OPERAÇÃO SOL NASCENTE (2005)
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OPERAÇÃO SOL NASCENTE (2005)



Quem acompanha meus textos há anos (será que existe alguém assim?) deve lembrar que essa resenha aqui não é exatamente original: ela já foi publicada, em 2008, no meu velho e desativado Multiply - uma espécie de rede social que não deu certo porque exigia que os usuários escrevessem demais, e todo mundo gosta é de figurinha e joguinho.

Bem, dentro da proposta dessa MARATONA STEVEN SEAGAL, resolvi resgatar três resenhas publicadas originalmente no Multiply sobre filmes do ídolo, e essa é a primeira delas. Duvido que alguém tenha lido lá em 2008; mas, se for o seu caso, eu reescrevi quase tudo...

É até uma pena seguir a resenha de um filme legal e divertido, como "Resgate Sem Limites", com uma bomba tipo esse OPERAÇÃO SOL NASCENTE. Infelizmente, o próprio Seagal só fez bombas após a bela parceria com Siu-Tung Ching: foi até uma espécie de vilão em "Clementine/Desafio Final", um filme sul-coreano de 2004, portanto seis anos ANTES de "Machete".


OPERAÇÃO SOL NASCENTE é o primeiro de uma série de filmes terríveis que Seagal fez praticamente um atrás do outro. Quando loquei o DVD, lá em 2008, eu já não via um filme do "ator" desde "Rede de Corrupção" (2001). Tudo que eu esperava era uma diversão masoquista para curtir num domingão de chuva. Uns tiroteios, uns braços quebrados e ação suficiente para não precisar pensar muito.

Enfim, tudo aquilo que se espera de um filme estrelado por Steven Seagal, certo?

Acredite se quiser, mas não foi o que encontrei...


A capinha do DVD de OPERAÇÃO SOL NASCENTE não poderia ser mais chamativa: Seagal, gordão, com seu indestrutível rabo-de-cavalo e vestindo um sobretudo preto arrastando no chão, carrega uma gigantesca metralhadora nas costas (que NÃO aparece no filme) e caminha com uma explosão ao fundo.

O diretor é um videoclipeiro chamado "mink" (assim mesmo, com letra minúscula), o que confirma minhas suspeitas de que videoclipeiros têm tanta merda na cabeça que preferem ser chamados por um único nome porque não têm capacidade para lembrar do seu sobrenome (veja o caso do igualmente péssimo "McG").


A propósito, nada contra os videoclipeiros (afinal, David Fincher era um videoclipeiro), desde que eles entendam que cinema e videoclipe para a MTV são duas mídias BEM diferentes - coisa que alguns deles, como esse tal "mink" (nome de batismo: Christopher Wingfield Morrison), parecem não saber.

OPERAÇÃO SOL NASCENTE se passa no Japão e traz todos aqueles clichês do cinema de ação que você espera num filme de Steven Seagal: o herói luta contra a máfia japonesa (a Yakuza) e, no processo, perde dois parceiros e a namorada. Aí resolve arregaçar as mangas, "entregar o distintivo" e resolver o problema por conta própria.


Sim, o enredo não é propriamente Shakespeare, mas nem era isso que eu esperava. Poxa, eu só queria boas cenas de ação e o Seagal quebrando braços, lembra?

O problema é que as cenas de ação, aqui, não são apenas horríveis: são inexistentes. E isso que o tal "mink" fica usando cortes rápidos e trilha pauleira o tempo todo, talvez para que o espectador não pegue no sono. Mas não funcionou: cochilei três vezes.


Seagal "interpreta" Travis Hunter, um agente da CIA no Japão. No prólogo, ele chacina um pelotão de plantadores de heroína em Mianmar (alguns anos antes do Stallone aparecer por lá e acabar com o PIB do país em "Rambo 4").

Durante a ação, o parceiro de Travis - que não é indestrutivel como o herói - toma um balaço e morre enquanto eles fogem de helicóptero. Aí "mink" nos brinda com aquele clássico take do helicóptero voando em direção ao sol, aqui mostrado através de uma ridícula cena feita em computação gráfica!


Entram os créditos animados ao estilo James Bond e "mink" entrega mais um punhado de cenas aéreas do Japão mescladas com computação gráfica, talvez para lembrar-nos de que é um videoclipeiro brincando de cineasta.

Finalmente, o governador de Tóquio, Takayama (Mac Yasuda), que está querendo aprovar uma lei para deportação de imigrantes ilegais, é assassinado por integrantes da máfia chinesa Tong num atentado armado por um jovem membro da Yakuza, Kuroda (Takao Osawa).

O assassinato não tem qualquer motivação política: é apenas a forma encontrada por Kuroda para desviar as atenções de um grande esquema de distribuição de heroína que ele está armando. Mas vem cá, ô meu chapa: não seria mais simples "desviar a atenção" de outra forma que não fosse matando um importante político e alertando todas as autoridades do país?!?


O FBI entra em ação, e não me pergunte porque os japas não podem resolver o caso sozinhos sem a ajuda do FBI. O agora ex-agente Hunter, por ser grande conhecedor da cultura oriental e viver no Japão, é designado para comandar as investigações, acompanhado de um novo e jovem parceiro, o agente Sean (Matthew Davis, de "Bloodrayne").

O rapaz é uma piada: parece um surfistinha, dispara a própria arma por acidente, não entende bulhufas da cultura japonesa e nem fala japonês (chega a pedir uma cerveja em espanhol num bar de Chinatown!!!). Enfim, é um completo mistério o porquê de ele ter sido escalado para uma missão importante como essa num país que desconhece totalmente.


