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