ROBO VAMPIRE (1988)
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ROBO VAMPIRE (1988)



Tem algo de podre no reino da Dinamarca quando o cineasta brasileiro José Padilha, conhecido por dois filmes violentos como "Tropa de Elite" 1 e 2, vai para a gringa dirigir o remake de "Robocop" e transforma um dos melhores filmes de ação dos anos 1980 (corrigindo: um dos melhores FILMES dos anos 1980 PONTO!) numa aventura infanto-juvenil quase censura livre. E, para piorar, ainda troca o homem transformado em máquina que era o herói do original por um Jiban pós-moderno.

Esqueçamos, portanto, do "Robocó" do Padilha, que merece o boicote e o esquecimento, e nos concentremos numa outra tentativa de faturar em cima do "Robocop" de Paul Verhoeven. Uma tentativa feita na Ásia, bem longe da Hollywood de Verhoeven e Padilha, com muitos milhões de dólares a menos (ou TODOS os milhões de dólares a menos) e sem um pingo de glamour.


É claro que estou falando do absurdamente hilário ROBO VAMPIRE, um daqueles filmes que redefinem o sentido da palavra "ruim". E que, justamente por isso, é divertidíssimo e inesquecível no mesmo nível de um "Star Wars Turco" ou "As Aventuras de Sergio Mallandro", e continuará sendo comentado e discutido muito tempo depois da refilmagem do Padilha cair no esquecimento.

Produzido às pressas e lançado em 1988 (ou assim diz a lenda) para pegar carona no sucesso da obra de Verhoeven (que é de 1987), ROBO VAMPIRE é mais um daqueles esquizofrênicos "filmes de colagem" realizados por picaretas de Hong-Kong para faturar uma graninha no mercado ocidental de vídeo, que estava bombando naquela época e aceitava todo tipo de produção de fundo de quintal, sem nenhum preconceito.


No começo da década de 80, dois espertalhões chamados Joseph Lai e Tomas Tang descobriram que podiam fazer uma boa grana adquirindo os direitos de velhos e obscuros filmes chineses, taiwaneses, tailandeses, filipinos e sul-coreanos para remontá-los e redublá-los especialmente para o mercado norte-americano.

Aventuras de artes marciais com ninjas estavam na moda no Ocidente graças ao sucesso de "Ninja - A Máquina Assassina". Assim, esses malucos filmavam de 15 a 30 minutos de cenas novas com ninjas e as inseriam nessas obras já prontas, dando origem a "filmes-Frankenstein" que geralmente encontravam o seu público graças a títulos escalafobéticos como "Diamond Ninja Force". E os caras eram tão malandros que chegaram a transformar até velhos dramalhões sobre doença terminal na família em aventuras com ninjas!


Apesar de usarem as mesmas táticas picaretas de produção cinematográfica, Lai e Tang começaram como sócios e depois se tornaram rivais: o primeiro fundou a IFD Films and Arts e produziu aquelas insanas aventuras de ninjas dirigidas pelo Ed Wood asiático, Godfrey Ho (saiba mais lendo as resenhas de "Ninja Thunderbolt" e "Ninja - O Protetor").

Já Tang abriu sua própria empresa, a Filmark International, e estava tão metido em negócios "suspeitos" que até hoje as informações sobre as produções da empresa e sobre o próprio Tang são bastante nebulosas e incompletas! Digamos apenas que a maioria dos filmes produzidos pela Filmark sequer tem registro no Internet Movie DataBase, e alguns deles saíram em vídeo apenas em pequenos países, sendo resgatados e redescobertos somente agora graças aos sites de compartilhamento de filmes.


O próprio ROBO VAMPIRE é um verdadeiro enigma, e isso mais de 25 anos depois de seu lançamento: a direção do negócio, assinada com o pseudônimo "Joe Livingstone", até hoje é atribuída ao pobre Godfrey Ho, que já jurou de pés juntos que nunca trabalhou para a Filmark (até o IMDB caiu na conversa). Acredita-se que quem "dirigiu" ROBO VAMPIRE foi o próprio Tang, pelo menos até segunda ordem.

(Aliás, vale ressaltar que muita gente jura que Ho e Tang são a mesma pessoa, uma lenda urbana que já foi desmentida, mas que ainda gera todo tipo de teorias conspiratórias.)

E enquanto a IFD de Lai e Ho faturava seu ganha-pão com essa malandragem de inserir cenas com ninjas em dramalhões e policiais baratos já prontos, Tang resolveu dar um tempo nos guerreiros mascarados para investir num outro filão de sucesso na época: os filmes sobre "jiangshi", os vampiros chineses.