Hunter, claro, não quer ser babá de ninguém, por isso manda Sean fazer tarefas burocráticas, enquanto passa o filme todo andando de carro, conversando com pessoas e realmente investigando o crime, ao invés de distribuir socos e quebrar braços, como todo mundo espera de um personagem interpretado por Steven Seagal.

Aí acontece o inevitável: acidentalmente, Sean descobre o plano de Kuroda, e por isso é assassinado brutalmente pelos homens do vilão. Depois é a vez de Jewel (Juliette Marquis), informante e "quase namorada" de Hunter, ser morta pela quadrilha, em represália por ter liberado importantes informações para o herói.


Puto dos cornos (embora sua expressão facial não mude em momento algum), Hunter une-se a um amigo japonês e, armados com espadas samurais, partem para enfrentar Kuroda e seus homens.

OPERAÇÃO SOL NASCENTE é inacreditavelmente ruim. Já virou pleonasmo dizer que Seagal está gordo como um porco ("Seagal" e "gordo como um porco" já são praticamente sinônimos), mas é difícil não repetir isso quando o sujeito aparece praticamente deformado de tão largo, usando um ridículo sobretudo preto abotoado até em cima para esconder a pança e a papada.


A primeira cena de ação do ex-astro só acontece aos 25 minutos, depois de intermináveis diálogos e voltinhas de carro pelas ruas de Tóquio. Ele dá uns socos bem fuleiros num bando de marginais e nem quebra braços e pernas, como fazia no passado.

Não pense que vai melhorar: a coreografia das cenas de luta é inexistente, e Seagal é filmado sempre em close; quando é de longe, um dublê assume a pancadaria, como virou tradição em seus filmes recentes. Até mesmo as lutas com espada são ridiculas e mal-filmadas.

E cadê as frases de efeito? Cadê as bobagens para a gente rir involuntariamente? Por que todo mundo está levando a bagaça tão a sério? OPERAÇÃO SOL NASCENTE tem uma única cena divertida que, para poupar o precioso tempo de vocês, vou até postar aqui embaixo, comprovando que Steven Seagal é mortal até mesmo comendo sushi!


Mas é dose vê-lo brincando de ninja, falando japonês e filosofando sobre a cultura oriental como se fosse um grande sábio, passando a maior parte do filme conversando em japonês com TODOS os personagens secundários, enquanto caminha por belas paisagens de Tóquio sem surrar ninguém.

Sério, é tanto blablabla e paisagem japonesa em detrimento da ação que pensei estar vendo um remake de "Encontros e Desencontros" estrelado por Steven Seagal! Como ele é co-autor do roteiro, o resultado é uma verdadeiro "ego trip" do balofo, apresentado como "o cara" o tempo inteiro.


Por isso, se você procura um filme de ação bagaceiro, com roteiro imbecil e muita pancadaria para se divertir num domingão de chuva, como eu fiz, acredite: deixe OPERAÇÃO SOL NASCENTE na prateleira e pegue "Resgate Sem Limites", que entrega tudo o que promete.

Esse aqui não: é um filme de ação que dá sono, um filme de ação onde quase nada acontece. E ainda consegue ser confuso, com uma multidão de personagens inúteis. Mais da metade do filme mostra os japas se matando entre eles (porque os membros mais velhos da Yazuka não concordam com os atos de Kuroda, por isso as duas facções vivem brigando). Como japa é tudo igual, você raramente entende quem está matando e quem está morrendo.


E não dá para engolir as ações patéticas dos personagens. Por exemplo: ao chegar na cena do crime do assassinato do governador, repleta de policiais e agentes japoneses, Seagal olha para uma câmera de segurança que existe no recinto e ordena: "Quero as imagens daquela câmera analisadas AGORA", como se ninguém tivesse pensado nisso antes - e, acredite ou não, NINGUÉM PENSOU!

Nosso amigo "mink" nunca mais filmou nada depois de OPERAÇÃO SOL NASCENTE, o que é totalmente compreensível. Afinal, por que dar trabalho a um cara que desperdiça até atores conhecidos - como a gatinha Chiaki Kuriyama, de "Kill Bill" e "Battle Royale", ou William Atherton, vilão de "Os Caça-Fantasmas" - em inexpressivos papéis secundários?


Aliás, quem vai dar trabalho para um moleque que fica entrando nos fóruns de discussão do próprio filme, no IMDB, para xingar os usuários que falam mal dessa bomba? Muito adulto, "mink", muito adulto mesmo...

E espero que a ruindade dessa obra não afaste ninguém de continuar acompanhando a MARATONA STEVEN SEAGAL, que continua diariamente nos próximos dias, seguindo o cronograma abaixo:
DETERMINADO A MATAR (Out for a Kill, 2003)
RESGATE SEM LIMITES (Belly of the Beast, 2003)
OPERAÇÃO SOL NASCENTE (Into the Sun, 2005)
LADO A LADO COM O INIMIGO (Submerged, 2005)
HOJE VOCÊ MORRE (Today You Die, 2005)
MERCENÁRIO (Mercenary for Justice, 2006)
JUSTIÇA URBANA (Urban Justice, 2007)
O JOGADOR (Pistol Whipped, 2008)

Trailer de OPERAÇÃO SOL NASCENTE



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Operação Sol Nascente (Into the Sun,
2005, EUA)

Direção: mink
Elenco: Steven Seagal, Matthew Davis, Takao
Ohsawa, Eddie George, William Atherton,
Juliette Marquis e Chiaki Kuriyama.



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