Completamente diferentes daquela nossa noção clássica de vampiros (à la Drácula de Bela Lugosi ou Christopher Lee), os "jiangshi" se caracterizam principalmente pela forma de locomoção, que é feita aos pulinhos, como coelhos, e com os braços esticados para a frente, como sonâmbulos, coisa que os torna monstros mais risíveis do que propriamente ameaçadores!

Mesmo assim, as criaturas estavam na moda no cinema asiático de então graças à comédia de horror "Mr. Vampire" (1985), dirigida por Ricky Lau e produzida por Sammo Hung, que deu origem a diversas sequências entre 1986-1992 e, claro, várias imitações. Por isso, Tang achou melhor investir nos vampiros saltitantes para se diferenciar da companhia rival e seus ninjas de uniforme colorido. Mas "Robocop" também estava na moda, então...


ROBO VAMPIRE começa com dois soldados ocidentais (calçando All Stars ao invés de botas ou coturnos!) escoltando um prisioneiro oriental pela selva. Sem nenhuma explicação lógica, o trio acaba no meio de um cemitério e resolve abrir os caixões - que, também sem nenhuma explicação lógica, não estão enterrados, mas dispostos tranquilamente por toda parte!

De dentro de um deles pulam apenas cobras (e "pulam" mesmo, atiradas por algum contra-regra no interior do caixão!), mas do outro sai um dos terríveis vampiros saltitantes, que mata os dois soldados - o primeiro é estrangulado de maneira caricatural, e o segundo tem um naco de carne crua arrancado do pescoço com uma dentada, no único momento em que os vampiros do filme agem como os vampiros que conhecemos!


Corta para o título do filme e os créditos iniciais, um festival de nomes em inglês que, na verdade, são pseudônimos (tem até uma "Nian Watts" que deve ser parente distante da Naomi Watts!). Se fizer uma rápida pesquisa no IMDB, você descobre que nenhum desses "nomes em inglês" aparece em outro filme além de ROBO VAMPIRE - ou talvez até apareceram, mas com outro pseudônimo.

O diretor, conforme já vimos, está creditado como "Joe Livingstone", e o roteirista como "William Palmer", mas não duvide se ambos forem o famigerado Tomas Tang, escondido atrás de pseudônimos diferentes para fazer parecer que sua equipe é muito maior do que realmente era!


Quando o filme recomeça ficamos sabendo, através de diálogos expositivos, que um agente da Narcóticos chamado Tom (interpretado por ator ocidental não-identificado) está dando grandes dores de cabeça a uma quadrilha internacional de traficantes de drogas - ele é o "Alex Murphy" da história. Por isso, o chefão resolve que a melhor maneira de se livrar do herói é treinando vampiros para liquidá-lo.

Opa, peraí... Como é que é? Sim, eu sei que parece ridículo lendo assim, e é! Tanto que, nesse momento, dois capangas olham um para o outro com aquela expressão de "Que porra é essa?" (ou "WTF?") que o próprio espectador deve estar manifestando na mesma hora. Mas ninguém questiona as ordens do chefão, claro! O negócio agora é arrumar os vampiros, por mais esdrúxulo que isso soe!


Digamos apenas que nem é uma tarefa tão difícil: os traficantes contratam um Monge Taoísta (Suen Kwok-Ming) para criar e "controlar" os vampiros-coelhinhos, de maneira a usá-los contra seus inimigos. É óbvio que crucifixos e água benta não funcionam contra vampiros orientais, que têm uma mitologia completamente diferente: colar um papel com um encantamento escrito sobre os olhos das criaturas é o suficiente para dominá-las, por exemplo!

Por outro lado, os vampirinhos saltitantes têm várias cartas na manga que os tornam mais letais do que os Dráculas e Nosferatus que conhecemos, tipo as habilidades em artes marciais e o poder de teletransporte (sem virar morcego!), de cuspir gás venenoso (!!!) e de disparar mísseis pelas mãos (sim, é sério!).


Aí as coisas começam a ficar (mais) esquisitas, para não dizer insanas. Primeiro, o tal Monge Taoísta cria uma nova espécie de vampiro, um "Super Vampiro" chamado... Peter (?!?!), que na verdade é apenas um sujeito com uma máscara de gorila! O problema é que o finado Peter que foi trazido de volta à vida pelo vilão era o amado de Christine, uma Bruxa Malvada (?!?!), que está furiosa por ter perdido seu amor pelo resto da eternidade.

Felizmente, o Monge resolve o problema celebrando o "casamento" (?!?!) do seu Super Vampiro Símio com a Bruxa Malvada (que veste uma roupa transparente que revela suas peitolas). Desde que, claro, o casal obedeça às suas ordens. Sei lá, não parece muito justo para mim. E sequer tem a menor lógica. Mas não se esforce muito para entender, a coisa só piora a partir daqui!


E onde entra o "Robocop" ou coisa que o valha nessa história toda? Calma, querido leitor... A coisa só se encaminha para o plágio do filme do Verhoeven lá pelos 25 minutos do primeiro tempo, quando, durante uma batida, o herói Tom (usando um ridículo lencinho vermelho amarrado no pescoço!) e seus homens são obrigados a enfrentar os capangas vampiros pela primeira vez.

Todos os homens são mortos e o próprio Tom é atingido por uma das rajadas explosivas disparadas pelos vampiros. O ator é substituído na hora H por um boneco bastante convincente, como você pode conferir nas imagens abaixo, numa trucagem tão realista que por breves instantes eu temi pela integridade física do ator!


E apesar do boneco ser claramente explodido em pedacinhos, no take seguinte vemos Tom caindo estatelado no chão, com um sanguinho pouco convincente jogado na cara (nem tiveram o trabalho de chamuscar a roupa do cara!)

Levado para o hospital, o nobre herói morre, provavelmente pelas condições indigentes da sala de cirurgia, que mais parece uma garagem ou depósito. Ou talvez por causa dos equipamentos utilizados na operação, como um trombolho com símbolos de "mais" e "menos" piscando que é o máximo de tecnologia que vemos no "laboratório" ("mais" provavelmente significa que o paciente está melhorando, e "menos" significa que está indo para o beleléu, mas também pode ser o contrário!).


É quando um cientista barbudo e anônimo, o Miguel Ferrer de ROBO VAMPIRE, resolve transformar Murphy... Err... Tom em cyborg. Segue-se um diálogo hilário do cientista com seu comandante:

- Já que Tom está morto, pretendo usar seu corpo para criar um robô-andróide, Sr. Glen. Eu gostaria muito que você aprovasse o meu pedido.
- Você tem certeza que será bem-sucedido?
- Aham.
- Certo, seu pedido está aprovado.


(Ah, como seria bom se todas as coisas importantes fossem resolvidas/decididas assim, sem nenhuma burocracia, também na vida real...)


Depois de uma montagem de cenas de "cirurgia" que dura, quando muito, uns 20 segundos, o Robocop... Err... "Robo Warrior" está prontinho e completamente funcional! Mas, visualmente, parece mais um espantalho inspirado no visual do Robocop do que um robô-andróide, cyborg ou coisa que o valha: Tang e sua trupe só tinham dinheiro para colocar um pobre-coitado andando para lá e para cá com uma roupa de nylon pintada de spray prateado, um capacete de plástico com uma velha antena de rádio acoplada e óculos de mergulhador (ou soldador), numa fantasia tão vagabunda que provocaria gargalhadas até num baile de carnaval infantil!


E não basta apenas a roupa ser pobre, os acabamentos também são grosseiros, com remendos e costuras visíveis num traje que deveria ser de metal ou aço. Já o "capacete" é preso à cabeça do ator com uma fivela por baixo do queixo, e não com parafusos direto no crânio, como acontecia com o pobre Murphy em "Robocop"!

Felizmente, os exagerados efeitos sonoros simulam os "sons metálicos" emitidos por um robô, e isso, somado aos movimentos "duros" do ator que interpreta o Robo Warrior, passa pelo menos uma mínima ideia de que aquela espantalho ambulante com roupa de nylon é um ser biônico! Aí o Robo Warrior ganha uma metranca de tamanho descomunal e está pronto para o batismo de fogo e para se vingar dos traficantes e vampiros que provocaram sua morte, certo? Bem... Mais ou menos!

Acontece que Tang tinha que misturar cenas de um filme antigo já pronto para economizar dinheiro, lembra? Ao invés de simplificar e escolher uma produção que tivesse algo a ver com robôs e vampiros, Tang optou por uma velha aventura tailandesa chamada "ผ่าโลกันต์" (sem título ocidental; veja o pôster ao lado), estrelada pelo "Stallone tailandês" Sorapong Chatri - um super-astro praticamente desconhecido no Ocidente, mas que lá por aquelas bandas já apareceu em mais de 500 filmes!!!

Mas como inserir essas cenas antigas na aventura nova? Bem, Tang simplesmente inventou uma trama paralela em que Sophie, uma agente da Narcóticos, é capturada por outra quadrilha de traficantes e levada para o meio da selva, e Ray, o personagem de Sorapong Chatri, é convocado para detonar os vilões e resgatá-la (imagens abaixo). Óbvio que o Robo Warrior seria muito mais eficiente nesta missão, mas não se esqueça de que estamos falando de cenas de filmes diferentes, e por isso seus personagens não podem se cruzar!


A partir de então, ROBO VAMPIRE se divide entre essas cenas da velha aventura tailandesa (que são razoavelmente bem feitas e garantem a cota de tiros e explosões que Tang não tinha dinheiro para filmar por conta própria) e as "cenas novas", que mostram o Robo Warrior enfrentando os vampiros comandados pelos traficantes.

O problema básico disso, além das duas narrativas que correm em paralelo e nunca se "encontram" (algo que já acontecia nas aventuras de ninjas de Lai e Ho), é que não faz o menor sentido colocar um robô indestrutível para enfrentar vampiros que também são indestrutíveis às armas "convencionais" utilizadas pelo herói, ao invés de traficantes e bandidos "humanos"! Isso é tão inútil quanto querer filmar um duelo de armas de fogo entre o Super-Homem e o Incrível Hulk, já que ambos são totalmente imunes aos tiros!


Assim, eu não sei exatamente o que o roteirista tinha na cabeça quando bolou esse enredo insano, mas como o robô não pode ser vampirizado ou sequer arranhado pelas garras e presas dos vampiros, e nem estes podem ser afetados pelos tiros disparados às centenas pelo herói, os esforços de herói e vilões são completamente inúteis!

(Claro que, no final, os tiros do Robo Warrior misteriosamente começam a fazer efeito e destruir os vampiros, algo que o filme nunca se preocupa em justificar, mas que lembra aqueles velhos jogos de videogame em que você tinha que atingir o chefão da fase 10 ou 20 vezes para conseguir destruí-lo!)


ROBO VAMPIRE é uma daquelas atrocidades que só podem ser curtidas e analisadas como comédias involuntárias. Nesse caso, até mesmo as cenas que não são responsabilidade direta de Tang, aquelas reaproveitadas do filme tailandês, têm sua cota de podreira, incluindo um boi verdadeiro sendo cortado para a colocação de pacotes de cocaína no seu interior, e a cândida cena em que o astro Sorapong Chatri espia uma garota tomando banho e solta a pérola: "Que bela visão! Você devia se banhar com mais frequência!". (Detalhe: ele pega a moça com esse papinho, então talvez valha a pena tentar na vida real.)

Num dos momentos mais engraçados dessas cenas reaproveitadas, uma garota se atira pela janela de uma cabana e, no take seguinte, é substituída por um dublê homem mais do que perceptível, até porque usa uma inexplicável peruca cinza (a atriz que o dublê deveria estar substituindo é loira)!!!


E se não bastasse o Robocop de quinta categoria provocar risadas toda vez que aparece, graças à pobreza do figurino e aos exagerados efeitos sonoros "robóticos", Tang nunca consegue aproveitar seu herói de forma convincente, já que ele não consegue lutar debaixo daquela roupa tosca e nem tem muito a fazer disparando tiros contra vampiros que são imunes a eles!

Felizmente, na cena final, o Robo Warrior subitamente se lembra que sua metranca também funciona como lança-chamas (hein?), e usa o fogo para destruir o Super Vampiro Símio Peter - que, por limitações orçamentárias, neste momento é substituído por uma simples camisa (sem ninguém dentro, nem mesmo um boneco!) em chamas, e presa por um fio que também acaba pegando fogo e ficando visível, levando o espectador às lágrimas de tanto rir (em algo que lembra o impagável duelo final da aventura turca "Death Warrior").


Tudo considerado, ROBO VAMPIRE não faz sentido algum, e é aí que reside grande parte da sua graça. No seu esdrúxulo micro-cosmo, traficantes podem contratar um monge para ressuscitar vampiros que são usados como capangas, enquanto um agente morto pode ser transformado em robô indestrutível em questão de segundos - e o fato de terem esperado que o herói morresse para criar o "Robo Warrior", ao invés de reaproveitar outro dos diversos agentes assassinados até então, é uma simples formalidade nunca justificada.

ROBO VAMPIRE é, principalmente, uma aventura imbecil, em que herói e vilões são praticamente indestrutíveis e podem ficar brigando eternamente sem que o conflito tenha fim - a não ser quando o diretor decide que está na hora de terminar o filme. Obviamente, não há nenhum espaço para abordar a "desumanização" do herói, como Verhoeven fez, e nem mesmo a ironia do confronto "ciência x sobrenatural" entre robôs e vampiros. O que importa, aqui, é empilhar as cenas de pancadaria, tiroteios e explosões que o público das videolocadoras esperava ao ver a capinha da fita, mesmo que o resultado seja completamente nonsense, como você pode conferir no vídeo abaixo:

Robo Warrior vs. Vampiros




Por sinal, algumas cenas de ação são até passáveis (muito mais que as lutas entre ninjas da produtora concorrente), principalmente quando os vampiros demonstram suas habilidades em artes marciais naquele velho esquema "atores pendurados por fios". Outras são simplesmente psicodélicas, como o confronto entre o Robo Warrior e Christine, a Bruxa Malvada - não é todo dia que você vê um Robocop genérico tomando porrada de uma bruxa voadora!

Já as cenas de tiros e explosões filmadas por Tang (não as do filme tailandês reaproveitado por ele) são bem precárias, com armas visivelmente falsas (parecem até de brinquedo!) e tiros de festim pouco convincentes, além do já citado uso de bonecos toscos entre takes. Lá pelas tantas, quando o Robo Warrior é atingido por tiro de bazuca, novamente o ator é substituído pelo que parece um espantalho envolto em papel laminado (abaixo)! Eu já vi produções semi-amadoras, filmadas na garagem da casa do cara, com efeitos e trucagens melhores do que essas de ROBO VAMPIRE!


Embora seja inacreditavelmente ruim (não tenha nenhuma dúvida sobre isso), ROBO VAMPIRE ainda consegue se manter um degrau acima de outras "colagens" feitas pela IDF e pela Filmark, principalmente pelo inusitado da sua mistura de temas e gêneros. Lembre-se que o que temos aqui é uma aventura de ficção científica e horror que joga no mesmo balaio um cyborg, traficantes de drogas, vampiros, um Super Vampiro com cara de gorila, uma Bruxa apaixonada por ele e ainda soldados "humanos" enfrentando traficantes na selva (nas cenas reaproveitadas do filme tailandês), e até dois alívios cômicos, interpretados por Sun Chien e Donald Kong To. Esperar um mínimo de coerência ou mesmo de sentido desse avacalhado coquetel de situações seria esperar demais, e tudo que o espectador pode fazer é sentar no sofá, desligar o cérebro e praticamente sentir seus neurônios sendo destruídos por Tang e sua obra.


Infelizmente, ROBO VAMPIRE não conquistou a mesma popularidade que outras tosquices do gênero, como o já citado "Star Wars Turco", e é uma pérola obscura mais conhecida de nome - principalmente graças ao seu impagável pôster, que traz a figura do Robocop "oficial" sem nenhum medo de processo! - do que propriamente vista ou analisada (e isso que chegou a sair em VHS no Brasil, pela saudosa Poderosa Filmes).

Tang até tentou reaproveitar seu Robo Warrior em um outro filme, o ainda mais inacreditável "Counter Destroyer" (1989), mas ali o robô faz apenas uma participação especial (o diretor deve ter encontrado a fantasia numa caixa na sua garagem e resolveu usar de novo).


É uma pena, porque o personagem tinha potencial. Afinal, depois de enfrentar traficantes de drogas e vampiros na sua aventura de estreia, o céu é o limite quando pensamos em futuras aventuras. Em "Robo Vampire 2", o herói poderia lutar contra terroristas iranianos que na verdade são lobisomens à procura da cidade perdida de Atlântida povoada por marcianos.

Ou tudo isso trocado. No fim, não faz nenhuma diferença mesmo...

PS: Como eu disse nos parágrafos iniciais, a vida de Tomas Tang é um completo mistério, bem como seu paradeiro. Nos anos 1990, saiu a notícia de que o produtor havia morrido no incêndio do prédio da sua produtora, mas há quem argumente que Tang estava atolado em problemas legais até o pescoço e simplesmente simulou a própria morte, a exemplo do que fez recentemente o brasileiro Sady Baby. Enfim, sua biografia é tão cheia de lacunas que certos pesquisadores defendem que nunca existiu um "Tomas Tang" de verdade: este seria o nome usado por diferentes cineastas para assinar produções vagabundas da qual não tinham nenhum orgulho, tipo um "Alan Smithee" asiático. Confesso que já nem sei mais em qual versão acreditar, mas a obscura trajetória do misterioso Tomas Tang certamente renderia um belo livro, ou pelo menos um documentário tão doido quanto os filmes que ele produzia!


Veja ROBO VAMPIRE na íntegra!



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Robo Vampire (1988, Hong-Kong)
Direção: Tomas Tang (provavelmente)
Elenco: Um monte de desconhecidos escondidos por trás
de pseudônimos em inglês, o que torna sua identificação
muito difícil mais de 25 anos depois!



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